CHILE | Precisamos de uma alternativa de direção para coordenar as assembleias autônomas!
Opção anticapitalista (nº 72, ano 8). Jornal do MST, seção chilena da UIT-QI
Desde que ganhamos as ruas em 18 de outubro, as mobilizações vêm aumentando e se espalhando por todos os cantos do país. Milhões se pronunciam contra as AFPs, por aumento salarial, por educação e saúde pública.
Um grito vigoroso pela desprivatização da água e de todos os recursos naturais é ouvido em todos os cantos. O Chile está revolucionado, cada um acordou emergindo à superfície com suas demandas particulares difíceis de enumerar e descrever neste pequeno texto. Cada um deles que, somados, atesta a firme vontade de um povo que quer acabar com o reinado dos grandes capitalistas que se tornaram super-ricos às custas dos trabalhadores. Contra isso, as ruas se levantam e é a essência do confronto. O governo sabe disso e se opõe à rua com o mesmo de sempre, migalhas, promessas vãs e uma repressão com dezenas de mortos e centenas de mulheres feridas, torturadas e estupradas. Piñera acrescentou ao seu currículo como defensor dos grandes empresários o de ser também um assassino que tirou a vida de dezenas que saíram a reivindicar uma vida melhor. Ele levou as forças armadas para a rua e reforçou os contingentes da polícia, especialistas em violar os direitos humanos. Piñera agora pode competir com Pinochet nas fileiras de repressores.
Algo começa a mudar
Estamos mobilizados há 17 dias sem ceder porque queremos derrubar Piñera, essa é a demanda que dá unidade às multidões que se expressam nas ruas, apesar de alguns quererem desviar o foco propondo falsas assembleias constituintes ou acusações constitucionais aproveitando que até agora não há uma direção clara do movimento. Mas, precisamente, para dar continuidade e direção ao imenso movimento, é que começaram a emergir dos bairros as assembleias autônomas que se coordenam e que são a verdadeira expressão de uma organização que cresce para dar continuidade à luta. Em seu desenvolvimento e coordenação em nível nacional, está a oportunidade da heroica luta de hoje ser liderada por autênticos representantes que, eleitos democraticamente, tornam a luta contra Piñera ainda maior e mais decisiva, afastando-se de todos aqueles que, erroneamente como o MUS, querem cooptar o movimento para negociar com o regime.