O caso de estupro coletivo, praticado por 33 homens contra uma menina de 16 anos no Rio de Janeiro, chocou o Brasil e o mundo. O vídeo da menina divulgado nas redes pelos estupradores demonstra a completa naturalização da violência sexual e do sentimento de impunidade dos machistas agressores, fatores que confirmam ainda mais a existência de uma cultura do estupro. O caso gerou comoção e muita revolta nas redes sociais, campanhas pelo fim da cultura do estupro e dezenas de atos estão sendo convocados em todo o Brasil em repúdio à brutal agressão. A repercussão é tanta que a própria mídia, que muitas vezes esconde ou é conivente com os casos de violência contra a mulher, está sendo obrigada a dar ampla cobertura e divulgação. Apesar da Lei Maria da Penha e da lei que tipifica o feminicídio como crime hediondo, a realidade é que vivemos num país onde a violência contra a mulher assume proporções alarmantes: a cada 10 minutos, uma mulher é estuprada; a cada 90 minutos, uma mulher é assassinada. Hoje o Brasil é considerado o 5º pior país do mundo para uma mulher viver, devido à violência doméstica, sexual e feminicídio.

Nos últimos anos, o Brasil subiu da 7a para a 5a posição no ranking mundial de países “campeões” em feminicídio. A falta de proteção à mulher e a completa negligência dos governos fortalece a cultura do estupro e os demais crimes de violência machista. Quando a crise econômica se aprofunda, a primeira medida dos governos é cortar os investimentos do nosso lado, colocando em situação de vulnerabilidade milhões de mulheres trabalhadoras e jovens estudantes. Ao mesmo tempo, aumenta em trilhões as verbas para a dívida pública, garantindo o lucro dos banqueiros e grandes empresários. Exemplo disso é que, no início de 2015, Dilma cortou 30 milhões do programa federal de Combate à Violência contra a Mulher. O aborto continua sem ser legalizado e não há política alguma sobre educação de gênero nas escolas. O governo Temer demonstra todos os sinais de que dará continuidade para a mesma política de ataque às mulheres, aprofundando o ajuste fiscal iniciado por Dilma, retirando os nossos direitos, continuando a priorizar o exorbitante pagamento de juros da dívida pública, dinheiro que poderia ser investido em proteção e segurança para as nossas meninas. O seu mais recente convidado a dar sugestões de medidas para a Educação do país foi nada menos que Alexandre Frota, estuprador e agressor de mulheres, fato que é sabido por todas e todos.

Na cidade Olímpica, “vitrine” do Brasil para o mundo, o que é assistido é a vida das mulheres sendo banalizada. Não é à toa, que o candidato de Eduardo Paes (PMDB) para sua sucessão à frente da prefeitura é um agressor de mulheres, Pedro Paulo que já compõe o governo atualmente e é do mesmo partido do prefeito. Fica claro que essa prefeitura não está do lado das mulheres. Assim como também fica claro que o governo estadual não está preocupado com a nossa segurança. A verdade é que nenhum desses governos, nem federal, estadual ou municipal têm políticas efetivas para garantir a segurança e ampla assistência às mulheres e combater de fato o machismo, a cultura do estupro e a violência contra a mulher.

Nós, mulheres do Vamos à Luta e do Combate, não nos calaremos diante dessa barbárie. Queremos a imediata investigação e punição de todos os estupradores e envolvidos na divulgação dos vídeos e fotos. Reivindicamos a renúncia imediata do Secretário de Segurança do governo do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Para que se faça justiça sobre o caso e em combate à cultura do estupro, é necessário pararmos o país. Colocar de volta nas ruas a Primavera Feminista, que lutou pelo Fora Cunha, e radicalizar a luta em defesa das nossas pautas na mais ampla unidade com as trabalhadoras grevistas, como é o caso das professoras do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

BASTA de estupros e violência contra a mulher!
Mais verbas e investimentos em políticas de proteção à mulher!
Delegacias da mulher em todos os bairros!
Casas de acolhimento às vítimas com vagas suficientes para todas!
Penas mais duras para estupradores e cumprimento rigoroso da lei que tipifica feminicídio como crime hediondo!
Arquivamento imediato do PL 5069 de Cunha!

Mulheres do Vamos à Luta
Mulheres do Combate