Por um 1° de maio classista sem os inimigos dos trabalhadores
Bolsonaro e os governadores são responsáveis pelo genocídio em curso no Brasil. Passamos de 400 mil mortes no país e a pandemia avança a cada dia. Enquanto isso, Bolsonaro e os governadores comandam reaberturas irresponsáveis, tentando normalizar as mais de 3500 mortes diárias. Combinado a isso, a vacinação segue muito lenta, com menos de 7% da população já tendo tomado as duas doses.
Combinado ao descontrole total da pandemia, uma verdadeira pandemia social está em curso. O desemprego avança e hoje mais da metade da população economicamente ativa do país está na informalidade ou desempregada. O novo auxílio emergencial (R$150 a R$375) é uma miséria que obviamente não mata a fome de ninguém, enquanto a extrema pobreza avança. No final de 2020, tínhamos 38,8% da mão de obra na informalidade e de acordo com o IBGE, no início de 2021, tínhamos 14,2% da população desempregada Ou seja, somando desempregados e informais, temos mais da metade da mão de obra do país nessa situação.
Em meio a essa situação grave, a necessidade da classe trabalhadora era a de construir um forte ato unitário de 1º de maio, com o conjunto das centrais apontando a construção de uma jornada nacional de lutas por vacina, emprego, auxílio e renda. Porém, a política da cúpula das centrais sindicais está na contramão dessa necessidade.
Cúpula da CUT, CTB e Força Sindical promovem ato de 1° de maio ao lado de inimigos da classe trabalhadora
Em matéria publicada dia 22 de abril, no site da Força Sindical, vemos o caráter que as maiores centrais estão dando ao 1º de maio:“O ato tem previsão de três horas de duração com falas dos dirigentes sindicais das nove centrais. Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Rodrigo Maia, Ciro Gomes, governador João Dória (SP), governador Flávio Dino (MA), Marina Silva, Guilherme Boulos, Manuela D Ávila, entre outros, parlamentares e lideranças partidárias e de movimentos sociais, além de entidades sindicais internacionais e representantes de diferentes religiões, também participarão do 1º de Maio organizado pelas centrais sindicais.”(fsindical.org.br)
Em nossa visão é um completo absurdo convocar inimigos declarados dos direitos dos trabalhadores como Doria, Lira, Maia, Pacheco,FHC para um ato que relembra a luta histórica e atual da classe trabalhadora. Um ato com políticos abertamente de direita, que expressa o projeto de conciliação de classes dessas centrais sindicais. Doria ataca por todos os lados a classe trabalhadora de São Paulo, Lira e Pacheco foram candidatos apoiados por Bolsonaro para a presidência da Câmara de do Senado. Maia chefiou o Congresso Nacional na aprovação da Reforma da Previdência e Trabalhista, que retiraram direitos que a classe trabalhadora lutou décadas para conquistar. Todos eles são aliados de Bolsonaro e Guedes na aplicação dos ataques contra os direitos dos trabalhadores. Essas mesmas figuras e partidos estão na defesa das privatizações das estatais e aprovaram um requerimento de urgência para acelerar a votação do PL 591/2021 que trata da privatização dos serviços postais e abre um caminho muito grande para a venda dos correios.
É nefasto que os dirigentes da CUT, CTB e Força se prestem ao papel de dar palanque pra figuras da direita e também que Lula, Manuela e Flávio Dino queiram reeditar seu projeto de conciliação de classes dividindo palanque com os algozes da classe trabalhadora mais uma vez. Concretizam assim sua política de “frente amplíssima”, com políticos completamente alinhados ao programa da burguesia do país. Exigimos que a CUT, CTB e demais Centrais rompam com os patrões e construam um primeiro de maio pelas pautas concretas da classe trabalhadora enfrentando a Covid-19, a fome, o arrocho e desemprego. Infelizmente dirigentes do campo majoritário do PSOL, como Guilherme Boulos, também vão participar desse ato.
Essa política está gerando atritos até mesmo na cúpula da CUT. Doze membros da Executiva Nacional da CUT lançaram questionando esse ato. Em sua nota eles afirmam corretamente que “Não podemos aceitar a presença de inimigos de classe… dos políticos que votam medidas de ataques aos nossos direitos, empregos e salários, no palanque da maior data de luta da classe trabalhadora mundial.” Ao lado das críticas é preciso colocar alguma alternativa e agir. Exigimos que esses 12 membros da executiva da CUT, os sindicatos, federações, confederações que eles influenciam não só rechacem esse palanque em comum com os políticos da burguesia, mas sim construam ações alternativas. E fundamental que passem das palavras aos atos.
Fortalecer o 1º de maio classista e as ações presenciais nos estados
Houve uma importante dissidência, da qual fomos parte, nesse 1º de maio. A CSP-Conlutas e a Intersindical – Instrumento da Classe trabalhadora, corretamente se negaram a relembrar uma data de tanta importância para a nossa classe dividindo o palanque com os nossos inimigos. Romperam com o ato da maioria das centrais e farão um ato classista, de trabalhadores para trabalhadores, sem os políticos da burguesia. Desse ato participaremos e chamamos todos os trabalhadores a assistirem. Convocamos também os dirigentes e ativistas de base da CUT e CTB que não concordam com o ato ao lado dos políticos da direita a construírem com a conosco esse importante ato classista.
Além do ato virtual nacional, serão construídas carreatas em diversos estados. Para essas ações haverá uma unidade pontual das centrais sindicais em diversas localidades, desde que não haja a presença de políticos patronais como no caso do ato nacional das maiores centrais.
Unificar o primeiro de maio classista
Diante da importância desse ato alternativo seria importante que todos os sindicatos e grupos que não querem um 1° de maio junto aos representantes dos patrões se unificassem numa única atividade. Nesse sentido a política apresentada pelo Fórum por direitos e liberdade democráticas, pela direção do ANDES e as companheiras(os) da direção da corrente Resistência/PSOL de construir um outro ato virtual no 1 de maio divide a atividade da CSP Conlutas com a Intersindical, no momento em que deveríamos unificar forças em um único ato que combatesse a conciliação de classes das centrais majoritárias. Apelamos aos que os camaradas das direções da Resistência/PSOL e do ANDES-SN reflitam e mudem de posição unificando o primeiro de maio classista.
Há sindicatos, como o SEPE, que por unanimidade aprovou nota criticando o 1° de maio da maioria das centrais e poderia ajudar nessa necessária unificação. Uma única manifestação de todos e todas que rechaçassem o palanque com os patrões e os ataques do governo Bolsonaro e dos governadores da direita.
Por uma jornada nacional de lutas
O primeiro de maio deveria ser o primeiro passo para a retoma das ações nacionalizadas, rumo a uma jornada nacional de luta em maio e junho. Devemos retomar o caminho das ações coordenadas como foram as carreatas do início do ano ou mesmo ações como o dia 24/03, fortalecendo movimentos como a greve das fábricas metalúrgicas do Vale do Paraíba. Exigimos da CUT e CTB a construção de uma jornada nacional de luta através de assembleias democráticas, plenárias municipais, e reuniões nos locais de trabalho. Propomos aos 12 dirigentes da CUT a construção de ações concretas. Uma dessas ações é lutarmos juntos para que a cúpula das centrais convoque uma jornada nacional de lutas pelas reivindicações da classe trabalhadora por vacina, auxílio e salário, contra as privatizações, em defesa dos serviços públicos e cerquem de solidariedade a greve das operárias das montadoras da LG.