Basta de assédio nas escolas e universidades!
Basta de machismo e violência sexual!
Não é de hoje que as palavras estupro, assédio e violência machista fazem parte do dicionário de mulheres e meninas ao redor do mundo. Os sistemas capitalista e patriarcal nos têm como meros objetos que ora servimos para produzir lucros, ora servimos para reproduzir e em todas essas situações, somos usadas, sem nosso consentimento, para satisfazer os homens. Nesse aspecto, nossos corpos não são nossos e por milênios suportamos caladas os estupros, os assédios e muitas outras violências machistas que sofremos diariamente, até os dias de hoje.
No entanto, a nova onda feminista que estamos vivendo tem trazido à tona casos de abuso desde Hollywood até as escolas e universidades no Brasil. Por meio de hashtags, meninas e mulheres usam as redes sociais para denunciar mais e mais casos, de forma que a vida dos abusadores já não está tão fácil como antigamente. Nossa constante mobilização tem provado que não mais nos calaremos diante de nenhuma violência machista.
Recentemente, no Brasil, dois casos estiveram nos holofotes: o primeiro deles, se trata de jovens estudantes da UFRA, no Pará, que se utilizavam de um grupo no Whatsapp para difundir piadas machistas e misóginas e expor fotos íntimas de meninas. Eles chegaram ao cúmulo de incitar estupro contra uma aluna da Universidade. E o segundo surgiu a partir de uma campanha nas redes sociais de alunas e ex-alunas da escola particular Pensi, no Rio de Janeiro, denunciando professores e alunos abusadores. No caso da UFRA, com o desenrolar dos acontecimentos, mais e mais denúncias chegaram, inclusive de casos de estupro que aconteceram em 2017, arquivados pela Reitoria, numa clara tentativa de abafar a situação. Já o Pensi, de acordo com os relatos, tentava abafar mudando as vítimas ou os agressores de unidade, como se apenas afastar fosse resolver a situação.
Sabemos que as escolas e universidades refletem a sociedade e seus problemas, mas é justamente a omissão nesses espaços que contribui para que mais e mais casos aconteçam, a despeito dos nossos gritos por socorro ou de denúncia. Tanto na UFRA como no Pensi, as estudantes têm se mobilizado para que os abusadores sejam punidos e que nenhuma outra menina seja vítima deles, ou de outros. Em Belém e no Rio de Janeiro, as estudantes tomarão as ruas no dia 24 de agosto contra o assédio nas universidades e escolas.
Os governos, reitorias e direções de escolas são responsáveis.
Entendemos que a culpa dessas e outras violências machistas recaem sobre governos, mas também sobre as reitorias e direções de escola que são omissas. Os governos são responsáveis porque cortam verbas da educação e, com isso, inviabilizam políticas de assistência estudantil que façam das universidades e escolas ambientes acolhedores e seguros para as mulheres, com iluminação, ônibus circulares que parem para as mulheres a qualquer tempo, sem que seja no ponto fixo, câmeras de segurança, creches e restaurantes universitários em horário integral, etc. Além disso, não investem em programas educativos que desconstruam e debatam a violência machista e patriarcal a que estamos submetidas. Tanto o governo Dilma quanto o governo Temer foram inimigos das mulheres ao cortarem e extinguirem verbas da Secretaria da Mulher. Por outro lado, projetos como o Escola Sem Partido só contribuem para a manutenção do machismo institucional, da cultura do estupro dentro e fora das escolas. Para os que propõem esse projeto, é mais chocante que se debata violência contra a mulher dentro de sala de aula do que ter um professor que abertamente assedia uma estudante dentro da escola. E é isso que dá respaldo para que reitorias e direções recebam as denúncias, mas se sintam à vontade para abafar crimes de assédio, de estupro, proteger os agressores e culpar as vítimas, que no caso do Pensi são meninas menores de idade, o que agrava o crime.
É preciso, urgentemente, um novo olhar sobre o assédio, dentro e fora das escolas e universidades. É necessário que essas instituições criem setores específicos de acolhimento de denúncias desse tipo pra além das ouvidorias, que seus regimentos sejam mais claros. É preciso que as escolas tenham liberdade para debater violência contra a mulher, entre outros assuntos, numa tentativa de, a longo prazo, acabar com a cultura de estupro. É preciso que haja investigações sérias, que os abusadores sejam punidos, seja com demissão, seja com desligamento das universidades e escolas porque é inadmissível que as vítimas é que tenham que se afastar. Por fim, é preciso que os governos invistam em políticas de combate à violência contra a mulher, ao assédio e ao estupro. Defendemos a educação de gênero nas escolas e universidades, além de punição severa aos abusadores. Chega de cortes de verba que afetam diretamente nossas vidas, como é o caso da EC 95 que congela gastos com educação e saúde, ou os cortes na pasta de combate à violência contra a mulher.
#Por uma política nacional de combate à violência sexual nas universidades públicas, com criação de setores específicos para receber denúncias e acompanhar as vítimas.
#Por mais verbas voltadas a políticas públicas de combate ao assédio, à violência e aos estupros! Nenhuma a menos!
#Pela inclusão da educação de gênero e sexualidade na escolas. Contra o Projeto Escola sem Partido!
#Punição aos agressores – que nenhum caso de agressão sexual nas universidades e escolas fique omisso.
#Os governos são responsáveis! Fora Temer!