DEBATES : PARA QUEM GOVERNAM OS GOVERNADORES DO PT?

Corte de ponto, reformas administrativas, pacto com Moro e Guedes…

PARA QUEM GOVERNAM OS GOVERNADORES DO PT?

No país existe um amplo setor de estudantes, professores, feministas, servidores que depositam esperança na política de Lula e do PT. São pessoas que desejam mudanças sociais e democráticas e se reivindicam de esquerda. Muitos dos que se mobilizaram nos atos de março e maio aceitam a proposta de uma Frente com os lulistas para as eleições de 2020.

Nossa organização, a CST, respeita as posições desses ativistas, mas não as compartilha. Não temos nenhuma expectativa em Lula ou no PT. Achamos que essas posições são um equívoco pois uma Frente Ampla Lulista, de conciliação de classes nas eleições, não ajuda a acumular na reconstrução da esquerda socialista. Falamos isso desde uma localização de quem esteve no #EleNão e no ViraVoto, com Haddad, no segundo turno contra a extrema direita. Juntos estamos denunciando Sergio Moro e o caráter seletivo da Lava Jato e da justiça burguesa. Porém, para verificar se devemos nos coligar ao PT nas eleições, um ponto fundamental é analisar os governos do PT no Nordeste.

No Nordeste, o PT não estão governando para os trabalhadores

Nessa região o PT governa estados importantes como Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piaui. Mas infelizmente os governadores do PT não se colocam como oposição à extrema direita, aplicam ajuste fiscal e pactuam com o governo Bolsonaro. Chegaram a fazer declarações a favor da Reforma da Previdência, em troca de receber algumas migalhas de Guedes e em modificar alguns pontos parciais da Reforma.

O governador do PT no Ceará, Camilo Santana entrou com uma ação no STF para que fosse permitido cortar os salários dos servidores em troca de redução de carga horária de trabalho, aplicando assim a reforma trabalhista do Temer. Nesse mesmo estado recebeu de braços abertos a intervenção na segurança oferecida pelo Moro. Na Bahia, há mais de um mês as universidades estaduais estão em greve e o funcionalismo público estadual vive um dos maiores arrochos salariais dos últimos 20 anos. O governador Rui Costa cortou o ponto dos grevistas. Além disso, já declarou à imprensa que era simpático ao projeto de Segurança de Moro. O governador do Piauí, Wellington Dias, também faz uma reforma administrativa e enfrentou uma recente greve dos docentes das universidades estaduais contra o desmonte da educação e do serviço público.

O PT não tem como estratégia derrotar Bolsonaro através da greve geral

Esses dados mostram que o PT continua com a mesma estratégia de colaboração de classes com a qual governou o país nos últimos 13 anos. Pactuando com banqueiros, sucumbindo aos mecanismos corruptos da democracia burguesa e reprimindo grevistas.

Um problema derivado da linha de frente ampla eleitoral é que o PT, bem como as lideranças majoritárias da oposição, não organiza um enfrentamento contra a extrema direita nas ruas. Eles polarizam verbalmente no parlamento e nas redes sociais para criar manchetes, sem apostar na mobilização nas ruas. Ao mesmo tempo, o PT e Haddad dedicam seus esforços centralmente à pauta do Lula Livre que não massifica as lutas contra Bolsonaro e nos afasta dos setores que romperam com o PT e querem ir para a rua para defender sua aposentadoria e a educação pública.

Exigir que os governadores do PT e Haddad revejam sua política e convoquem à greve geral!

A maior parte dos trabalhadores e jovens que votou no Haddad contra Bolsonaro seguramente não concorda com essa orientação da direção petista. Não votaram para que os governadores aplicassem ajustes contra o funcionalismo estadual e reprimissem os grevistas das universidades, nem para que realizassem pactos em favor da reforma da previdência ou apoiassem Moro. Junto a esses setores exigimos que esses governadores transformem o Nordeste numa trincheira da oposição, coloquem os governos a serviço do 15M e da greve geral contra a reforma, que rompam os pactos com Moro e Guedes, que acabem com o ajuste e atendam as reivindicações dos grevistas. É preciso exigir que Haddad e os deputados do PT construam nas ruas a luta contra o governo Bolsonaro/Mourão, contra as reformas neoliberais e ataques aos direitos econômicos e sociais, contra projetos autoritários e em defesa das liberdades de manifestação.

Construir uma Frente de Esquerda

O projeto político do PT não deu certo durante os 13 anos em que governaram e não pode ser reeditado. O PT fez um governo aliado à burguesia, ao sistema financeiro, ao agronegócio e ao grande de capital, aplicando a Reforma da Previdência contra os servidores em 2003. Um partido que se degenerou em meio às alianças com políticos reacionários, ao estilo do PP de Maluf, fundamentalistas como Marcelo Crivella, Edir Macedo e o PMDB de Temer e Sergio Cabral. Mesmo agora desde uma suposta oposição, os governadores petistas seguem atacando os trabalhadores, enquanto a direção da CUT, dirigida pelo PT, segue em marcha lenta. Por isso afirmamos que é necessário superar essas direções.

A classe trabalhadora precisa construir uma nova alternativa política que supere a conciliação de classe do Lulismo expressa na Frente Ampla eleitoral. Precisamos de uma verdadeira esquerda socialista que defenda um programa de ruptura, que rejeite o ajuste fiscal, que não se corrompa e nem vacile diante da extrema direita. Defendemos uma frente de esquerda e socialista com PSOL, PCB, PSTU e demais organizações políticas classistas e anticapitalistas.

Rosi Messias – Diretório Nacional do PSOL

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