EAD não é solução para educação!
por Juventude Vamos à Luta
Queremos dinheiro para financiar a pesquisa científica e não para o bolso dos banqueiros!
Na quarta-feira 18 de março, o Ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, anunciou que as instituições federais de ensino poderiam aderir à modalidade de ensino à distância(EAD) durante a suspensão das aulas por conta da pandemia do novo coronavírus. A verdade é que o governo Bolsonaro quer aproveitar a crise do coronavírus para aprofundar seu projeto de precarização da educação pública.
A modalidade EAD vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, com destaque na rede privada de educação. Ao contrário do que falam o ministro Weintraub e a grande mídia, esse crescimento não tem nada que ver com uma suposta modernização do sistema de ensino. O modelo EAD é, na realidade, um sistema mais barato, que aumenta o lucro dos grandes empresários da educação, e mais precário, prejudicando a formação dos estudantes. Vários especialistas da área dizem que existem diversos aspectos da aprendizagem que só podem ser transmitidos na sala de aula.
Bolsonaro e Weintraub não estão nem um pouco preocupados com a situação das universidades ou com a pesquisa no Brasil. A prova disso é que no orçamento aprovado para 2020, enviado pelo governo e aprovado pelo congresso, a educação sofreu um corte de quase 20 bilhões de reais. E, no mesmo dia em que anunciava a liberação do EAD, Weintraub e o diretor criacionista da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) Benedito Guimarães, realizaram um profundo corte de bolsas de pesquisa. Os cortes chegam a 50% das bolsas em cursos nota 3, 45% em cursos 4. Em novas turmas de pós-graduação, o corte pode chegar a 100% das bolsas. Uma medida totalmente absurda, ainda mais em meio à necessidade urgente de se aprofundar as pesquisas sobre a COVID-19
Mais dados em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/03/19/capes-altera-criterios-de-bolsas-de-pesquisas-entidades-temem-cortes.htm
O governo quer utilizar a crise a fim de impor o seu projeto de educação. Quer mostrar a “viabilidade” do ensino EAD, que está diretamente relacionado ao seu objetivo de privatizar as universidades, com o programa “Future-se”, o qual será discutido no congresso nacional. Querem entregar as universidades ao sistema financeiro e, para gerar lucro, nada melhor do que um ensino precarizado e barato como ensino a distância. Bolsonaro, com seu projeto de extrema-direita, deseja calar qualquer forma de pensamento crítico e livre. O obscurantismo ultra-reacionário é inimigo da ciência de qualidade, assim como da auto-organização do movimento estudantil universitário, que vem tirando o sono do ex-capitão.
Além de tudo isso, a portaria do MEC não leva em conta a situação socioeconômica dos estudantes. Muitos de nós não tem computadores em casa ou acesso a internet estável e de qualidade. Os estudantes pobres teriam seu direito de estudar automaticamente negado.
Por isso, somos totalmente contra que as universidades sigam funcionando à distância. Se for necessário, que se suspenda o semestre. A impossibilidade de ter aulas presenciais não pode significar aulas precarizadas ou o avanço à privatização do ensino.
O momento é de fato grave e exige o mínimo possível de aglomeração mas também é fundamental ampliar ao máximo o investimento na saúde, pesquisa e nas áreas sociais. Está claro que, em sua atual condição, o sistema único de saúde sofrerá um colapso, fruto do sucateamento e corte de verbas sucessivos nos últimos anos. A dinâmica aponta que devem faltar leitos de tratamento intensivo e insumos básicos. A ciência brasileira, formada por valorosos pesquisadores, também encontra dificuldades, pelo estrangulamento do financiamento. Assim, estamos atrás na corrida por medicamentos e vacinas, por exemplo.
Para salvar vidas do povo brasileiro, tem que ter dinheiro pra saúde e para pesquisa. Nesse sentido, exigimos a imediata suspensão do pagamento da dívida pública, que consome cerca de 3 bilhões de reais por dia, direto para o bolso dos banqueiros. Que esse dinheiro seja convertido em medidas efetivas de combate à pandemia. Dizemos não à lógica privada na saúde, pois coloca o lucro acima da vida. Por isso é necessário revogar imediatamente a gestão privada da EBSERH em todos os hospitais universitários do país assim como colocar a rede privada de saúde sob controle do SUS.
Sabemos que o presidente Jair Bolsonaro não está interessado em salvar nossas vidas. Sua postura segue sendo de negligenciar a gravidade do CoronaVírus, ao contrário de toda a comunidade científica a nível mundial. Ele está mais preocupado em salvar os grandes empresários e os bancos, destinando dinheiro para eles e de presente propondo que cortem os salários dos trabalhadores em 50%. Para impor um programa emergencial para a crise, que parta da suspensão da dívida pública para ter dinheiro para pesquisa, saúde e assistência social, é necessário continuar os panelaços e apoiando a luta dos trabalhadores que seguem tendo seu direito de isolamento social negado. Como fizeram os operários da Cherry em Jacareí, que em uma forte greve reverteram as demissões da patronal e conquistaram o direito a ficar em casa.
Esse exemplo deveria ser impulsionado pelas centrais sindicais como a CUT e a CTB, apoiado pela UNE e UBES, chamando uma greve geral para pôr para Fora Bolsonaro, Mourão e seus ministros e combater efetivamente o coronavírus. A UNE deveria convocar imediatamente um CONEG virtual para armar o movimento estudantil no enfrentamento às medidas do governo e para votar um plano emergencial para as universidades, que combata a precarização. Assim como deveria orientar os DCEs que convoquem Conselhos de Entidades de base online, com os CAs e DAs. O surto nos impede de tomar as ruas nesse momento, mas não nos impede de seguir lutando nas redes, nos panelaços e nas greves dos trabalhadores.