EDITORIAL | Só a luta muda a vida! | Combate Socialista nº 126
Enquanto fechamos esta edição, o Brasil lidera o triste recorde de mortes pela Covid-19. A tragédia ultrapassou a casa dos 3.000 falecimentos diários. De acordo com pesquisadores da USP e da Fiocruz, já se superou os 410 mil mortos há várias semanas, comprovando que os dados oficiais são subnotificados. Ao mesmo tempo, a pandemia social cresce. Segundo a CUFA, 68% dos moradores de favelas não têm dinheiro pra comprar comida. Há um forte arrocho salarial e alta no preço dos alimentos.
Crise no governo Bolsonaro
A pandemia, combinada à crise social, levou a uma forte crise política no governo Bolsonaro. Assistimos a queda do terceiro Ministro da Saúde e, em seguida, mais seis ministros caíram, foram substituídos ou remanejados de uma pasta para outra, em meio à crise com a cúpula militar. Aumentou o descontentamento popular contra a extrema direita. Também surgem críticas da direita, a exemplo do grupo ligado aos ex-Ministros da Fazenda de Fernando Henrique e Michel Temer. Nesse contexto, Bolsonaro teve de ceder perante às pressões dos deputados do chamado Centrão, ficando o governo mais fraco e amarrado às chantagens desses deputados.
O vírus e a fome não esperam
O governo genocida de Bolsonaro e do vice, General Mourão, só agrava a pandemia da Covid-19 e a pandemia social. Os governadores da direita, como Dória/PSDB, Zema/Novo ou Helder/MDB, e os prefeitos, como Paes/DEM e Melo/MDB, não resolvem os problemas com suas medidas limitadas. Ou seja: sem lutar, a situação vai piorar. Teremos que nos organizar e lutar para conseguir nossas demandas.
Não podemos fazer como a cúpula de CUT, UNE e MST, ligadas ao PT e ao PCdoB, que não apostam na luta unificada para enfrentar Bolsonaro. Pretendem seguir o desgaste parlamentar do governo Bolsonaro, enquanto preparam uma frente ampla eleitoral para as longínquas eleições de 2022. Enquanto isso, lançam vários calendários de mobilização sem hierarquizá-los, dispersando as energias da oposição.
Exigir de CUT, UNE e MTST uma jornada nacional unificada
O que se faz necessário é coordenar as lutas moleculares que ocorrem em algumas categorias, em um único movimento da classe trabalhadora e dos setores populares. Exemplo dessas lutas parciais são os rodoviários de SP e Uberlandia/MG; os trabalhadores dos Hospitais Federais e merendeiras do Rio; as carreatas dos professores de SP; as ações feministas; e os movimentos simbólicos nas capitais, no último dia 24/03. Exigimos de CUT, UNE, MTST, Lula, PT e PCdoB um protesto unitário por vacinação geral já; por lockdown com auxílio emergencial e licença remunerada, para evitar o colapso dos hospitais; por reposição das perdas salariais; por redução da jornada sem redução dos salários; contra as privatizações e a retirada de direitos; contra os discursos e propostas autoritárias de Bolsonaro e em defesa da liberdade de manifestação; contra os laboratórios e a indústria farmacêutica, pela quebra de patentes para produção das vacinas; contra os banqueiros e os milionários, com o não pagamento da dívida externa e interna e a taxação das grandes fortunas, destinando recursos para conter o vírus e a fome.