Venezuela: “A falta de gasolina é decorrente do desastre em que se encontram as refinarias, além das sanções do imperialismo”

 

Por Oswaldo Pacheco (Imprensa da Corrente Classista Unitária Revolucionária e Autônoma – CCura)

Barcelona, 22 de maio de 2019.

Segundo José Bodas, secretário geral da Federação Unitária dos Petroleiros (FUTPV), a falta de gasolina é decorrente do estado desastroso em que se encontram nossas refinarias. “Nós já falamos em muitas ocasiões que a PDVSA (empresa petroleira da Venezuela) está desabando aos pedaços devido à falta de investimento, de manutenção e a corrupção que a empresa vem sofrendo. Todas as áreas operacionais da nossa principal indústria estão jogadas no chão“, afirmou o dirigente sindical.

Neste sentido, ele explicou a situação de duas das mais importantes refinarias no país, afirmando que “a refinaria de Puerto La Cruz, que tem uma capacidade de refino de 190 mil barris de petróleo por dia, hoje apenas está refinando 30 mil barris. Tem também o caso do Complexo Refinador Paraguaná em Falcón, que foi um dos maiores centros refinadores do mundo com capacidade de refinar 900 mil barris por dia, hoje só consegue refinar 20 a 30% dessa capacidade. A situação de todas as refinarias do país é essa“.

O dirigente da FUTPV acrescentou que essa situação explica a grave crise no fornecimento de gasolina: “Além da falta de manutenção e investimento, devemos acrescentar a fuga de pessoal, centenas de trabalhadores que deixaram esta indústria por causa dos salários de fome de apenas 12 dólares por mês. É preciso lembrar da criminalização dos protestos, da liquidação da autonomia das organizações sindicais e da falta de equipamentos de segurança. Ao mesmo tempo, porém, devemos dizer que esta situação preexistente do desastre da PDVSA se aprofunda com as sanções econômicas que o imperialismo tem aplicado desde janeiro e que se intensificaram a partir de 28 de abril. Por exemplo, não é possível comprar os aditivos necessários para elaborar gasolina”, disse ele.

“Nós somos categóricos em afirmar que rechaçamos e condenamos essas sanções do imperialismo, pois só trazem mais calamidades ao povo venezuelano. E afirmamos isso sem dar qualquer tipo de apoio ao governo Maduro “, ratificou.

Como já sabemos, as pessoas estão fazendo um grande sacrifício. Temos informações do povo de Zúlia, Mérida, Táchira, no centro do país, inclusive em Caracas, que passam dois e três dias na fila para completar o tanque do veículo. Esta situação piora ainda mais a falta de alimentos, medicamentos, água, eletricidade e outros serviços que provocam aflito no povo venezuelano.

Bodas acrescentou: “Na C-Cura estamos lutando pela recuperação da nossa indústria, embora conscientes de que isso só será possível com um governo dos trabalhadores a serviço de todo o povo, que promova um Plano Econômico Operário e Popular cujo propósito seja o resgate da PDVSA, para que seja 100% estatal, sem empresas mistas ou transnacionais, dirigidas e gerenciadas pelos seus trabalhadores, profissionais e técnicos.

E logo concluiu: “Estamos a favor de uma mudança neste país, mas acreditamos que essa mudança não virá da ingerência imperialista, nem tampouco do Guaidó e a oposição patronal, cuja maior preocupação é pagar os títulos da dívida da PDVSA, adquiridos de forma ilegítima pelo governo Maduro. Essa mudança deve vir como um produto da mobilização independente do povo trabalhador”.

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