Grito global pelo aborto legal – 28 de setembro
Dia internacional pela despenalização e legalização do aborto
No mundo, 39% das mulheres vive em países onde o acesso ao aborto legal apresenta algum tipo de restrição. Nas regiões mais pobres e desiguais como África e América Latina, as mulheres encontram maiores limitações para decidir sobre seu próprio corpo, e inclusive em países como Nicarágua ou El Salvador, o aborto em punível em todos os casos. A ilegalidade do aborto é outra medida mais do sistema capitalista e patriarcal que pretendem nos manter submissas e controladas para exacerbar nossa superexploração.
No entanto, e em que pese a proibição, anualmente 46 milhões de mulheres no mundo decidem interromper sua gravidez por diversas causas. Por esta razão, mais da metade das gravidezes no mundo terminam em aborto. Mas por causa da criminalização, 47 mil mulheres morrem cada ano por complicações relacionadas aos abortos clandestinos. São as mulheres trabalhadoras, pobres, jovens, negras e imigrantes as que acabam pagando com suas vidas. Como consequência, na maioria dos países onde não existe aborto voluntário, o aborto representa a principal causa de morte de mulheres gestantes. Isto é assim porque enquanto grandes laboratórios e clínicas privadas lucram com caríssimas práticas ilegais, os governos patronas e imperialistas encabeçados por Donald Trump, junto ao Vaticano e outras igrejas, se empenham em controlar e perseguir às mulheres que pretendem decidir sobre sua maternidade, perseguindo-as e as condenando a abortos nas piores condições.
Com sua moral dupla, a igreja que defende os padres pedófilos, que se associa aos governos genocidas e se opõe aos métodos anti conceptivos, é a principal encarregada de estigmatizar às mulheres que querem decidir sobre seus corpos e as condenam inclusive quando se trata de casos de estupro. É tal o grau de machismo e de perseguição às mulheres que por exemplo, em El Salvador, Evelyn Hernandez de 19 anos, foi condenada a 30 anos de prisão após ter sido estuprada e de sofrer aborto espontâneo.
Neste caso, junto ao governo e a justiça misógina, foi a igreja católica a principal instituição em condenar socialmente esta mulher, para que sirva de “lição” para o resto das mulheres.
Mas os ataques aos corpos e as vidas das mulheres não somente acontecem nos países onde não é legal o aborto voluntário, mas também em países onde o aborto tem longas décadas conquistado, a igreja “progressista” do papa Francisco pretende tirar este importante direito conquistado, se aproveitando da crise econômica e das políticas de ajuste em saúde e seguridade social. Na Polônia, em 2016. Houve uma tentativa de reverter o direto à interrupção voluntária da gravidez. O mesmo aconteceu na França e na Itália, com muitos médicos que s e declararam objetores de consciência e se negam a fazer aborto. Mas a mobilização das mulheres pode mais! Da mesma forma que as mulheres do Estado Espanhol em 2014, as polonesas ameaçaram com uma grande greve que freou esta tentativa de golpe contra os direitos das mulheres. E agora no Chile, se deu um grande passo ao recuperar a despenalização do aborto frente a algumas causas.
Hoje, em momentos em que os povos do mundo lutam contra os ajustes dos governos capitalistas e onde as mulheres estão à frente de massivas mobilizações pelo #NiunaMenos, contra a violência patriarcal e os feminicídios, contra a discriminação e a violência no trabalho, desde a Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, somos parte do grito global pelo aborto legal e chamamos a todas as organizações revolucionárias, de mulheres e trabalhadoras/es a se somar na jornada mundial de luta pela despenalização e legalização do aborto.
Neste 28 de setembro, sejamos milhares nas ruas do mundo com o grito global pelo aborto legal. Reclamamos: Educação Sexual para decidir, anticonceptivos para não abortar, e aborto legal para não morrer! Pela imediata separação das igrejas dos Estados. Os governos capitalistas são responsáveis da situação das mulheres. Basta de planos de ajuste que atentam contra a saúde e a vida as mulheres!
UIT – QI 28/08/2017