Justiça por todas nós! Fora Fernando Cury!
A Deputada estadual do PSOL em São Paulo, Isa Penna foi assediada sexualmente, em plena Assembléia Legislativa, pelo também deputado Fernando Cury/Cidadania. Pelas filmagens das câmeras da ALESP é possível ver quando Fernando apalpa o seio de Isa, quando ela o empurra. O presidente da ALESP Cauê Macris (PSDB) chegou a negar o pedido de transmissão do vídeo do momento do assédio, alegando que ia contra o regimento da casa.
Essa não foi a primeira vez que as deputadas do PSOL denunciaram episódios de assédio na ALESP. Em um podcast para o Estadão em 2019, Isa já comentava sobre os assédios verbais constantes que sofria no exercício do mandato.
Somente depois o caso foi parar nas redes sociais é que o silêncio foi quebrado. A presidente do Conselho de ética e decoro parlamentar da ALESP finalmente se pronunciou e, diante da repercussão, o Cidadania anunciou o afastamento de Fernando e também instaurou processo na Comissão de ética do Partido.
Mas isso apenas não basta! Nos somamos a reivindicação do PSOL e de milhares de mulheres: exigimos a Cassação do Mandato de Cury. Qualquer medida abaixo disso será mais um sinal verde para os assediadores num país onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos.
É assustador que no lugar de um repúdio unânime ao ocorrido, tenhamos assistido o silêncio da maioria da ALESP no momento do ocorrido e pelo menos 15 Deputados prestando solidariedade ao agressor.
Justiça para a Deputada Isa Penna! Nenhuma confiança nos deputados da ALESP.
Se o conselho de ética considerar Fernando Culpado poderá lhe aplicar diversas sanções indo desde simples advertência à Cassação do mandato. Para que esta última ocorra é preciso de aprovação da maioria dos deputados em plenário, o mesmo plenário que presenciou em silêncio o momento do assédio.
Não podemos confiar na decisão do Conselho e ética e da ALESP por dois motivos: primeiro porque a casa é marcada pelo fisiologismo e voto de acordo com a conveniência do momento tal como assistimos em diversos ataques votados contra o povo tais como o pacote de ajuste fiscal de Dória aprovado no meio do ano.
Em segundo lugar, porque a impunidade nos casos de assédio tem sido uma marca constante nos espaços institucionais de poder. Há apenas algumas semanas atrás fomos às ruas exigir justiça para Mariana Ferrer, após o juiz, Rudson Marcos, inocentar André de Camargo Aranha, em uma audiência chocante, com diversos momentos de agressões verbais e humilhações contra a vítima. Na semana passada, o juiz Rodrigo de Azevedo Costa declarou durante uma audiência da Vara de Família que não está “nem aí para a Lei Maria da Penha” e que “ninguém agride ninguém de graça”. Em janeiro deste ano, outro deputado estadual, dessa vez em Santa Catarina atacou o movimento feminista: Jessé Lopes /PSL declarou em plenário que a campanha “não é não” tirava o “direito da mulher de ser assediada” e “criminalizava os homens”. A apologia à violência machista por parte de membros do judiciário e legislativo ou do próprio Presidente Jair Bolsonaro – misógino de carteirinha – é constante e nada será feito por parte de seus amigos e aliados por livre e espontânea vontade.
Por isso concordamos com a deputada Isa Penna que , em entrevista a CNN declarou que “nossa realidade só vai mudar com a nossa luta!” Exatamente por isso não podemos deixar nas mãos do Conselho de Ética da ALESP o destino de Cury. É necessário exigir nas ruas que ele tenha seu mandato cassado e encerre sua carreira política, para que a sociedade assimile que a violência contra mulher (seja assédios, violência sexual, agressão física, feminicídios, etc) não será aceita.
Além disso devemos levantar com ainda mais força o combate ao machismo e sexismo nas escolas, tanto no estado de São Paulo, quanto em todo território nacional, para que dessa forma haja combate real ao machismo.