COMBATE | Contribuição para a reunião nacional da CSP-CONLUTAS
O governo de extrema direita de Bolsonaro/Mourão possui um projeto ultraliberal e hiperconservador. É o inimigo fundamental da classe trabalhadora e tem que ser derrotado por meio de uma ampla unidade de ação nas ruas. Ao completar 5 meses de mandato a coalizão governante enfrenta problemas e crises. As propostas do governo aprofundam os índices de desemprego, da fome, o arrocho, a precarização e a destruição dos serviços públicos. A reforma da previdência é um dos maiores ataques contra a classe trabalhadora.
Felizmente o próprio governo possui problemas e crises. Duas delas derrubaram dois ministros nos primeiros cem dias. A troca de ofensas entre o filho do presidente e o vice Mourão é o mais recente episódio desse espetáculo terrível. Sem falar na proximidade com as milícias que assassinaram Marielle e Anderson. Além disso, Flávio Bolsonaro segue escondendo a verdade sobre os repasses de seu ex-assessor Queiroz, as investigações sobre as candidaturas laranjas do PSL mostraram que o partido de Bolsonaro está envolvido em um grande esquema de desvios de verbas e o toma lá dá cá no congresso, a compra de votos dos corruptos, continua. Por enquanto a disputa política na cúpula burguesa se mantém, pois Bolsonaro ainda não conseguiu estabilizar o país.
Todos os dias, nos locais de trabalho, encontramos trabalhadores que estão refletindo sobre seu voto e o apoio a Bolsonaro. E há um setor que começa a tirar conclusões sobre o caráter anti-operário desse governo e a se posicionar contra a reforma. Nesse cenário, a popularidade do presidente começa a cair. Segundo dados da Data Folha, de cada 10 brasileiros que apoiavam Bolsonaro em janeiro, 3 já não o apoiavam mais no início de abril. Entre os assalariados que ganham entre de 2 e 5 salários mínimos esse número aumenta. Há um descontentamento social que está nas ruas, desde o carnaval indignado. Os fortes atos feministas de 8 de março e os protestos por Marielle expressam esse descontentamento. Sem dúvida qualitativo foi o dia nacional de luta unificado em 22 de março quando um setor da classe trabalhadora que votou em Bolsonaro se manifestou contra a reforma da previdência.
Mais do que nunca, é hora dos trabalhadores entrarem em cena com força, fato decisivo para derrotar os ataques de Bolsonaro. É fundamental construir o calendário unificado divulgado pelas centrais sindicais no dia 1 de maio: a jornada nacional de luta do 15 de maio e a greve geral da classe trabalhadora no dia 14 de junho. Construir unitariamente com plenárias estaduais das centrais, assembleias democráticas, comitês unificados do conjunto das centrais e federações e confederações, parando a produção, os serviços e a circulação de todo país.
A tarefa imediata é a construção do dia 15 de maio. Em primeiro lugar pelo ascenso da educação básica que já vem dando forte disposição de luta. Em segundo lugar pelos recentes ataques as universidades e institutos, aos cursos críticos, e os cortes de verbas que estão produzindo uma onda nacional de lutas de estudantes e trabalhadores.
A extrema direita precisa ser derrotada nas ruas!
O governo de Bolsonaro e Mourão não pode ser subestimado. Os militares de 64, os agiotas do sistema financeiro, o agronegócio e a patronal escravocrata querem nos derrotar. A crise deles não vai durar para sempre. Temos que agir unificadamente e sem vacilar perante nossos inimigos. Infelizmente a maior parte da cúpula das centrais, a direção majoritária da CUT, da CTB, da Força Sindical, não pensa assim. Queriam ter boas relações com o governo Bolsonaro enviando cartas ao presidente. No caso da cúpula da CUT reuniram com o vice general que defende a ditadura de 64. Ações erradas que atrasaram nossa luta até março. De 22 março até o 1º de maio não existiu um calendário concreto de lutas nas ruas. A jornada da CNTE de abril não foi construída pela cúpula das centrais, quando a crise do governo estava forte e era um bom momento para protestar (ocorreram paralisações da educação básica). E desperdiçaram a data de 15 de maio para a data da greve geral.
Somente agora é que se convoca a greve geral, algo que nossa Central, a CSP–CONLUTAS, já vinha exigindo há bastante tempo.
Apesar de todos esses recuos e vacilos, agora há uma jornada nacional de luta no dia 15 de maio e uma data da greve geral para 14 de junho. Datas que temos que agarrar em nossas mãos e construir unificadamente. Mas não podemos nos enganar. A maior parte da cúpula das Centrais não vai construir a data que eles mesmos estão convocando. Por exemplo a cúpula da UGT e a direção majoritária da Força Sindical querem “melhorar” a reforma. Não podemos baixar a guarda porque em 2017 a cúpula das centrais desconvocou a greve geral de junho, abandonou os lutadores na marcha de Brasília e nada fez na votação da reforma trabalhista.
Temos que exigir que exista uma oposição real e efetiva nas ruas. Sem confiar nas direções tradicionais temos de exigir que elas construam o calendário que eles mesmos lançaram. Que as direções das centrais da CUT, CTB, Força Sindical, UGT, partidos como PT, PCdoB, PDT e seus parlamentares convoquem a greve geral. Exigir que lideranças como Haddad, Manuela e Ciro coloquem sua influência a serviço de paralisar o país e derrotar nas ruas o governo Bolsonaro.
Os governos do PT no nordeste pactuam com o governo Bolsonaro!
Na última eleição o PT canalizou a maior parte dos votos contra Bolsonaro no nordeste. Mas infelizmente os governadores do PT não se colocam como oposição a extrema direita e ainda por cima aplicam ajuste fiscal. No Ceará acertaram com o ministro Sérgio Moro a intervenção da Força de Segurança Nacional. Na Bahia, o governador Rui Costa, defende a reforma da previdência e enfrenta uma greve dos docentes das universidades estaduais onde cortou o ponto dos grevistas. Além disso, já declarou à imprensa que era simpático ao projeto de Segurança de Moro. O governador do Piauí, Wellington Dias, também faz uma reforma administrativa e enfrentou uma recente greve dos docentes das universidades estaduais contra o desmonte da educação e do serviço público. Ele é um aliado de Guedes para as articulações da reforma da previdência de Bolsonaro.
A maior parte dos trabalhadores e jovens que votaram no PT contra Bolsonaro seguramente não concordam com essa orientação. Junto a esses setores exigimos que esses governadores transformem o nordeste numa trincheira da oposição, coloquem os governos a serviço da greve geral contra a reforma, que rompam os pactos com Moro e Guedes, que acabem com o ajuste e atendam as reivindicações dos grevistas.
Nós acreditamos que isso demonstra que a classe trabalhadora precisa construir uma nova alternativa política que supere a conciliação de classe do Lulismo. Uma verdadeira esquerda socialista que não faz ajuste fiscal, não se corrompe e nem vacila diante da extrema direita. Defendemos uma frente de esquerda e socialista com PSOL, PCB, PSTU e demais organizações políticas classistas e anticapitalistas.
A Conlutas de ver ser linha de frente na construção da greve geral
A CSP Conlutas tem se colocado como uma central combativa contra a reforma da Previdência e desde o primeiro momento defendeu a greve geral e a unidade das centrais, além de ser parte ativa do calendário da luta da educação. Essa postura foi fundamental para demarcar um perfil da nossa central de oposição ao governo Bolsonaro/Mourão.
Temos duas datas marcadas. 15/05 e 14/06. A CSP Conlutas deve ser protagonista no chamado a mobilização exigindo das centrais uma construção efetiva desse calendário através de plenárias, assembleias, reuniões nos locais de estudos e trabalho. A Conlutas deve fazer uma intensa campanha nos sindicatos filiados à central orientando que façam outdoors, cartilhas e a mobilização para o dia 15 e a greve geral dia 14/06. Sem prejuízo das plenárias unificadas seria importante também a CSP realizar plenárias com as oposições e sindicatos filiados e simpatizantes à central.
Leia a resolução aprovada por unanimidade na reunião da Coordenação Nacional da CSP-CONLUTAS:
http://cspconlutas.org.br/2019/05/com-resolucao-aprovada-por-unanimidade-csp-conlutas-vai-para-as-bases-preparar-greve-geral-de-14-de-junho-e-greve-da-educacao-de-15-de-maio/