O que significa a ocupação de Jerusalém?
Escrito por Miguel Lamas – UIT-QI
Traduzido por Lucas Andrade – CST – PSOL
A ordem de Trump de transferir a embaixada ianque para Jerusalém respalda a pretensão israelense de apropriar-se de toda a cidade histórica, de profunda significação cultural e religiosa, e termina de desmontar a farsa da suposta “paz” baseada nos dois Estados (Israel e Palestina).
No tratado de Oslo de 1992, Yasser Arafat, o histórico dirigente palestino (falecido em 2004, envenenado por serviços de Israel) aceitou a ideia de um futuro Estado palestino localizado nos territórios de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental (os territórios ocupados por Israel em 1967), que representam um conjunto de apenas 22% do território histórico palestino, e de reconhecer Israel em suas fronteiras anteriores a 1967, que ocupavam 78% da Palestina histórica. Um ponto importante desse acordo foi que Palestina conservaria a metade oriental de Jerusalém. Grande parte do povo palestino aceitou esse acordo, ainda perdendo muito, com a esperança de que por fim haveria paz.
Porém o acordo foi uma armadilha. Israel, com apoio imperialista, jamais aceitou na prática nenhum direito palestino a um Estado próprio, nem sequer nesses pequenos territórios. Colonizou Gaza e Cisjordânia com 400.000 colonos sionistas, ocupando as melhores terras e ficando com 95% das fontes de água, e se adonou também da maior parte de Jerusalém Oriental. Ergueu um muro que está cercando os territórios habitados por 3 milhões de palestinos removendo-lhes 48% do escasso territórios que lhes sobrava, que está em sua maior parte ocupado militarmente por Israel. Como se isso já não bastasse, periodicamente Israel lhes destrói suas fontes de água, arrancam suas oliveiras, base de sua economia agrícola, e bombardeia centrais elétricas e universidades. Em vários oportunidades bombardeou a pequena Faixa de Gaza e a submeteu a um bloqueio durante anos, afundando sua população no desemprego e na fome.
Hoje já há outros 6 milhões de palestinos com seus filhos, netos e bisnetos refugiados em diversos países do Oriente Médio.