Dar continuidade ao 15M para fortalecer a greve geral
Menos de seis meses depois de assumir o governo, em meio de crises e instabilidades, o próprio presidente Jair Bolsonaro, declara que nos próximos dias “pode acontecer um tsunami” no Brasil. Faltou dizer que são suas políticas de ataque aos trabalhadores e a juventude os que podem causar esse fenômeno. Não bastasse a profunda crise econômica que arrocha os salários, aumenta o desemprego e sucateia ainda mais os serviços públicos, o governo projeta uma reforma da previdência que tira direitos e ataca grosseiramente a educação. Um coquetel altamente inflamável.
Já existem duas datas que preveem fortes mobilizações. Neste 15 de maio está marcada uma greve nacional da educação. Proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), a data foi incorporada ao calendário de lutas no III Encontro Nacional da Educação (ENE) e abraçada por entidades de professores, estudantes e técnicos de todos os setores da educação. Será uma paralisação unificada contra os brutais ataques à educação e contra a reforma da previdência. Dezenas de assembleias nas universidades com forte participação das bases prenunciam uma grande jornada de luta e mobilização.
A outra data é 14 de junho, dia convocado pelas centrais sindicais para acontecer uma nova greve geral contra o nefasto projeto de reforma da previdência. Sem dúvidas, a greve nacional da educação deve servir como um grande esquenta para o 14J. Não podemos deixar esta importante tarefa só em mãos das direções das centrais que já desmontaram outras lutas apostando exclusivamente na negociação. É necessário dar continuidade às mobilizações do 15M com assembleias de base, plenárias por estados, panfletagens, atos e mobilizações para construir uma poderosa greve geral desde as bases e derrotar o projeto de reforma de Bolsonaro/Guedes.
Há uma possibilidade real de vencer. A falta de qualquer resultado positivo para sair da crise e tirar a população trabalhadora da miséria e o desemprego, faz com que o governo venha perdendo parte do apoio recebido na eleição. Boa parte de seus eleitores, começa a perceber que o “mito” não melhora os salários, não gera empregos, nem melhora suas vidas. Os movimentos mais visíveis deste governo são em favor das armas, em favor do agronegócio e contra os movimentos sociais, de ataques à educação, de criminalização dos professores e professoras, de retirada de direitos como aponta a reforma previdenciária. Longe de ser concretizada a prometida batalha contra a corrupção, esse flagelo aparece com força nas entranhas do próprio governo. São denuncias contra ministros, o “laranjal” do PSL, partido de Bolsonaro e na própria família do presidente, envolvida com depósitos bancários “atípicos”, com funcionários fantasmas e até com relações com a milícia.
O governo não está forte nas suas bases e sofre com a falta de apoio de um parlamento fisiológico. Bolsonaro não tem nada a oferecer aos trabalhadores. Com a economia quase parando e um cenário de resseção, não há expectativas de reverter a crise econômica. Nesse cenário, novos ataques virão contra a população trabalhadora e a juventude, porém, da forma como organizemos os próximos embates, poderemos estar em melhores condições para derrotar o projeto deste governo ultraliberal e pro imperialista.
A greve geral deve ser construída a exemplo da Greve Nacional da Educação, discutida e votada em instancias de base e apoiada numa grande mobilização. É necessário dar continuidade à luta do 15M com novas plenárias, assembleias e debates nos locais de trabalho e estudo. Desde a CSP-Conlutas vamos nos empenhar nessa tarefa para construir uma greve geral poderosa, um verdadeiro tsunami para derrotar o governo.
Editorial do Combate Socialista, n° 98, maio