VITÓRIA! Trabalhadores da Volks de São Bernardo passam por cima da direção de sindicato e com greve revertem 800 demissões.
10 dias de greve, trabalhadores da Volks mostram o caminho para enfrentar o ajuste do governo Dilma |
A greve dos metalúrgicos da Volks do ABC foi a primeira grande batalha da classe trabalhadora contra o ajuste do Governo Dilma (PT/PMDB) e dos patrões em 2015. Podemos dizer sem dúvidas que os operários saem vitoriosos. A readmissão de 800 trabalhadores mostrou que a patronal foi obrigada a recuar perante a força desta luta. A base dos trabalhadores teve que enfrentar também a política nefasta da burocracia sindical, que um mês antes havia defendido em assembleia uma proposta de que se aceitasse mais de 2000 PDVs (Plano de Demissão Voluntária) e também congelamento de salários, sendo derrotada pelos trabalhadores na porta da fábrica.
Foi uma greve histórica, imposta desde a base metalúrgica, e que seu exemplo deve ser seguido pelos trabalhadores de outras fábricas, como a Scania, Mercedes, Ford e outras empresas que ameaçam demitir trabalhadores. Não temos dúvidas de que a classe operária do ABC, a partir do exemplo da Volks, sai mais confiante e mais fortalecida para lutar contra o ajuste.
Uma greve que teve a solidariedade de classe de milhares de trabalhadores
Um dia histórico desta greve foi 12 de janeiro, quando 20 mil pessoas tomaram a Via Anchieta e confirmaram o grande apoio a greve e aos trabalhadores demitidos. Metalúrgicos da Ford, Mercedes e Kharman Ghia se solidarizaram aos companheiros da Volks, paralisaram suas atividades e marcharam em conjunto. Delegações de diversas categorias do Estado de São Paulo estiveram presentes, apesar da política da direção da CUT de não mobilizar a base de suas categorias para o ato. Metroviários, Professores, entre outros setores da classe trabalhadora se somaram a luta dos metalúrgicos. Familiares dos demitidos também estiveram presentes e mostraram comoção no ato.
A unidade forjada pelos metalúrgicos de várias fábricas neste ato relembrou os anos 80, onde as greves unificadas deram o primeiro passo na derrubada da ditadura militar.
A CST-PSOL, Unidos pra Lutar e o Coletivo Vamos à Luta enviaram delegações nestes últimos dias em solidariedade à greve. O companheiro Davi de Souza Júnior, da Unidos pra Lutar e diretor do Sindicato dos Químicos de SJC, que esteve presente em apoio à greve, juntamente com outros vários dirigentes da entidade, declarou após uma assembleia: “Estamos aqui porque esta é uma greve decisiva. Os ataques aos trabalhadores da Volks, com estas demissões, refletirão fortemente em toda a classe trabalhadora. A vitória dos trabalhadores da Volks fortalecerá todas as lutas que estão por vir. Cercar esta greve de solidariedade é a tarefa de todo movimento sindical combativo”.
As contradições do acordo e o papel da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
A greve foi vitoriosa, conseguiu a reversão das demissões e os trabalhadores saíram mais conscientes de sua força e confiantes na sua luta. Porém, não podemos deixar de colocar que o acordo que a diretoria do Sindicato fez com a patronal tem algumas armadilhas para esses trabalhadores: a primeira é o PDV (Plano de Demissão Voluntária) que já havia sido rejeitado pelos trabalhadores em assembléia do dia 02/12 que prevê a adesão de até 3 mil trabalhadores. Sabemos que historicamente os PDV não tem quase nada de “voluntário”. Haverá a partir de agora uma enorme pressão dentro da empresa para os trabalhadores aderirem ao Plano. Segundo , o acordo prevê congelamentos salarial até 2016, descartando reajuste real, e amarra em regras pouco claras as campanhas salariais do setor até 2019.
Fica claro após a leitura dos pontos do acordo, que a patronal irá tentar reverter aos poucos a vitória que os trabalhadores tiveram na greve. Para isso, planejam contar com a capitulação e até o apoio da direção do Sindicato, como ficou demonstrado na assembleia do dia 02/12 onde a própria diretoria do sindicato defendeu o PDV e o congelamento de salários propostos pela empresa.
A força da greve, seu apoio externo, e a enorme disposição de luta dos trabalhadores poderia ter revertido as demissões sem aceitar esses problemas do acordo. Porém, a direção do Sindicato, com posição vacilante desde o início, foi responsável por estas cláusulas negativas.
Esta postura equivocada, ficou demonstrada na estratégia do Sindicato de reunir com o governo federal e jogar ilusões de que este governo poderiam defender os trabalhadores. Um governo que iniciou o ano com uma série de cortes de direitos trabalhistas deve ser enfrentado diretamente, pois o PT governa centralmente para defender os interesses das multinacionais, dos bancos e das empreiteiras e não os direitos dos trabalhadores. São coniventes com as milhares de demissões que tem ocorrido no setor industrial. A derrota eleitoral do PT no ABC Paulista, foi também uma demonstração de que cada vez mais se dissipam as ilusões de nossa classe com este governo burguês encabeçado pela presidente Dilma.
Não podemos deixar de citar, que a estratégia da pequena oposição, agrupada em torno da CSP-Conlutas, foi também desastrosa neste sentido. O eixo político de “Dilma, proíba as demissões”, não reflete em nada o processo de ruptura que a nova geração da classe operária brasileira está fazendo com o PT, e só serve para gerar mais ilusões ainda de que seria possível Dilma intervir diretamente em favor dos trabalhadores.
Neste sentido, reafirmamos nossa exigência para que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, junto com a CUT, rompa com este governo que só vem atacando os trabalhadores. Além disso, que seja parte da preparação da unificação das lutas no Estado de São Paulo. As lutas por emprego, moradia, água e contra o aumento da tarifa devem ser unificadas em um forte plano de lutas.
Os trabalhadores da Volks são nosso exemplo para resistir ao ajuste
O “ajuste fiscal” de Dilma e dos governadores se concretizam em dezenas de milhares de demitidos na indústria. Também no aumento das taxas de juros, que tiram das áreas sociais para encher o bolso dos banqueiros. A diminuição dos benefícios do seguro-desemprego e de direitos previdenciários é parte deste ataque global. O aumento da gasolina, da energia elétrica e das tarifas do transporte público também se somam às medidas contra o povo. Há um verdadeiro “tarifaço” contra o povo em curso. Neste sentido, somente organizando greves, atos e protestos por todo país poderemos impor uma derrota aos planos dos governos e dos patrões.
Por uma Plenária Nacional para organizar a luta contra a retirada de direitos!
Propomos que as organizações sindicais, estudantis e populares combativas e de esquerda construam unitariamente uma agenda de lutas contra os ataques que afetam a vida do povo. Para isso é necessário construir uma plenária nacional unitária com todos e todas os que quiserem participar para articular ações concretas contra as medidas que estão sendo apresentadas pelo governo Dilma, pelos governadores e os patrões. Uma tarefa fundamental para a CONLUTAS, as Intersindicais, o CONAT, as correntes sindicais de esquerda, sindicatos nacionais como o ANDES-SN, movimentos como o MTST; partidos como o PSOL, PSTU, PCB e PCR dentre outras organizações políticas; a esquerda da UNE, a ANEL e DCE’s como da USP e UFRJ; para as oposições sindicais combativas, os sindicatos que resistem o ajuste. Os operários da Volks mostraram que é possível vencer e o grande ato do dia 12, mostrou que é possível propor a unidade dos trabalhadores em torno de suas reivindicações.
São Paulo, 26 de Janeiro de 2015
CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES/PSOL
TENDÊNCIA SINDICAL UNIDOS PRA LUTAR
COLETIVO ESTUDANTIL VAMOS À LUTA.