Os trabalhadores e a juventude estão sem alternativa no segundo turno do Rio de Janeiro

O segundo turno das eleições municipais do Rio apresenta um cenário complexo para os trabalhadores cariocas.

Crivella, o prefeito mais rejeitado da história da cidade, responsável pela grave crise econômica que vivemos e que, diferente de seu slogan, não “cuidou das pessoas”, é negligente com a saúde da população em meio à pandemia da covid-19, que infectou 130.635 pessoas e matou 12.923 em nosso município. Além disso, atrasou o pagamento dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizados, congela o salário dos servidores há dois anos, suspendeu os investimentos em saneamento, gerando muitas mortes por enchentes, e protege a máfia dos transportes, deixando o transporte coletivo em péssimas condições.

Durante a gestão de Crivella, as escolas municipais pioraram ainda mais suas condições. Com a redução de verbas para manutenção, deixou as salas de aulas, cozinhas e banheiros destruídos, com grande prejuízo para estudantes, professores, merendeiras e todos os demais trabalhadores.

A retomada das atividades presenciais em plena pandemia, imposta por Crivella, contraria a indicação dos órgãos de saúde e coloca em risco a vida de estudantes, de profissionais, de seus familiares e de todo o povo trabalhador do município, devido ao aumento gigantesco de circulação de pessoas que envolve tal retomada.

Crivella contratou os “guardiões”, pessoas financiadas com dinheiro público para impedir a imprensa e a população de criticarem as péssimas condições dos hospitais e o débil tratamento dos pacientes que iam em busca de atendimento para a covid-19. Assim, o prefeito procurava se blindar de críticas à sua desastrosa gestão.

O povo trabalhador do Rio de Janeiro não merece mais uma gestão de Crivella na Prefeitura.

Apesar de não desejarmos nem mais um dia da gestão de Crivella, também não votamos em Eduardo Paes. Sabemos que muitos trabalhadores desejam votar em Paes para derrotar Crivella neste segundo turno, mas não concordamos com esse voto.

Eduardo Paes, figura histórica da burguesia do estado, antigo aliado de Sérgio Cabral e envolvido nos esquemas de corrupção das empreiteiras que sugaram o dinheiro público em megaeventos e obras faraônicas. Tal projeto enriqueceu os empresários e políticos corruptos e não deixou legado positivo para o povo trabalhador, inclusive promovendo a remoção de milhares de famílias para a construção das obras superfaturadas da Copa e das Olimpíadas, como foi o caso da Vila Autódromo. O governo Paes também ampliou o endividamento da cidade perante o sistema financeiro.

Paes se enfrentou com os garis e com os educadores e educadoras, que fizeram greves históricas contra seus governos. O partido de Eduardo Paes (DEM), que lidera o congresso nacional, pretende aplicar uma reforma administrativa que vai destruir os serviços públicos, extinguir os concursos e aumentar as parcerias público privadas, ampliando a corrupção nos esquemas entre a Prefeitura e as terceirizadas.

Por isso, não podemos depositar nosso voto nesse político patronal. Quanto mais votos tenha Eduardo Paes, mais ele vai buscar usar esse resultado a serviço de tentar fortalecer um eventual governo conservador do DEM. O próximo ano será de mais crise social e ajuste fiscal. Por isso, nossa tarefa é preparar uma forte oposição nas ruas contra o governo que sairá deste segundo turno. As centrais sindicais e movimentos sociais devem se preparar para isso. A CUT, a CTB, sindicatos como o SEPE, a CSP-CONLUTAS, movimentos estudantis e populares devem realizar uma plenária municipal para organizar um calendário de lutas na cidade. Entendemos que o forte voto no PSOL para o parlamento pode ser canalizado para a luta social. O PSOL carioca elegeu uma expressiva bancada de 7 vereadores e tem diversas lideranças que podem colocar seu capital político a serviço dessa forte oposição nas ruas, nas passeatas, greves e ocupações.

Não temos nenhuma confiança em Eduardo Paes. Por isso, no segundo turno das eleições propomos aos ativistas que nos acompanham a aumentar o percentual de voto em branco, nulo e abstenção, para que o vencedor do segundo turno saia com menos força e não seja aprovado pela ampla maioria do eleitorado do Rio de Janeiro.

21/11

Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – Tendência do PSOL

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