NEM DILMA, NEM AÉCIO! Vote nulo e lute contra os ataques do próximo governo!

“Linha auxiliar do PT é uma ova!” – Luciana Genro no debate da Rede Vida | Nota da CST

"A política econômica é o tema que unifica os três candidatos do sistema, Dilma, Aécio e Marina… 40% do orçamento vai para sustentar as 5 mil famílias mais ricas, os credores da dívida pública, junto com os bancos… Os três irmãos siameses não querem e não vão à raiz dos problemas. Eles só querem seu voto para governar com os mesmos de sempre" – Luciana Genro no debate do SBT

Nos próximos dias, o país estará voltado para o segundo turno entre Dilma e Aécio. Sabemos que um amplo setor dos trabalhadores e da juventude está disposto a utilizar seu voto para castigar as candidaturas com as quais tem menos afinidades. Compreendemos esse sentimento, mas queremos alertar para o fato mais importante deste segundo turno: ganhe quem ganhar a eleição, devemos nos preparar para enfrentar os governantes que, após eleitos, irão praticar mais ajuste fiscal e privatizações contra o povo. O PT e o PSDB polarizam as eleições sem que exista uma grande divergência programática entre eles. Um exemplo disso é o desespero em busca do apoio de Marina e do PSB, após denunciá-los como “a nova direita” ou como “incoerente”.

Luciana Genro enfrentou os candidatos do sistema

Nós do PSOL estivemos com Luciana Genro apresentando saídas para resolver os problemas da classe trabalhadora e da juventude, tais como: nossos baixos salários, péssimas condições de trabalho, reverter a privatização da saúde e educação e enfrentar o cartel que domina o sistema de transporte. Dando voz a luta em favor das pautas libertárias (casamento civil igualitário, criminalização da homofobia, legalização do aborto e da maconha) e combatendo os setores fundamentalistas. Uma saída que passava por atacar os banqueiros, contrariar os interesses dos milionários, realizar uma auditoria da dívida interna e externa, suspender seu pagamento e destinar verbas para investir nas áreas sociais. Isso explica o porquê, apesar do boicote da mídia e do farto dinheiro das outras campanhas, nossa candidata pôde agregar tantos jovens e trabalhadores, de todas as idades, nos debates e comícios, conquistando uma vitória política para o PSOL. Foi por meio de uma disputa programática, denunciando as três grandes candidaturas do sistema, que conseguimos avançar. Luciana Genro tem uma imensa responsabilidade perante os militantes e os eleitores do PSOL, por isso deve aproveitar o capital político da eleição e manter o PSOL como uma alternativa de esquerda coerente, o que significa não ceder às pressões dos irmãos siameses no segundo turno e reafirmar que não somos “linha auxiliar do PT”. Não pode, portanto, se limitar a declarações públicas apenas contra Aécio, pois abre espaço para o voto no PT. Declarações que são iguais as do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), em pronunciamento no congresso nacional, que afirma que nosso maior inimigo é o PSDB. Uma política errada e inaceitável, em contradição total com a trajetória que acumulamos durante o primeiro turno.

Chega de PT e PSDB! Eles não nos representam!

Dentro da esquerda e do PSOL há um debate semelhante ao de 2010, quando a executiva nacional autorizou o voto no PT no segundo turno (já que ninguém defende voto nos Tucanos). Agora em 2014, logo no final das apurações, uma das maiores lideranças do Partido, o companheiro Marcelo Freixo, deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro, já se posicionou, por meio de entrevista à Radio CBN, declarando voto em Dilma. Fez isso publicamente sem que a executiva nacional ou estadual tenha se reunido para debater o assunto e sem apelar ao debate coletivo com a militância do partido. Um desserviço à construção coletiva e a campanha-movimento no Rio de Janeiro. Consideramos essa atitude um erro político e metodológico, principalmente pelo peso que uma declaração de Freixo possui num estado onde o PSOL tem uma grande influência, pois vincula nosso partido ao projeto burguês e oficialista de Dilma e do PT. Há ainda a proposta de setores da US (Unidade Socialista) para que o PSOL formulasse uma carta de exigências ao PT, como se Dilma tivesse alguma semelhança ideológica ou programática com o que o nosso partido defendeu no primeiro turno. Ou ainda, podem surgir propostas de liberar a militância para aplicar todas as posições, combatendo apenas o PSDB.

Diferentemente do que afirmam setores do PSOL, Dilma e o PT não são de esquerda e não estão combatendo a “burguesia conservadora e imperialista” agrupada no PSDB. Dilma e o PT privatizam e ao mesmo tempo reprimem as greves e manifestações da juventude e da classe trabalhadora. Eles pagam religiosamente cerca de 2 bilhões de reais aos banqueiros a cada dia, o que produz uma crise social brutal em nossos estados e município. É o governo Dilma (PT/PMDB) que privatiza os Hospitais Universitários através da EBSERH e privatiza até mesmos nossas reservas de petróleo do Pré-Sal. Foi Dilma quem organizou com os governadores do PMDB, PSDB e PSB a repressão às jornadas de Junho e as greves de maio (utilizando a força nacional e as forças armadas), compactuando com as absurdas prisões políticas em São Paulo, Rio de Janeiro, e editando a Lei que permite o enquadramento de ativistas no crime de “organização criminosa”. O governo Dilma e o PT não atendem as reivindicações dos servidores públicos federais, criminalizam as greves e demitiram 189 trabalhadores temporários do IBGE em meio a greve da categoria. Eles estimulam a “guerra as drogas” que mata milhares de Amarildos, DG’s e Claudias nas periferias do Brasil. Estão ao lado de Sarney, Collor, Renan, Jader Barbalho e dos fundamentalistas e conservadores, tanto que colocaram Feliciano na comissão de direitos humanos. Dilma e o PT são apoiados pelo agronegócio e pelo ruralismo através de Kátia Abreu, a chefe dos pistoleiros que assassinam trabalhadores rurais no campo. Além disso, a primeira mulher a ocupar a presidência da república, termina seu mandato mantendo o aborto na ilegalidade, sendo responsável pela morte de milhares de mulheres como Jandira. Os exemplos e fatos são inúmeros, portanto, não cabe de maneira nenhuma ao nosso partido voto em Dilma. A verdade é que tanto Dilma quanto Aécio, com diferenças secundárias em seus discursos, na prática atuam contra os principais pontos programáticos que Luciana e o PSOL levantaram na eleição e nós não podemos votar contra nosso programa e muito menos em nossos carrascos. Não por acaso o PT, 10 anos atrás, quando deixou de ser de esquerda, expulsou Luciana Genro, Babá e demais radicais e de lá pra cá sua decadência política só piorou. Não por acaso Aécio e Marina defendiam a manutenção da “política social” paliativa do PT, pois ela não ataca um milímetro dos lucros dos banqueiros e empresários, setores que se deram muito bem nos últimos 12 anos de Lula e Dilma.

Que a base decida!

Nas disputas do segundo turno nos estados, acreditamos que o PSOL não deva buscar características que tornem um ou outro candidato “menos pior”. Todos foram, corretamente, alvo de nossas denúncias. O companheiro Tarcísio Mota, nosso candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro, concedeu entrevista e acertou ao afirmar: “O PSOL ainda vai se reunir para discutir a questão do segundo turno. Assim como tivemos no primeiro turno uma campanha programática, só há possibilidade de apoiar se tiver afinidade no programa. O que nós vimos no primeiro turno é que a campanha do Pezão e a candidatura do Crivella não têm identidade programática com a nossa campanha, portanto, em princípio, não devemos apoiar nenhuma das duas candidaturas”. Acreditamos que deva ser essa a nossa postura no Pará, Rio Grande do Sul, etc, e até mesmo no Amapá para reverter a traição do 1º turno, quando a US entrou na chapa da oligarquia Capiberibe.

Para concretizar a construção coletiva que deve ter nosso partido, e para dar voz à base partidária que exemplarmente fez uma linda campanha em todo o país, exigimos que os diretórios regionais façam plenárias para que a militância decida nossa posição diante do segundo turno. Nesses espaços a proposta da CST é que as direções nacionais e estaduais orientem voto nulo, tanto no embate com Dilma e Aécio quanto nos estados onde haverá segundo turno pra governador.

Organizar a luta dos trabalhadores e da juventude nas ruas!

Enquanto fazemos esse debate, disputamos nosso projeto em todo país, e votamos nulo, o PSOL deve intervir com força nas mobilizações que estão em curso nos estados (como foi a greve bancária). É preciso cercar de solidariedade e buscar a unidade das lutas para obtermos vitórias como as da recente greve da USP. O PSOL deve alertar os trabalhadores e o povo sobre a necessidade de organizar as lutas, nas ruas, nos piquetes, retomando as lutas de massas como em junho de 2013 ou em maio de 2014.

07/10/2014, Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL