Entrevista | “Nossa luta é para que o povo trabalhador não pague a conta”

Entrevista do Contrapoder

Contrapoder O seu mandato entrou com um pedido para que a COMLURB realize medidas de segurança aos trabalhadores garis. Qual a importância dessas medidas e como os trabalhadores podem exigir seus direitos?

Babá: Assim como o pessoal da saúde, os garis estão na linha de frente na preservação de doenças e avanço do Covid-19. Exatamente por isso, estão mais expostos a contrair o vírus.

No Rio são mais de 15 mil garis que trabalham em condições muito precárias e muitas vezes sem o Equipamento de Proteção Individual.

No início da pandemia recebemos denúncias de que não havia nem sabão nos locais de trabalho.

Notificamos a COMLURB exigindo que garantisse todos EPI´s, além de sabão em álcool em gel. Além disso, pedimos a liberação imediata de todo trabalhador com garantia de salário, que estivesse em situação de mais risco à doença: idosos a partir dos 60, portadores de doenças crônicas etc.

O mais importante foi também que apresentamos uma exigência de liberação de todos que não estivessem desempenhando trabalho essencial. Havia gari que estava sendo obrigado a varrer rua pequena ou roçar canteiro em meio a pandemia, uma loucura!

As lideranças da oposição ao sindicato, também estavam dando essa batalha na base reunindo e votando que não deveriam trabalhar aquilo que não fosse urgente.

Nossa atuação parlamentar, conectada com o ativismo na base da categoria, está arrancando uma importante vitória: Hoje, enquanto eu respondia a essas perguntas, fui informado de que a comlurb recuou e começou a liberar todo o setor que não estava em atividade essencial.

Mas ainda não acabou. Querem mandar garis para limpar os hospitais sem treinamento específico. Estamos batalhando contra isso.

Esperamos que com essas medidas os Garis e outros trabalhadores da COMLURB e seus familiares, não sejam vítimas do Covid-19, como infelizmente vem acontecendo com os profissionais da saúde na Espanha, onde 12% são vítimas do Covi-19.

Contrapoder O governo Bolsonaro até o momento não toma medida efetiva para conter o avanço do Coronavírus e Paulo Guedes diz que irá combater a crise com reformas, qual a saída para o aprofundamento da crise econômica e social neste momento?

Babá: Infelizmente em um país governado pelo menino de recado de Trump, que diz que o Coronavírus é apenas uma gripezinha e que entregou aos banqueiros, apenas no ano de 2019, o valor de R$ 1,038 Trilhão (38,27%) do orçamento em juros e amortização da Dívida e somente 4,21%para a Saúde e ínfimos 0,23% para Ciência e Tecnologia (tão necessários para o desenvolvimento de novos remédios e novas tecnologia para combater o Covid-19) e a ínfima quantia de apenas 0,02% para Saneamento Básico, o que provoca tantas doenças em nossa população. Uma pessoa tão deplorável como essa merece tantos panelaços quanto forem necessários, e muitas lutas necessárias para derrubar esse governo com a força das ruas.

Nossa luta é para que o povo trabalhador não pague a conta pelos custos da pandemia e da crise econômica mundial.

Todo nosso programa é radicalmente diferente. Que os grandes empresários, os banqueiros e os patrões do mundo paguem por essa crise.

O mais importante agora é garantir todos os recursos necessários para enfrentar a pandemia e para isso, tem que suspender o pagamento da dívida pública. Com esse dinheiro poderemos comprar equipamentos, contratar pessoal e garantir uma renda básica para todos os desempregados. Além disso, é preciso preservar os empregos e os direitos. Controlar os preços da cesta básica, dos itens de saúde e higiene e colocar todo sistema privado sob o controle público sem indenização e gerido pelos próprios trabalhadores.

Essas medidas são um passo decisivo para impedir milhares de mortes e preservar a vida digna nos próximos meses. Portanto, é a batalha mais importante que a classe trabalhadora deve dar.

Contrapoder Quais as propostas do mandato em meio a crise e os decretos do governo Witzel e Crivela?

Babá: No Rio, Crivella e Witzel decretaram emergência, porém não propuseram suspender o pagamento da dívida pública. É impossível garantir a quarentena se as pessoas vão passar fome em casa ou nos locais de trabalho essenciais não têm nem álcool em gel,

Só na capital, Crivella tinha previsto pagar mais de R$1,7 bilhão a título da dívida pública. Grandes credores dessa dívida municipal são bancos que emprestaram dinheiro para construção das obras das olimpíadas e da Copa do Mundo.

A bancada votou um programa emergencial. Infelizmente é pouco provável que a Câmara Municipal ao menos vote esse projeto. Justamente porque são medidas anticapitalistas como criação de um fundo especial de combate a pandemia com o dinheiro da suspensão imediata da dívida pública; criação de renda mínima no valor de um salário mínimo para todos os desempregados; Proibição de demissão e redução de direitos; proibição de toda atividade que não seja essencial no momento da pandemia.

Vamos batalhar por esse programa. Seguindo o exemplo dos companheiros garis que conseguiram a redução de escalas, ou mesmo das cozinheiras das escolas que conseguiram o direito de paralisar.

Nesses conflitos está o nosso espaço para lutar pelo nosso programa e para colocar para Fora Bolsonaro.

Contrapoder 26 de Março de 2020 https://m.facebook.com/permalink.php?story_fbid=3105530772804792&id=2502440036447205%3Fsfnsn%3Dwiwspmo&extid=FLF8VmVsp2yC8ORk

 

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