PERU | Rejeitamos a “suspensão perfeita” para demitir trabalhadores

UNIOS Peru, seção peruana da Unidade Internacional de Trabalhadores – Quarta Internacional. Traduzido por: Pablo Andrada

VIZCARRA E A CONFIEP DESCARREGAM A CRISE SOBRE OS TRABALHADORES

Quando a quarentena começou, avisamos que o presidente do Peru Martín Vizcarra aproveitaria a emergência para fazer que a crise seja paga apenas pelos trabalhadores e não pelos capitalistas da CONFIEP (Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas), aqueles que durante anos foram enriquecidos por esse crescimento econômico que o povo nunca viu. No entanto, percebemos como o governo anuncia planos milionários com recursos do país que teriam servido para fortalecer a saúde ou a educação e que hoje, em meio à emergência, os usa para salvar grandes empresas, enquanto os setores populares sofrem uma quarentena de fome!

Depois de aprovar 30 bilhões para grandes empresas e subsidiar 35% de suas folhas de pagamento, Vizcarra aprova a suspensão perfeita do trabalho para que os capitalistas possam demitir os trabalhadores por três meses, caso não aceitarem o adiantamento das férias sem remuneração ou uma significativa redução salarial. Tudo é projetado contra os trabalhadores, que sobreviverão com suas economias (CTS – Compensações por Tempo de Serviço e AFP – Administradoras de Fundos de Pensões), enquanto a grande maioria que não tem poupanças receberá uma subvenção miserável de 760 Soles (novo sol), menos que um Salário Vital Mínimo (RMV). Na prática, o governo tem legalizado aquilo que as empresas já estavam realizando: fazer que os trabalhadores paguem pela crise.

Mas a realidade exige olhar para além da economia de mercado e passar para um tipo diferente de economia, a planificada, que organize a produção, a distribuição da riqueza e garanta emprego com direitos para todos. Assim como a luta contra a covid-19 é feita por todos e depende de todos, o novo modelo econômico deve ser construído pela ação consciente também de todos. Sem essa condição democrática qualquer plano governamental – como o Reativa Peru – visará preservar a riqueza e o lucro dos capitalistas e perpetuar a miséria dos trabalhadores e os povos.

Acreditamos que uma medida de emergência imprescindível para os milhões de trabalhadores e suas famílias que, devido à quarentena obrigatória, estão vendo como se agrava sua situação de vulnerabilidade, passa pela criação de um fundo nacional de emergência, baseado no estabelecimento de impostos sobre as grandes fortunas capitalistas, para distribuí-lo como salário básico de emergência pelo tempo que for preciso. Nesse contexto, rejeitamos a suspensão perfeita do trabalho do Governo e da CONFIEP e exigimos a proibição de demissões e suspensões.

Somente com um governo dos trabalhadores conseguiremos fortalecer a saúde pública e acabar com o negócio da saúde e da educação privada, recuperar nossas aposentadorias hoje sequestradas pela AFPs e construir uma sociedade justa, com uma economia a serviço dos trabalhadores, comunidades e todos os povos do nosso Peru.

  1. Por uma quarentena sem fome!
  2. Fundo de emergência já! e impostos a milionários e grandes empresários
  3. Abaixo o acordo do governo e a CONFIEP!
  4. Pela proibição de demissões e suspensões!
  5. Que a crise seja paga pelos capitalistas, não pelos trabalhadores!

LIMA, 14 DE ABRIL DE 2020.

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