1- As eleições do SINTSEP-PA terminaram com a vitória da Chapa 2- Oposição pela Base (CST, PSTU e Independentes) e a derrota da chapa 1 (LS/UNIDOSPRALUTAR). Inúmeras correntes políticas e sindicais estiveram envolvidas ou apoiaram uma das duas chapas, principalmente a Chapa 1. Por isso é importante refletir e tirar conclusões acerca desse processo. Em particular da campanha de calunias da LS/UNIDOS, acusando a Oposição ser “governista”, dentre outras barbaridades.

2- A chapa 2 – Oposição pela Base venceu com 1188 votos, totalizando 57,28% do total. Esse resultado não é só quantitativo e sim essencialmente qualitativo já que é mais expressivo quando analisamos a vitória na Região Metropolitana de Belém com 64%; na principal regional do interior, a Regional do Baixo Amazonas (Santarém) com 75% ou ainda na principal urna da regional do Sudeste, a urna da FUNASA de Marabá com 86%. E o mais emblemático é nossa vitória por ampla diferença nos órgãos que aderiram à greve de 2015 (FUNASA, INCRA, IPHAN, UFPA, UFRA e IEC), ou seja, uma vitória com folga nos locais de trabalho da vanguarda grevista do sindicato. Os fatos demonstram que nos polos de maior concentração da categoria, no setor mais politizado e combativo, que se mobilizou nos últimos meses, primou o sentimento de mudança e de renovação política. Ao mesmo tempo ocorreu um rechaço ao afastamento da base por parte da atual direção e a forma antidemocrática e monolítica como eles conduziam o aparato da entidade. (Ver nota da Chapa 2 em anexo)

3- A votação na chapa 2 também confirma que a base dos servidores quer uma direção combativa, pois votou num programa antigovernista, de oposição de esquerda, contra o ajuste fiscal e a corrupção do governo Dilma e dos tucanos. Ou seja, jamais existiu a possibilidade do “retrocesso” ou do retorno “dos governistas” para a direção do sindicato, o que não passou de uma calunia da chapa perdedora. O resultado também demonstra que a base busca uma direção que não vacile diante dos governistas da CONDSEF, evitando posturas como a abstenção da LS/UNIDOS durante o último acordo de greve na plenária da CONDSEF e a ausência do SINTSEP-PA na reunião de lançamento da oposição nacional no interior da CONDSEF.

4- A base deseja uma nova direção que recoloque a entidade nas mãos da categoria, para que os trabalhadores decidam de forma democrática os rumos da entidade. Não por acaso, a disputa do sindicato foi precedida por duas assembleias muito importantes, ambas ganhas pela Oposição: a) a assembleia que reconduziu o companheiro Gerson para a diretoria do sindicato (após uma expulsão encaminhada de forma burocrática por parte da LS/UNIDOS); b) a assembleia que elegeu a comissão eleitoral do pleito, onde a Oposição venceu com propostas democráticas a exemplo da proporcionalidade na comissão eleitoral e a paridade nos mesários da eleição (questões ditas “inegociáveis” pela LS/UNIDOS). A oposição mostrou nos meses que antecederam a eleição e na greve que era uma alternativa real de direção nas lutas contra o governo Dilma e que possuía propostas para democratizar o sindicato nas assembleias.

5- Sobre a campanha de calunias, a mentira de que seriamos “governistas”, reproduzimos um trecho da resposta unificada da CST-PSOL e do PSTU lançada ainda em meio à campanha eleitoral em Belém: “Com esse tipo de calúnia, a LS/UNIDOS deseja criar uma falsa polarização, como se estivesse disputando o sindicato com uma chapa pelega, governista e burocrática. Uma disputa que seria mais “tranquila” do que a disputa real contra uma chapa de oposição de esquerda que questiona os problemas do sindicato propõe uma nova orientação… Portanto, a LS/UNIDOS nos calunia para tentar gerar um apelo ao voto no “mal menor”, mirando o voto dos servidores desinformados e daqueles que ainda não conhecem a chapa 2. Tudo isso porque sua gestão, seus principais dirigentes e assessores estão muito desgastados, já que o sindicato está completamente afastado da base e a diretoria padece de uma forte acomodação na estrutura sindical, e há um direcionamento da entidade para satisfazer os projetos da LS/UNIDOS”. Ou seja, os companheiros entraram num verdadeiro “vale-tudo” para vencer as eleições, num desespero para manter o controle do aparato da entidade. Um método lamentável que não deve ser utilizado por uma organização de esquerda e que precisa ser varrido de nossa classe. A esse respeito também vale a pena ler a nota do presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo (em anexo).

6- No movimento sindical há um processo em curso de questionamento as direções que se acomodam na estrutura sindical. Algo que não atinge somente setores pelegos e direções tradicionais, mas que perpassa também várias direções da esquerda que estão à frente de inúmeros sindicatos locais, estaduais e nacionais, produzindo desvios e vícios que precisam ser combatidos cotidianamente com vigor e firmeza. As rebeliões de Jirau e Santo Antônio (2011), dos Bombeiros, a revolta popular de Junho de 2013 e greves como a dos Garis de 2014/2015 demonstram o novo momento que vivemos e a possibilidade de construir uma nova direção para nossa classe. Essa tarefa deve ser encarada por meio do protagonismo e mecanismos de participação coletiva das bases e o fortalecimento de novos ativistas, resgatando as melhores tradições do sindicalismo classista e combativo. No caso do SINTSEP-PA, podemos citar um exemplo do que deve ser modificado: em meio á uma direção composta por 70 pessoas, haver uma direção executiva de 9 pessoas que decidia tudo, numa categoria gigantesca, num estado continental, sem apelar nem mesmo a diretoria geral e muito menos aos delegados de base ou para as assembleias da categoria.

7- As eleições passaram e a vida continua. Após as eleições, cujo signo foi o da mudança, temos que nos esforçar para ser fieis ao mandato confiado pelas bases para essa nova gestão. Lutaremos e faremos todos os esforços para produzir essa nova orientação no SINTSEP-PA, para sacudir a entidade e reconectar a direção do sindicato com a categoria, seus problemas e seus anseios. Faremos isso por meio de assembleias, comissões de delegados sindicais, retomando congressos e encontros da base, realizando novas filiações, democratizando as decisões, tornando mais transparente a vida interna e financeira da entidade. Uma luta que só será vitoriosa se os trabalhadores forem protagonistas desse esforço, se os servidores ocuparem o sindicato para arejar suas instâncias. Vamos precisar dessas novas energias para responder aos ataques do governo, combater a nova reforma da previdência, organizar a oposição nacional na CONDSEF, etc. Tarefas que a chapa 2 anunciava em seu programa.

8- Uma das principais tarefas da nova direção do SINTSEP-PA, em nosso entendimento, é construir um terceiro campo, alternativo, de oposição de esquerda, contra o campo petista e o campo dos tucanos. Nesse sentido é muito importante fortalecer um polo unitário da esquerda, dos que querem derrotar Dilma, o PT, PMDB e o PSDB, fortalecendo o espaço de UNIDADE E AÇÂO e suas iniciativas, bem como batalhar pela unidade dos setores combativos não importando a central/movimento onde se organizam atualmente. Como tarefa imediata temos a necessidade de construir um novo ato/manifestação nacional no mês de março, um terceiro ato, que se oponha aos coxinhas e aos governistas. Um evento que mostre que a esquerda, de forma unificada, pode ser uma alternativa real diante da crise geral do país. Esperamos estar juntos com todos e todas que concordem com essas tarefas, em particular com os companheiros da LS/UNIDOS e as organizações de esquerda que apoiaram a chapa 1 nas eleições.

13 de fevereiro de 2016
Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL

ANEXOs:
a) nota da chapa 2: http://cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=936

b) nota do presidente do Sindicato dos Metroviários: https://www.facebook.com/oposicaopelabase2/photos/a.1656023344646605.1073741827.1656014197980853/1679078889007717/?type=3&theater

c) boletim da Chapa2:
https://www.facebook.com/oposicaopelabase2/posts/1675655636016709

d) Nota da CST-PSOL e PSTU

e) Resultado da eleição por urna e regionais: