Nota oficial da CST sobre a criminalização dos movimentos sociais no RS
Basta de perseguição política aos movimentos sociais pelo Governo Tarso | CST-PSOL do Rio Grande do Sul
Na última terça-feira, 30 de setembro, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul protagonizou cenas que relembram a ditadura militar. Invadiu a casa de dois militantes políticos, Lucas Maróstica do PSOL e Matheus Gomes do PSTU, levando computadores, documentos políticos, cadernos e livros de teoria marxista. Invadiu também a Ocupação Urbana Utopia e Luta, o Centro Cultural Anarquista Moinho Negro e a sede da Federação Anarquista Gaúcha à procura de materiais que pudessem incriminar seus moradores e frequentadores. Isso tudo após, na semana passada, prender estudantes secundaristas e três professores do ensino público e militantes do Bloco de Lutas sem nenhuma prova, mas que estavam identificados com uma bandeira do CPERS Sindicato.
Já nas Jornadas de Junho, a Brigada Militar agia de forma totalmente truculenta, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes que lutavam por um país mais justo. Agora estamos frente à uma nova ofensiva comandada pelo Governo Tarso, que busca criminalizar manifestantes para desmoralizar os movimentos frente à “opinião pública”, na tentativa de prevenir seu governo e a classe dominante de que novos levantes como os de junho ocorram. Sabemos também que 2014 já está dando os seus primeiros sinais que demonstram o que os governos de Tarso e Dilma querem: calar a voz de manifestantes que lutam pelos seus direitos legítimos em detrimento da FIFA e patrocinadores da Copa do Mundo (como o banco Itaú). O pacote de criminalização e perseguição política à la anos de chumbo de 64 (só que em pleno ano de 2014) do Governo Dilma e seus governos estaduais, nos parece que já começou a ser aplicado.
O Secretário de Segurança Airton Michels deve sair imediatamente
O responsável mais direto pelas cenas de ditadura que vimos no Rio Grande do Sul é o Secretário de Segurança Airton Michels. Este homem teve a cara de pau de dizer que as invasões que a Polícia Civil fez “não tem viés político”. Sua responsabilidade direta nestes lamentáveis episódios exige punição. Por isso, acreditamos que Airton Michels não tem nenhuma condição política de continuar no cargo que ocupa. Se Tarso não o retirar do cargo, comprovará ainda mais sua aprovação no esquema de repressão e perseguição política arquitetado na Secretária de Segurança que é subordinada ao Governador do Estado.
O maior vandalismo é a depredação da educação promovida por Tarso
Enquanto prende professores sem nenhuma prova, o governo gaúcho promove uma verdadeira depredação das escolas públicas. Não cumpre a lei do piso para professores que ele mesmo criou quando ministro e aplica de forma totalmente antidemocrática o Ensino Politécnico nas escolas, projeto educacional voltado para formar mão de obra barata para os empresários. Enquanto Tarso e seus “companheiros” de governo depredam a educação pública negando investimentos em infraestrutura, os empresários ganham bilhões em isenções fiscais. A recente greve promovida pelos educadores denunciou toda a situação de precarização que vivem as escolas estaduais.
Retomar a luta de massas! Por novas Jornadas de Junho!
A tentativa dos governos de criminalizar os movimentos sociais nos deixa como primeira tarefa a defesa de todos os ativistas perseguidos pela polícia no Rio Grande do Sul e no Brasil. A recente repressão e perseguição aos Black Blocs, com prisões e invasões de domicílio no Rio de Janeiro, deve também ser rechaçada pelos lutadores de todo o país.
Democraticamente queremos debater com os companheiros e companheiras dos movimentos sociais a nossa opinião de que o caminho a ser tomado pelos que lutaram em junho é o da luta de massas. Apoiar as greves e mobilizações da classe trabalhadora é nossa tarefa mais atual. A greve dos bancários e dos Correios merece nossa admiração e apoio concreto. A luta dos educadores pelo Piso Nacional também é nossa.
Acreditamos que o caminho não está em pequenos grupos quebrarem patrimônio público ou privado. Infelizmente essas táticas de luta nos mostram hoje que afastam o diálogo que precisamos ter com a classe trabalhadora e amplos setores das massas. Por isso não temos acordo com elas.
É importante refletirmos que, para os banqueiros, causaria muito mais pânico milhares de trabalhadores bancários lutando pela estatização do sistema financeiro do que a destruição de todas as vidraças das agências bancárias de Porto Alegre. Sabemos que a ação direta das massas é o caminho a trilhar para as grandes mudanças que almejamos no país. O reajuste das tarifas de ônibus não seria derrotado em todo o Brasil se apenas 100 ou 200 ativistas estivessem nas ruas, mesmo que eles colocassem fogo em dezenas de ônibus por todas as cidades. As tarifas só baixaram porque centenas de milhares foram às ruas.
Após junho, o Brasil não é mais o mesmo. E a tarefa dos ativistas que seguem a luta é preparar novos levantes de massa para que possamos derrotar a política de favorecimento da burguesia implementada por governos como os de Tarso e Dilma. Para isso, qualquer canal de diálogo que percamos com o movimento de massas é um passo atrás para novas conquistas.
Pelo arquivamento de todos os processos contra os lutadores!
Fora Airton Michels!
Tarso Genro não vai calar a voz das ruas com cassetetes e bombas!
Novas Jornadas de Junho virão!
Porto Alegre, 03/10/2013 – Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL