RJ: Por que nos retiramos do ato do 1 de maio na Lapa
| CST-PSOL e UNIDOS – Rio de Janeiro
Um grupo de garis demitidos, composto pelas principais referências da oposição na COMLURB, foi proibido de falar no ato do 1º de maio no Rio de Janeiro. Um verdadeiro absurdo – negar apoio e não dar voz a ativistas perseguidos e injustiçados – justamente no dia internacional de luta dos trabalhadores!
O mais escandaloso é que os Garis protagonizaram a principal greve do Rio de Janeiro, construindo um novo sindicalismo combativo que se enfrenta contra o ajuste fiscal de Dilma, Pezão e Paes. Além disso, desde 2014, foram solidários a inúmeras greves e mobilizações. Recentemente também prestaram apoio aos professores do Paraná.
Para tentar justificar a exclusão dos Garis, as múmias do aparato, dirigentes da CUT e CTB, utilizaram um argumento burocrático. Diziam que havia “uma lista de oradores previamente fechada nas reuniões” e repetiam esse papo furado durante as longas e insistentes tentativas de negociação realizadas próximo do palco.
Na realidade o que preocupa esses sindicalistas de gabinete é o surgimento de uma nova direção sindical classista, democrática e independente dos governos e dos patrões que vem ganhando força, ligada às greves que estão acontecendo no país. Os pelegos do PT e do PCdoB desejam preservar o governo Paes (PMDB), o seu Vice Adilson Pires (PT), além de manter relações amigáveis com o PMDB no Rio de Janeiro. Infelizmente esse mesmo argumento foi reafirmado pelo MST e pela direção do SINDIPETRO.
Barrar os Garis do palco neste 1 de maio é uma atitude que deve ser repudiada por todos os trabalhadores, sindicatos, organizações políticas, partidos e parlamentares de esquerda, pois se tratou de expulsar do ato os representantes de uma importante categoria que necessita de apoio e solidariedade no momento em que é duramente atacada. Seria como impedir a fala de um professor do Paraná, de São Paulo ou do Pará que estão lutando bravamente em defesa de seus direitos em seus estados. Os trabalhadores devem exigir que seus sindicatos e centrais atuem em solidariedade aos Garis demitidos.
Por esse motivo a delegação dos Garis presentes decidiu se retirar do ato burocrático da Lapa, decisão que foi acompanhada pela CST-PSOL e a UNIDOS PRA LUTAR, juntamente com a LTU (Liga dos Trabalhadores Urbanos), a Chapa Quente – Por Um SEPE Classista, Combativo e Pela Base, o Movimento Marxista 5 de Maio e vários ativistas independentes. Sendo que até a hora em que nos retiramos também estavam proibidas as falas do COMPERJ e outras entidades importantes.
Infelizmente, outras organizações de esquerda que afirmavam defender os Garis, terminaram avalizando esse acordo burocrático. Privilegiaram os acordos superestruturais com as direções governistas da CUT e CTB do que a defesa intransigente do direito de fala dos Garis perseguidos e demitidos. A maior responsabilidade por esse erro recai sobre a CSP-CONLUTAS cujos dirigentes militaram de forma entusiasta por esse ato supostamente “unitário” que foi comandado com mão de ferro pela CUT e CTB, onde falaram representantes de partidos burgueses e cujo perfil foi essencialmente “festivo”. Além disso, o eixo central do panfleto que convocou à manifestação era a defesa da “democracia” e contra o “avanço conservador” semelhante aos eixos governistas do dia 13/03, motivo pelo qual nós não o assinamos. O PCB, PCR e Insurgência não atuaram de forma diferente, avalizando também esse lamentável erro.
Chamamos às organizações de esquerda a refletir. Podem vir a ocorrer outras manifestações contra o PL 4330 e as MP’s de Dilma onde faremos unidade de ação com a CUT, CTB e demais Centrais governistas. E nesses casos a esquerda precisa atuar de forma diferente, retomando o polo classista e unitário que conformamos durante a jornada de luta do dia 15/04, ocasião em que unificamos CSP-CONLUTAS, UNIDADE CLASSISTA, MTST, ANDES-SN, SINASEFE, Sindicatos, Oposições e outros movimentos num manifesto anti-governista e combativo, garantindo as falas de todos os que desejaram intervir durante aquela manifestação unificada. Esse perfil classista, essa política de oposição de esquerda e essa forma democrática de atuar deve ser resgatada e precisa ser mantida.
Rio de Janeiro, 1° de Maio de 2015,
CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES – PSOL
UNIDOS PRA LUTAR