Combate Correios: Fortalecer a greve contra a retirada de direitos e a privatização

A greve dos trabalhadores dos correios segue forte em todo país. A brutalidade que significa retirar 70 cláusulas do acordo coletivo e o seu impacto nos rendimentos dos trabalhadores explica a potencialidade da greve. Há anos a categoria não tem ganhos reais e os benefícios como vale refeição/alimentação, percentual de férias maior, plano de saúde e auxílios importantes como creche-babá e filhos especiais tem sido uma base importante de sobrevivência econômica e alimentar. Agora com essa proposta da direção dos correios e do governo Bolsonaro nem essa base teremos mais. Um verdadeiro absurdo para uma categoria considerada serviço essencial, que não parou na pandemia e viu mais de 120 companheiros falecerem por Covid-19. Essa é a bonificação dada pelo governo aos trabalhadores.

Esse ataque ao ACT é parte da política de avançar na privatização dos correios que a cada dia o governo tenta acelerar, Inclusive acabou de contratar a Accenture como uma das consultorias para estudar o modelo de privatização da empresa. A Accenture já foi denunciada por fraude nos Estados Unidos e no Brasil foi investigada por contratos sem licitação com o próprio correios.

O governo tenta convencer a população, através de fake news, que é melhor para o país vender a estatal. O que ele não fala é que a venda ocasionará serviços mais caros e ineficientes e a redução do alcance da empresa em todos os municípios do país,é o que já ocorre hoje com as entregas feitas pela iniciativa privada que se concentram apenas nos locais mais lucrativos. Que a privatização vai gerar desemprego em massa e acabar com o papel social dos correios, assim como ocorreu no setor elétrico e telefônico após as privatizações.

STF confirma o seu papel de cúmplice do governo

A justiça mais uma vez fica ao lado da empresa e do governo ao revogar a vigência do acordo coletivo fortalecendo a direção dos correios na sua política de ataques. Essa decisão demonstra que não podemos confiar no judiciário que há anos ferra a categoria. Os juízes do STF, com suas mordomias e privilégios, estão contra o povo trabalhador e ajudam corruptos como Queiroz e mafiosos como Flavio Bolsonaro. Por isso a orientação dado pelo SINTECT-RJ e FINDECT-RJ de aguardar o julgamento foi totalmente errada porque ajudou a confundir a cabeça do trabalhador e criou uma falsa esperança no STF, terreno do inimigo, onde todos os ministros votaram a favor da empresa. Os pelegos da cúpula da CTB são organizadores de derrotas. Seguir a estratégia imobilista dos pelegos nos levará a perder o acordo coletivo.

As direções sindicais não podem ser empecilho na luta contra o governo

A disposição da base está na contramão da política das direções que a todo momento tentaram frear a greve.  A FINDECT (CTB) orientava aguardar o julgamento e não era a sua proposta fazer a greve, decisão que foi tomada apenas no dia da assembleia que aprovou o movimento paredista. Isso explica porque na primeira semana de greve praticamente não realizou piquetes e depois da pressão de atos ocorridos em outros estados realizou uma carreata no Rio de Janeiro e São Paulo, mas muito aquém da potencialidade do movimento. A própria forma de assembleias virtuais não contribui para o envolvimento maior da categoria. Essa postura vacilante ajuda Bolsonaro e Floriano nos ataques e pode enfraquecer a greve no momento em que precisamos fortalecê-la.

As conclusões que temos que tirar para lutar melhor são:

  1. a)       Devemos confiar unicamente em nossas próprias forças, na unidade da classe trabalhadora, através do fortalecimento da greve.  Nosso time só pode virar o jogo e brigar pra tentar vencer através dos piquetes, passeatas e da unificação com outras categorias. É a força da nossa mobilização que pode garantir os nossos direitos.
  2. b)      Devemos definir bem quem são nossos inimigos: o governo Bolsonaro, o congresso nacional, a justiça burguesa corrupta. Para vencer precisamos derrota-los e para isso é importante ampliar a greve e unificar com petroleiros, bancários, servidores, professoras, o movimento de mulheres e a juventude.
  3. c)       A base da categoria precisa superar os dirigentes pelegos dos maiores sindicatos que estão bloqueando a luta. Os pelegos são determinantes para desarmar a categoria, semear ilusões na justiça, desorganizar os piquetes e dividir as categorias. A estratégia imobilista e conciliatória deles precisa ser derrota para greve poder triunfar.

A greve segue forte em todo país

Agora o STF definiu a validade do ACT por apenas um ano. Mas a luta não acabou. A batalha segue porque não está definido como vai ser o ACT para o ano que vem. A empresa já começou a retirar direitos através do desconto do ticket. E nós começamos a greve para defender o ACT por dois anos e para barrar os ataques atuais. Temos que fortalecer a greve para evitar que  o governo Bolsonaro e o general Floriano consigam impor o fim de todos os nossos direitos. O jogo ainda esta sendo jogado e devemos nos preparar mais. Felizmente a greve segue forte em todo país com 70 % de adesão dos trabalhadores. Uma grande participação considerando que estamos em meio uma pandemia e que as direções dos sindicatos via de regra vacilam. Isso demonstra uma boa disposição dos trabalhadores diante de uma campanha salarial bastante difícil. Além da adesão significativa, os piquetes e atos de rua como os realizados em BH, DF, ES confirmam essa disposição. Devemos intensificar os piquetes para convecer os colegas que ainda não aderiram ao movimento e buscar que os trabalhadores em home oficce também desliguem os computadores. Isso vai ser fundamental para buscar barrar a retirada de direitos e a privatização. Defendemos que todas as assembleias sejam presenciais, pois foi assim na ampla maioria dos estados.

Pelo fortalecimento da greve e ampliação dos piquetes e atos.

A nossa proposta é que as assembleias em todo país votem a manutenção da greve. Por outro lado a direção da FINDECT deve no Rio de Janeiro e São Paulo mudar de postura e construir a greve no dia a dia através de atos, piquetes e assembleias permanentes e presenciais adotando todos os cuidados de seguranças, além de cumprir efetivamente com que está apontado no seu último informativo.“ Sem uma greve total não haverá negociação”.

A direção do sindicato deve estar nos locais de trabalho construindo a greve, garantindo uma efetiva unidade da categoria nessa luta. A CTB, central a qual os maiores sindicatos são filiados, deveria fazer uma forte campanha junto a outras categorias como a CEDAE, os metalúrgicos, os comerciários, unificando a classe trabalhadora contra a privatização e a retirada de direitos. A direção da FENTECT (CUT) colocou no seu comunicado à imprensa “A FENTECT inicia um grande levante popular, que se somará a mobilização de demais categorias em luta, a partir de segunda feira paralisando por completo um serviço essencial à população”. Estamos de acordo e precisamos passar das palavras aos atos: a CUT deveria organizar esse levante, em todo pais, garantindo unidade da Contraf e da FUP e dos metalúrgicos do ABC, unificando bancários, petroleiros, ecetistas e metalúrgicos.

As centrais sindicais que assinaram a nota de apoio à greve devem articular a unificação das categorias em campanha salarial e construir uma greve unificada urgentemente para impor uma derrota a esse governo entreguista e ladrão de direitos. Cercar de solidariedade essa difícil greve é o papel de todos os setores sindicais e dos movimentos sociais, parlamentares e partidos da oposição. É o que esta fazendo nossa central, a CSP-CONLUTAS, que agrupa o sindicalismo combativo. O que está em jogo é A sobrevivência alimentar de quase 100 mil trabalhadores e a manutenção dos correios como uma empresa estatal. A batalha da greve dos correios é hoje a batalha de toda a classe trabalhadora.

 

22/08, Combate Correios – Corrente Sindical da CSP-CONLUTAS

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