COLÔMBIA | Nos mobilizemos para enfrentar o pacotaço econômico de Duque e aprofundar a luta do pano vermelho contra a fome
Declaração do Coletivos Unidos da Colômbia, simpatizantes da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI). 29 de Abril de 2020. Traduzido por: Lucas Schlabendorff
1º de Maio – Dia Internacional das trabalhadoras e dos trabalhadores
A pandemia que atinge o mundo, agravando a brutal crise econômica capitalista, manifesta a falência desse sistema explorador e reflete a política criminal dos seus governos e regimes políticos que preferem expor milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao contágio e à morte, ao invés de paralisar seus negócios. Definitivamente o capitalismo, seus regimes e seus governos são incapazes de satisfazer as necessidades elementais da humanidade e nos conduzem à barbárie.
Aproveitando-se dessa situação dramática, de maneira sinistra o Governo de Iván Duque declarou o Estado de Emergência e amparado nele impôs 72 decretos que constituem uma verdadeira contrarreforma econômica, trabalhista e previdenciária a todos os setores sociais, ao mesmo tempo que favorecem ao setor financeiro e às grandes empresas. Reformas que o povo vinha rechaçando combativamente nas ruas desde o 21N do ano passado.
Hoje que milhões de famílias colombianas necessitam de subsídios para poder se manter dignamente em quarentena preservando sua saúde e a vida, o governo nacional torra milionárias somas de dinheiro na festa da contratação e da corrupção; ou desperdiçando com a compra de caminhões blindados e tanques para o Esmad por um valor superior aos 23 bilhões de pesos. Essa é a realidade do que acontece no país. O povo se contagia, sofre os rigores da doença e até corre risco de morrer de fome durante o confinamento, sem que as miseráveis ajudas cheguem aos milhões de trabalhadores informais, trabalhadores independentes e os desempregados que as necessitam com urgência.
Em questões trabalhistas, o governo, por meio do Ministério do Trabalho, “se faz de surdo” para as queixas que milhares de trabalhadores expressam diariamente sobre fechamento de empresas, violação de contratos coletivos, diminuição e não pagamento de salários, condições de risco de contágio ou demissões em massa que põem no horizonte para os próximos meses um verdadeiro massacre dos trabalhadores.
Além disso, o genocídio de lideranças está aumentando rapidamente em meio à pandemia, demonstrando que o poder político e econômico não reconhece a quarentena para continuar derramando o sangue de valiosos combatentes populares. Na última semana, mais de 10 líderes sociais foram mortos e isso tem que parar. Não pode ser que, perante este desastre governamental, se acrescente a quarentena inteligente, que não é mais do que expor milhões de pessoas à propagação do coronavírus.
O assassinato de líderes sociais, a grave situação de contágio e morte sofrida por pessoas privadas de liberdade em prisões superlotadas e insalubres, a fome sofrida por milhões de colombianos, agregada à política criminal de flexibilizar a quarentena expondo milhões de trabalhadores e trabalhadoras, nos levam a concluir que o governo de Duque, Uribe, o Centro Democrático e os empresários impuseram na prática a pena de morte em todo o país, principalmente contra os mais pobres e vulneráveis. Razão que nos leva a ratificar a exigência de avançar com um julgamento de responsabilidades e punição severa ao governo nacional.
Também é necessário denunciar o silêncio cúmplice e o papel desmobilizador da alta burocracia sindical que controla as três centrais sindicais e o Comando Nacional de Paralisação. Eles nunca deram continuidade a vontade das bases que exigiam que a luta nas ruas continuasse e que as condições fossem preparadas para uma paralisação geral da produção por tempo indeterminado que pudesse enfrentar e derrotar com sucesso os planos macabros do governo Duque-Uribe.
Por tudo isso, o Colectivos Unidos exige que o governo nacional não pague a dívida externa para que, com esses recursos, atenda à população vulnerável, com subsídios reais que satisfaçam a cesta familiar. Que a quarentena seja mantida sem fome, demissões, suspensões ou reduções de salário. Diante do capricho dos bancos em não facilitar a linha de crédito, defendemos a nacionalização dos bancos, para que esses empréstimos sejam concedidos às milhões de microempresas do país. Para evitar a mortalidade que se aproxima com a “quarentena inteligente”, a Lei 100 deve ser revogada e as EPSs (Entidade Promotora de Saúde) devem ser nacionalizadas para ter um sistema de saúde rápido e eficiente a serviço das pessoas potencialmente expostas ao contágio, entre outras medidas.
Conclamamos o Comando Nacional de Paralisação e as organizações que compõem o Bloco pela Paralisação Nacional Indefinida a se colocarem na linha de frente da situação, pedindo apoio a todas as expressões de luta que vêm se desenvolvendo no país e, em particular, para este Primeiro de Maio, cumprindo todos os requisitos de proteção, acompanhar as várias formas de luta e mobilização que as comunidades e os trabalhadores desenvolverão. Especialmente para dar apoio incondicional aos direitos dos profissionais e funcionários do Sistema Nacional de Saúde, que são a primeira linha na batalha contra a pandemia.
Ficou claro para a classe trabalhadora colombiana que se o governo os obriga a ir trabalhar, os trabalhadores também têm todo o direito de se mobilizar e protestar neste primeiro de maio contra o governo e seu pacote econômico. Façamos deste Dia Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras um dia de denúncia, de combate ao sistema capitalista, de rejeição do governo Iván Duque e de solidariedade internacionalista com os trabalhadores e povos do mundo que lutam por sua emancipação, especialmente com o povo e os trabalhadores venezuelanos que hoje precisam enfrentar simultaneamente o governo anti-operário de Maduro e a brutal ingerência imperialista.
Que a crise seja paga pelos capitalistas exploradores, não pelos trabalhadores!!!