Petrobrás e eleições 2014:
NOVO ESCÂNDALO ATINGE EM CHEIO DILMA E O PT |
Silvia Santos – Executiva do PSOL e da CST
Um fato inesperado como a queda do avião no qual viajava o candidato presidencial do PSB, Eduardo Campos, colocou sua vice Marina Silva na condição de candidata. Esta, rapidamente conquistou setores dos desencantados que pensavam votar nulo ou se abster e os cansados da falsa polarização PT x PSDB que perdura há 20 anos, levando Marina a empatar com Dilma no primeiro turno e a vencer da petista na simulação de um segundo Turno, segundo pesquisas eleitorais.
Começada a propaganda de TV e a artilharia pesada do PT contra Marina, Dilma avançou a um ritmo maior que Marina, abrindo mais uma vez a expectativa de uma reviravolta na campanha do PT.
Mas, novamente o inesperado pode colocar o quadro eleitoral de pernas para o ar: o acordo de “delação premiada” de Carlos Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás entre os anos de 2004 a 2012, preso no marco da operação “Lava Jatos” por desvio de dinheiro público, abre mais uma vez uma interrogação sobre o resultado eleitoral, atingindo em cheio mais uma vez o PT e sua candidata. Desvincular a candidata do PT destes episódios é impossível, visto que Dilma controlou a Petrobras nos últimos 12 anos como ministra de Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração, depois como Ministra-Chefe da Casa Civil e, agora como Presidente da República.
Entre os políticos denunciados, de acordo com a Revista Veja, está o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN), os ex-governadores do Rio e de Pernambuco, Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Campos (PSB) e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB); o ex-ministro das Cidades de Dilma, Mário Negromonte (PP-BA), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que aparece em outros episódios da investigação da Operação Lava Jatos, e também os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI), além dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).
No depoimento, o delator indica como eram abertas contas bancárias no exterior por empreiteiras, quais os diretores e presidentes dessas empresas envolvidos, onde estão as contas e quem eram os beneficiários. Os recursos eram pagos no exterior pois as empreiteiras têm subsidiárias em vários países e dessa forma ficariam menos rastros dos pagamentos aos políticos.
Não é de se espantar que boa parte dos contribuintes das campanhas de Dilma sejam empreiteiras. De acordo com sua prestação de contas, a Andrade Gutierrez, sozinha, doou R$ 11 milhões e a OAS outros R$ 10 milhões. O grupo JBS, dono da marca Friboi, que recebeu farto financiamento por parte do BNDES, doou R$ 14,5 milhões à petista, sendo que a candidata já gastou em agosto R$ 54,1 milhões.
Cabe, então, uma rigorosa investigação dos fatos, de todos os envolvidos, dos corruptos e dos corruptores, e o afastamento imediato de todos os suspeitos de qualquer cargo público ou político, assim como a devolução para os cofres públicos de todo o dinheiro roubado. Esta investigação poderá apurar de verdade se os funcionários e técnicos da Petrobrás assumem a tarefa.
BOXE: MODELO ECONÔMICO FALIDO
O PIB divulgado do segundo trimestre de 2014, de -06%, depois de constatado que no primeiro trimestre recuou 0,2%, confirma que a recessão é um fato, atrapalhando ainda mais as ambições presidenciais do PT. Pois, ainda que faltem 20 dias para as eleições, não podemos descartar novas reviravoltas, estando assim o cenário final indefinido, ainda que já possamos considerar que haverá segundo turno e que se fosse hoje seria entre Dilma e Marina.
O modelo de Dilma PT/PMDB está falido, pois ainda que com alguma diferenciação aqui ou acolá, está a serviço dos mesmos interesses que o modelo de FHC e do modelo que compromete Marina: o de fazer economia dos gastos sociais para pagar os juros a um punhado de banqueiros e grandes capitalistas, levando a que mais da metade do orçamento esteja comprometido com o pagamento da dívida pública, enquanto que as exigências que levaram milhões de jovens e trabalhadores às ruas em junho de 2013 (educação, saúde e transporte padrão Fifa) não chegam a ocupar 9% do orçamento! Somado às isenções fiscais às multinacionais, aos empréstimos a juros camaradas do BNDES para os “amigos” do poder, como o atualmente falido Eike Batista ou o frigorífico JBS, está claro para quem governa Dilma, continuando a política de FHC, modelo com o qual Marina está comprometida até o tutano.
Ganhe quem ganhar, seja Dilma, Marina ou Aécio, virá mais ajuste contra o bolso do trabalhador, maior desemprego, aumento de tarifas e mais privatizações, pois estas são as exigências dos “mercados” (bancos e grandes capitalistas) para os próximos anos, que os três candidatos estão dispostos a cumprir. Mas o fato político irreversível ganhe ou perca o PT é a perda de expectativas e de base social desse partido, outrora esperança da classe trabalhadora, que caso vença, será na base dos votos das cidades menores e pequenas do interior, perdendo em praticamente todas as capitais.
MARINA É A VELHA POLÍTICA DISFARÇADA DE NOVA
A cada dia que passa é mais difícil para Marina se mascarar de “nova política”. Não só pelo fato de ter recuado no que diz respeita aos direitos dos LGBT, nem por ter recuado e agora ser favorável à anistia aos torturadores. Mas, fundamentalmente, por defender o mesmo modelo econômico comprometido com o setor financeiro, o agronegócio, as empreiteiras e as multinacionais. Como podemos esperar que Marina enfrente os bancos se sua principal colaboradora é sócia do poderoso Itaú Unibanco e tem entre seus conselheiros econômicos Pérsio Árida, ex. presidente do Banco Central no governo do FHC? Como se “descolar” da velha política se até o avião que custou a vida de Campos tem origem questionável e o próprio Campos seria um dos beneficiados no esquema “lava jatos” delatado por Roberto Costa? Como pode representar uma nova política quem na eleição de 2010 definiu “não ser de esquerda nem de direita, nem situação nem oposição” e na mesma eleição obteve contribuições superiores a R$ 2 milhões das empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Correia?
UMA NOVA POLÍTICA SOMENTE COM LUCIANA PRESIDENTE!
Boicotada pelas pesquisas e pela grande mídia e com pouquíssimo espaço na propaganda de TV, Luciana vem se destacando como a única alternativa de esquerda frente aos irmãos siameses Dilma, Marina e Aécio. Graças ao esforço militante do partido e ao seu bom desempenho pessoal, nossa candidata percorre estados e capitais, com grande apoio fundamentalmente entre a juventude. Nos debates da TV Band e SBT Luciana soube fazer o contraponto aos três candidatos do sistema, se diferenciando ainda do fundamentalista pastor Everaldo, centrando na economia com a proposta de auditoria e suspensão do pagamento da dívida, na tributação das grandes fortunas, mas também em temas considerados “tabu”: descriminalização do aborto, da maconha e direitos civis igualitários para LGBT onde teve a coragem de contrariar o oportunismo eleitoreiro dos candidatos que, por temer perder votos, negam direitos elementares, ao contrário de Luciana que mostrou que o PSOL está do lado dos direitos das mulheres, da comunidade LGBT e da legalização da maconha.
Luciana expressa uma nova política pois, ao contrário dos candidatos do regime, não mente e diz de onde sairá o dinheiro para cumprir com as demandas dos milhões nas ruas e nas greves para salário, saúde, educação, transporte, moradia ou saneamento básico e nem faz alianças espúrias para ganhar votos e tempo de TV com bases fisiológicas.
Por isso, além de apoiar as greves e lutas como a da USP ou a dos trabalhadores do judiciário, chamamos à juventude e aos trabalhadores a não perder seu voto com falsas opções e a votar na única candidatura e no único programa que constroem um futuro para a maioria do povo: votar nos candidatos a deputado federal e estadual, a senador e governador do PSOL 50 e na nossa candidata a presidenta LUCIANA GENRO.