O racismo mata e isso tem que acabar! Justiça para João Alberto!
Na semana da “Consciência Negra”, um triste e revoltante episódio marcou a noite do dia 19 (última quinta-feira). Mais uma vez, o racismo expôs toda a sua crueldade e fez mais uma vítima. Um homem chamado João Alberto Silveira de Freitas, de 40 anos, foi brutalmente espancado até a morte pelos seguranças da loja do Carrefour, localizada na zona norte da capital gaúcha, no bairro de Passo D’Areia.
Esse crime se soma a tantos outros, cometidos diariamente pelos instrumentos de repressão, seja do poder público ou da iniciativa privada. O Carrefour já carrega em seu histórico outros casos de racismo. Em nota, o Carrefour fala da “forma inadequada” como se “tratou Joao Alberto”. Nós afirmamos que os empresários, gerentes e seguranças dessa empresa capitalista cometeram um crime racista e devem ser punidos. Com a referida nota, os donos do Carrefour mostram como para os capitalistas as vidas negras NÃO importam. Não podemos aceitar que corpos negros continuem sendo tratados sempre como corpos criminosos que podem ser abatidos, precisamos combater nas ruas a naturalização dessas mortes.
O governo é racista!
Lamentavelmente, à frente do país temos um presidente declaradamente racista, que escolheu uma pessoa que nega a existência do racismo para assumir a Fundação Palmares. A extrema direita bolsonarista que está no governo respalda esse tipo de atitude como as que ocorrem no Carrefour. As declarações de Bolsonaro e do vice-presidente Mourão, de que “não existe racismo no Brasil”, de que seríamos “todos da mesma cor” e de que esse seria um conflito “importado”, servem à manutenção do mito da “democracia racial”, que tem ajudado a encobrir toda a violência racista do Estado brasileiro ao longo da história. A luta contra o racismo está diretamente conectada com a luta contra o governo Bolsonaro e seus pares. Durante a pandemia, ficou muito evidente que o número de mortes por COVID-19 é majoritariamente de negros e negras, o que é parte do racismo estrutural.
O caminho é protestar nas ruas!
Hoje, na capital gaúcha, aconteceu um ato em frente à loja do Carrefour onde ocorreu essa crueldade. Já aconteceram alguns protestos em São Paulo e no Rio e se discute realizar manifestações de rua em diversas capitais do país, em repúdio ao assassinato de João Alberto. É fundamental nacionalizar essas ações contra a terrível estatística de que a cada 23 minutos um negro é assassinado no país, conectando-as com as demais lutas em curso, como o dia 25 do movimento feminista. Ou ainda, com as plenárias dos servidores contra a reforma administrativa e em defesa dos órgãos estatais.
O levante antirracista e antifascista que ocupou as ruas este ano, nos EUA, deve nos servir de exemplo para retomar movimentos antirracistas como o que ocorreu em várias cidades do Brasil, em maio deste ano, em unidade com as torcidas antifascistas. Precisamos unificar nossa luta contra os ataques do governo Bolsonaro, governadores e prefeitos, contra os empresários racistas e todos que nos atacam e nos matam, seja por meio das políticas genocidas de segurança, que permitem desdobramentos no setor de segurança privada, ou pela ausência de políticas públicas de combate à pandemia e à fome.