Museu Nacional: Uma catástrofe anunciada
O gigantesco incêndio ocorrido neste domingo 2 de setembro no Museu Nacional consumiu séculos do património histórico, cultural e científico de nosso país e do mundo. É uma perda incomensurável que causa profunda comoção. Não poderia ser diferente, mais de 20 milhões de itens entre fósseis, múmias, documentos históricos e obras de arte viraram cinzas.
Não se trata de um acidente inesperado, é mais bem uma tragédia anunciada. O desmonte e o descaso por parte dos governos de turno com os órgãos públicos é o verdadeiro culpado. É irracional que uma estrutura de mais de 200 anos, construída essencialmente em madeira, que guardava material altamente inflamável, não tinha nenhum sistema de prevenção contra incêndios para evitar uma perda dessa magnitude.
Essa catástrofe cultural é reflexo dos cortes de verbas dos governos, que levou à falta de manutenção do prédio. Nos últimos anos a UFRJ vem sofrendo com incêndios, aconteceu na Reitoria e na moradia estudantil. As próprias autoridades do Museu denunciam que todas as emendas parlamentares destinadas à instituição foram contingenciadas pelo governo federal. É o preanuncio do que irá acontecer com a aplicação da EC 95, que visa recortar os gastos com ciência e tecnologia por 20 anos.
E preciso lutar para evitar tragédias como essas!
Esta tragédia é de responsabilidade do governo Temer, em conluio com sua base corrupta e os governadores, que vem aplicando cortes nos orçamentos da universidade e dos museus, cortes que estão vinculados ao pagamento da dívida interna e externa ao sistema financeiro. Porém, essa política não é exclusividade de Temer. Em 2015 sob governo da presidenta Dilma (PT) o Museu Nacional fechou suas portas à visitação por falta de orçamento para vigilância e limpeza. Na época isso foi denunciado pela diretora do museu Claudia Rodrigues Carvalho e o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Carlos Vainer: “Naquela que deveria ser a ‘Pátria Educadora’, conforme promessa da Presidente Dilma Rousseff em sua posse, a UFRJ não tem recebido os recursos que lhe cabem, inclusive para pagamento das empresas que prestam serviço de limpeza e portaria ao Museu Nacional.”
Exigimos respostas pela destruição de um patrimônio como o Museu Nacional. Esta tragédia poderia ser evitada. É necessária uma profunda investigação para determinar os verdadeiros responsáveis e exigir sua punição. É inaceitável que num país onde seus governos gastam rios de dinheiro para financiar megaeventos como a Copa do Mundo ou as Olimpíadas, negue dinheiro para cuidar de seu patrimônio histórico cultural.
É preciso lutar para impedir que mais uma tragédia desta magnitude fique impune. Propomos a formação de uma comissão de investigação independente, com professores e cientistas das universidades federais, estaduais e personalidades reconhecidas da preservação da história, a ciência e as artes a nível mundial, para apurar as responsabilidades das autoridades federais dos últimos governos em relação a esta terrível perda. Enquanto isso, devemos lutar pela imediata revogação da EC 95 que congelou os investimentos públicos por 20 anos!
Mas nada disto será mudado se os governos continuam privilegiando os recursos orçamentários para pagar a fraudulenta dívida interna e externa por sobre a educação, a ciência, o património histórico, cultural e tecnológico. Exigimos a imediata Suspensão do pagamento da dívida e a destinação de mais recursos para educação, ciência, patrimônio histórico, cultura e tecnologia.
Em defesa da universidade pública!
Na segunda feira, dia 3, milhares de pessoas tomaram as ruas do Rio de janeiro para expressar sua indignação com esta tragédia e protestar contra as políticas de sucateamento da universidade pública por parte do governo federal. Estudantes, professores e servidores da UFRJ se juntaram a uma população indignada para denunciar os cortes de orçamento e exigir a revogação da EC 95 que congela gastos para educação por 20 anos. Esse é o caminho. A reitoria deve colocar-se na cabeça dessa mobilização, denunciando o governo Temer e exigindo as verbas necessárias para tirar a universidade da crise para que não se repitam tragédias como as do Museu Nacional. Para tanto é necessário se apoiar na mobilização. De nossa parte estaremos à disposição dessa mobilização e desse combate contra o ilegítimo governo Temer em defesa da Universidade Pública.
03-09-2018
CST Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL