PSOL deve rearmar a campanha do Boulos/Sônia para combater Bolsonaro e o voto útil
Rosi Messias – Executiva Nacional do PSOL
Estamos a menos de um mês do pleito nacional marcado para o dia 7 de outubro. As máquinas eleitorais estão atuando a todo o vapor, o tempo de televisão e a exposição na mídia das campanhas milionárias mostram o quanto a eleição é controlada pela grande burguesia e manipulada à serviço dos projetos dos de cima. No campo da política, estamos passando pelas eleições gerais das mais complexas desde a queda da ditadura.
A crise econômica é muito profunda e tem tido consequências devastadoras na vida do povo trabalhador: desemprego, crise nos serviços públicos, na saúde, educação, incêndio no Museu Nacional, aumento da violência urbana, etc. Tudo isso tem sido combustível para um cenário eleitoral complexo onde os partidos, PSDB, MDB, PT, DEM, pretendem seguir governando e aplicando um duro ajuste econômico.
Fruto da desesperança, da grave crise econômica, social e política, pela primeira vez há um candidato da extrema direita, com posições fascistizantes, com uma grande projeção de votos e consolidação em diversos setores da sociedade. Desencantados com a política, veem em Bolsonaro uma figura anticorrupção e antissistema. As últimas pesquisas dão praticamente como certo Bolsonaro no segundo turno, o que vem precipitado uma justificada apreensão em setores progressistas, populares e na esquerda radical, e esse fato desencadeou nos últimos dias a declaração pública de voto útil, principalmente por agora, no candidato Ciro Gomes do PDT. Avaliamos que é uma posição equivocada e cabe à direção do partido rearmar nossa campanha a serviço de combater essa linha do voto útil, fortalecendo o voto no PSOL 50, em Boulos e Sônia.
Nossa campanha de Boulos/Sônia deve seguir a diferenciação com Bolsonaro. No entanto, é urgente readequar e jogar nossas baterias contra Ciro e Haddad, explicando de forma paciente o erro em relação ao voto útil. Ciro nem de longe representa uma renovação na política. Em sua carreira passou por sete partidos e diversos governos. Foi um dos pais do Plano Real. Seu possível futuro ministro da Fazenda defende privatizações e ele próprio fala em “privatizar com inteligência”. Sua vice, Kátia Abreu, representa o agronegócio brasileiro.
Da mesma forma está Haddad, que fez questão de viajar para Alagoas para apoiar as campanhas de Renan Calheiros e Renan Filho, candidatos a senador e governador pelo MDB e de Eunício Oliveira, velho político, aliado ao Temer. Haddad fez questão de acenar para o mercado e diversas reuniões com representantes do sistema financeiro e com a Febraban, onde declarou que, se eleito, seu Ministro da Fazenda será alguém com aval dos banqueiros. Ou seja, o PT seguirá a lógica que marcou seu governo nos últimos 14 anos, governar com e para a grande burguesia, aliado aos velhos políticos como Renan! Com Haddad está muito evidente que só podemos esperar mais ajuste fiscal para honrar os compromissos com os banqueiros e a dívida pública.
Essa armação nosso partido tem que ter, para combater o caminho do medo, da desesperança, aproveitando um espaço à esquerda que existe. O PSOL é o único partido que pode de fato disputar esse espaço. Não nos submeteremos à pressão do regime democrático burguês, às pressões eleitorais como as do voto útil. Nosso jovem partido já tem uma história, fomos expulsos do PT por nos recusar a votar a reforma da previdência, o que nos levou a ser oposição de esquerda aos governos petistas, além disso somos o único partido com base parlamentar que não está envolvido em corrupção. Temos um acumulo da campanha de 2006, 2010 e 2014 que nos arma de artilharia contra o PT.
O chamado ao voto no PSOL 50, em Boulos/Sônia é um chamado a lutar e a derrotar os candidatos do ajuste e da corrupção, pois necessitamos fortalecer a luta contra as Reformas neoliberais do Temer e dos governadores e o conjunto de ataques desferidos contra a classe trabalhadora nos últimos anos. Com Bolsonaro, Ciro, Marina, Alckmin e Haddad só teremos mais ajuste e crise para o povo trabalhador. Essa denúncia temos que fazer de forma contundente.
Por isso estamos propondo uma reunião urgente da Executiva Nacional do PSOL para reorientar a campanha, armando nossa militância a sair ofensivamente contra o voto útil e os candidatos do ajuste, chamando a votar nacionalmente pela chapa Boulos-Guajajara. Com essa candidatura e essas propostas vamos lutar para a consciência avançar. Essa é a tarefa dos socialistas. Essa reorientação é necessária e urgente fazermos. O voto mais útil que existe é o que faz avançar a consciência do povo trabalhador. E hoje é o voto no PSOL 50, Boulos/Sônia contra as candidaturas do ajuste.
11 de setembro de 2018