Porto Rico: Solidariedade com a mobilização popular. Fora Governador Roselló!
Nos últimos dias, vazaram pelo Telegram conversas do governador Ricardo Roselló e de vários funcionários do governo, cheias de comentários machistas e homofóbicos, que desencadearam uma massiva mobilização popular nas ruas de San Juan, a capital porto-riquenha.
Milhares tomaram as ruas da capital porto-riquenha a caminho do Capitólio, o centro político do país, exigindo a renúncia do governador Ricardo Roselló. Cresce o repúdio a figura de Roselló pelos casos de corrupção em seu governo, somado ao escândalo dos bate-papos do Telegram.
Porto Rico, um estado “associado” com os EUA
Porto Rico é um dos dois Estados Livres Associados aos Estados Unidos, com status de autogoverno, que é explorado pelo imperialismo ianque. A ilha tem uma população de mais de 3 milhões de pessoas, mas como resultado da crise econômica e do desastre deixado pelo furacão Maria, segue decrescendo com um processo de emigração constante.
Os porto-riquenhos são cidadãos americanos desde 1917, mas não têm os mesmos direitos. O poder para exercer sua soberania depende exclusivamente do Congresso dos EUA. Ao longo dos anos, esse processo resultou na formação de diferentes expressões independentistas. Luta que deixou mártires, como o líder Filiberto Ojeda Ríos, que foi morto em 2005 pelo FBI em uma operação escandalosa, que chegou a ser televisionada, o que gerou um repúdio popular. O independentista Oscar López Rivera, depois de passar 36 anos injustamente detido pelo imperialismo, foi libertado em 2017, depois de grandes campanhas internacionais exigindo sua liberdade.
Crise econômica e catástrofe
Depois do furacão Maria, em 2017, a ilha ficou semi destruída. Milhares de famílias perderam tudo, mais de 4 mil mortos, milhares e milhares de refugiados, um cenário devastador. Essa catástrofe, aliada a uma forte recessão, que vem ocorrendo há mais de uma década, afunda ainda mais Porto Rico na crise. Trump freou a ajuda econômica para catástrofes, já insuficiente, zombando das vítimas do furacão, em uma disputa entre o governo de Roselló e a Casa Branca.
Na ilha, mais de 40% da população vive na pobreza, os salários são baixos e o custo de vida cada vez mais alto. A dívida externa do país é de 70 bilhões de dólares. Dívida que se deixou de pagar em 2015 para depois o imperialismo ianque intervir, a partir do seu congresso, para declarar falência na ilha e criar uma junta de supervisão fiscal para administrar a economia interna. Este Conselho é o que tem pressionado o governo de Roselló a aplicar um plano de ajuste que começa com a redução das aposentadorias aos funcionários públicos para sustentar o pagamento da dívida.
Milhares nas ruas
Casos de corrupção abundam entre os funcionários de Roselló, até mesmo algumas semanas atrás dois funcionários foram presos por apropriação indébita de fundos públicos. Fato que gerou indignação entre cidadãs e cidadãos porto-riquenhos.
Na semana passada, um novo escândalo foi desencadeado pelo governo, quando conversas foram publicadas na plataforma Telegram entre Ricardo Roselló e vários de seus funcionários. Bate-papos que resultaram em denúncias de ameaças de morte, discriminação, machismo e homofobia.
Esses escândalos, a crise econômica e a ilha semidestruída, aumentaram a indignação dos porto-riquenhos, desencadeando grandes mobilizações nos últimos dias, na ilha e em outras cidades americanas, onde há mais moradores que emigraram da ilha. Até mesmo celebridades porto-riquenhas se mobilizaram, como os cantores Ricky Martin, René Pérez (Calle 13), o cantor de rap Bad Bunny e o ator Benicio del Toro, que lideraram as manifestações. Manifestações que ecoaram com o rapper Daddy Yankee, em Miami, na entrega dos prêmios jovens da Univisión, e com outros artistas nas redes sociais, como Luis Fonsi e Wisin.
Mais de 10 mil pessoas se mobilizaram na noite de quinta-feira, 18 de julho, liderada pelos artistas Ricky Martin e René Pérez, em direção a La Fortaleza, onde funciona o poder executivo, em San Juan, a capital porto-riquenha. A polícia de Roselló atacou os manifestantes com uma forte repressão com gás lacrimogêneo, onde foram muitos feridos e detidos.
Nós da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores- Quarta Internacional (UIT-CI), nos solidarizamos e chamamos a solidariedade internacional com a mobilização popular porto-riquenha e denunciamos a repressão ordenada pelo governo. Pela renúncia de Ricardo Roselló e contra a Junta pró-imperialista que quer mais ajuste sobre o povo porto-riquenho. Pelo não pagamento da dívida externa, e que esse dinheiro seja destinado a reativar a economia da ilha, por um plano de obras para gerar trabalho e para a reconstrução das cidades mais afetadas pelo furacão.
Fora Roselló. Fora a Junta e fora Trump e o imperialismo yanqui.
Pela independência de Puerto Rico.
UIT-CI 19/07/2019