Bolívia | Por uma alternativa de luta do povo trabalhador

por ARPT Fuerza Nº 55, jornal de ARPT, seção boliviana da UIT-QI tradução Pablo Andrada

Em 3 de fevereiro passado, poucos dias após o fechamento das candidaturas e do anúncio da Janine Añez para a disputa da presidência, acabou por fraturar em três frentes principais e várias menores, os autoproclamados candidatos “democráticos”: Carlos Mesa, Luis Camacho e Añez encabeçariam essas três chapas. Jorge “Tuto” Quiroga, Doria Medina, Camacho e Waldo Albarracín criticam Añez, alegando que “ela não deveria ser candidata”, visto que é a atual presidenta.

Na verdade, ela é criticada porque tira votos deles. Camacho, que tinha o apoio da maior parte da oligarquia agroindustrial, percebe agora que a patronal está começando a dar dinheiro para a chapa formada por Janine Añez – Rubén Costas. A candidatura de Añez responde diretamente ao Partido Democrata, que viu a oportunidade de manter o poder.

E Mesa, ex-vice-presidente do neoliberal Gonzalo Sánchez de Losada (Goni), percebe que seus aliados vão embora, como acontece com Luis Revilla e Adrián Oliva, para ficar debaixo da asa de Añez, que aquece melhor seus interesses.

O que propõem eles para o país?

Diante de tanta disputa, porém, não há uma única palavra acerca dos projetos de país. Toda fala se reduz a “democracia” e “contra a corrupção”. Mas a corrupção não é só altos funcionários que roubam, senão que seu principal aspecto é a entrega de nossos recursos às transnacionais e o agronegócio, que fez o MAS, partido do Evo Morales, e que todos os outros partidos pretendem continuar em seu próprio benefício, em troca do MAS. É dinheiro que surge das propinas generosas dos grandes empresários.

O que eles farão com as transnacionais e o que farão com a Amazônia e Chiquitania? E com a mineração e os territórios protegidos, e a educação, a saúde, a terceirização do trabalho e os salários? Eles vão desvalorizar a paridade cambial? Ninguém fala disso, porque eles sabem que seus projetos, ditados pelo grande capital, seriam impopulares e perderiam votos. Todos eles são agentes das transnacionais e do agronegócio, de modo que seus projetos socioeconômicos coincidem na preparação de um duro ajuste antipopular, do qual jogarão a culpa no governo do MAS, com o argumento de que “não existe outra opção devido ao desastre deixado pelo MAS”.

Enquanto isso, o MAS, com a indicação realizada pelo Evo Morales, escolheu Arce Catacora, que é precisamente o ex-ministro da Economia que vem do neoliberalismo, que já participou na gestão Goni, quando Mesa era vice-presidente. Foi quem fez o acordo com as transnacionais e o agronegócio no governo do MAS. Ele mesmo agora também começa a argumentar que a economia está se deteriorando devido à direita que hoje governa, preparando assim a justificativa para seu próprio ajuste antipopular em caso de vitória.

Qual democracia defendem?

Milhares de jovens que lutaram pela “democracia” agora veem que há um circo totalmente antidemocrático distribuído entre 10 partidos, nenhum dos quais corresponde a interesses populares, enquanto o governo Añez utiliza os recursos do Estado para fortalecer sua própria opção de direita. As organizações de base não podem participar nem expressar suas demandas, sem a permissão e condição de se submeter a algum desses partidos.

A lei acerca dos partidos permanece como estava, por isso nenhum candidato independente pode participar, nem mesmo representando uma importante organização indígena ou dos trabalhadores.

Enquanto isso, esses partidos, frentes e candidatos, preparam um duro ajuste econômico contra o povo trabalhador. De fato, embora ocultem suas verdadeiras intenções, nesses poucos meses que governaram, já mostraram que continuam com a política agrária que foi acertada entre o governo Evo Morales e os agroindustriais, que levaram ao desastre em Chiquitanía (8 milhões de hectares de florestas entregues ao agronegócio em Beni), decretaram a livre exportação em favor do agronegócio e está provocando o colapso dos hospitais públicos.

Por uma agenda do povo trabalhador!

Do Partido dos Trabalhadores e também do ARPT, do qual fazemos parte, acreditamos que é preciso defender, junto com outras organizações de esquerda e do povo, uma agenda dos trabalhadores.

É preciso denunciar que nenhum dos candidatos nos representa, nem defenderá medidas como saúde pública gratuita com fundos suficientes de pelo menos 15% do orçamento nacional, educação pública gratuita e de qualidade, não incluir a terceirização da mão de obra na legislação trabalhista, pela assistência estatal da economia camponesa com obras de irrigação e apoio técnico para produzir alimentos, expropriação e verdadeira nacionalização dos hidrocarbonetos, mineração e lítio, pela defesa de nossas florestas e áreas protegidas, junto a outros pontos básicos necessários para uma verdadeira mudança social na Bolívia. Essa agenda hoje precisa ser nossa bandeira de luta contra o governo da direita na perspectiva da luta por um governo das organizações do povo trabalhador, através de Assembleias Populares com representantes escolhidos pela base e com mandato revogável.

– CONSTRUIR O PARTIDO DOS TRABALHADORES
– RECUPERAR NOSSAS ORGANIZAÇÕES PARA AS BASES
– POR UM GOVERNO DOS TRABAJADORES DO CAMPO E DA CIDADE DESDE SUAS ORGANIZAÇÕES DE BASE, ELEITOS EM ASSEMBLEIAS POPULARES
– MUITOS CANDIDATOS, MAS NINGUEM REPRESENTA O POVO TRABALHADOR

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