Em memória dos que lutavam pela terra
Vereador Babá – PSOL/RJ
Há 24 anos atrás eu sabia da noticia do massacre em Eldorado dos Carajás.
No dia seguinte eu estava no Instituto Médico Legal de Marabá. Reconhecia os corpos daqueles companheiros, que eu conhecia pessoalmente.
Nosso mandato no Pará acompanhou todo o início do MST eu conhecia todas as lideranças.
O massacre em eldorado teve inicio em outro lugar.
A primeira área que eles ocuparam foi na Serra de Carajás, depois saíram de lá e ocuparam uma fazenda abandonada em Parauapebas, o Fazenda Palmares.
Alí começaram os conflitos com o Pelotão da PM de Parauapebas. O nosso mandato deu todo apoio para aqueles companheiros.
Como a área da Fazenda foi insuficiente para todas as famílias, elas foram caminhando até Curionópolis onde ocuparam outra área, e novos conflitos contra o Pelotão de Parauapebas.
Para conseguir a legalização daquela área, eles decidiram sair em caminhada com destino a Belém, para ir até o Palácio do Governo para exigir a legalização da área que ocuparam em Curionópolis.
Nesse momento, o covarde do então governador (Almir Gabriel) enviou um Pelotão da PM de Belém, para impedir que chegassem a capital.
Quando chegaram na Curva do S em Eldorado dos Carajás, foram cercados pelo Pelotão de Parauapebas que vinha por trás da Marcha comandada pelo Coronel Pantoja.
A Chacina foi realizada pelo Pelotão de Parauapebas que estava caçando as liderança que eles conheciam dos confrontos que começaram em Parauapebas.
Lembro da dor que sentia enquanto passava por cima daqueles corpos. Fui reconhecendo cada companheiro, os que eram os líderes do movimento e que eram desconhecidos pelo Pelotão que veio de Belém.
Por isso afirmo que a chacina foi realizada pelo Pelotão de Parauapebas que era quem conhecia as lideranças.
Foi um dos dias mais tristes da minha vida.
Luto até hoje para manter viva a memória desses companheiros e as bandeiras que eles defendiam.