Nota da CST sobre a deputada Janira e o PSOL-RJ
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1) O PSOL no Rio vive um grave problema que surgiu a partir de uma forte disputa entre dois grupos que antes conformavam uma única tendência ao redor da deputada Janira e da direção do Sindsprev. Essa briga não é política e nem programática, tanto que os dois grupos assinaram a mesma tese nacional no IV congresso do Partido: “Unidade Socialista, por um PSOL popular”, liderada por Ivan Valente e Randolfe Rodrigues. Essa disputa é por estrutura e aparato e está municiando nossos inimigos de classe com argumentos para atacarem o PSOL e seus parlamentares.
2) Isto ocorre num estado onde o partido é forte nas ruas e aparece como alternativa política para um amplo setor da juventude e dos trabalhadores. Fato comprovado nas passeatas, nas greves e nas ultimas eleições.
3) A CST não aceita que a burguesia, a Globo, a Veja, os Governistas, a ALERJ ou qualquer instituição burguesa – que utilizam esquemas mafiosos para governar para os ricos – julguem Janira e o PSOL. Não fazemos coro com a burguesia e os governistas que querem cassar o mandato da Janira e fragilizar o PSOL. Essa casa legislativa composta por amplíssima maioria de corruptos, milicianos e bandidos não representa os anseios do povo, não tem moral para julgá-la e não possui o mínimo “decoro parlamentar”. Não por acaso a ALERJ foi um dos alvos da fúria dos manifestantes durante as jornadas de junho, já que é uma instituição que existe para defender os interesses fisiológicos dos empresários e das empreiteiras.
4) Porem desta vez não se trata de uma denuncia montada pela burguesia contra Janira, como na ocasião da greve dos militares da Bahia e do Rio. Naquele momento a CST defendeu incondicionalmente Janira frente às denuncias da Globo e de Cidinha Campos, pois se tratava de um ataque em função de um posicionamento correto da companheira diante de uma importantíssima greve. Agora o caso é diferente. São denuncias e acusações mutuas oriundas dos grupos que até bem pouco tempo comandavam juntos o mandato, o sindicato e o PSOL Estadual. E é esse “fogo amigo” que está servindo de munição à imprensa burguesa e à base do governo para atacar o PSOL. Um dos grupos chegou ao ponto inimaginável de chantagear a deputada Janira. Chegando ao cúmulo de que dois integrantes desse grupo tentaram vender um dossiê com supostas denúncias à deputada Cidinha Campos, que é parte da base aliada do governo burguês de Cabral. Já a deputada Janira levou esse caso ao Ministério Publico e ao Presidente da ALERJ, Paulo Melo do governista e corrupto PMDB. Tudo isso antes que o caso fosse encaminhando às instâncias do PSOL. Parte de toda essa briga era de conhecimento de dirigentes do bloco ao qual Janira pertence, já que ambos os grupos se articulavam com dirigentes nacionais nos debates do IV Congresso do Partido, sem que nada fosse feito, demonstrando a irresponsabilidade destes dirigentes.
5) Toda essa situação é em decorrência de uma política totalmente errada que privilegia a construção, o fortalecimento e o controle de aparatos em detrimento dos princípios da esquerda socialista. Uma política que foi aplicada profundamente no Rio de Janeiro sob a gestão de Janira na presidência do PSOL. Foram os dois grupos, que agora estão em guerra, que filiaram indivíduos problemáticos para serem candidatos na última eleição da cidade do Rio, um dos quais tivemos que retirar de nossas fileiras. Foram eles que fizeram todos os tipos de manobras com o tempo de TV de candidatos que não pertenciam a sua tendência, para garantir a vitória de Jeferson Moura, que estava saindo do PSOL para construir o partido burguês de Marina Silva (Rede). No estado todo realizaram filiações em massa de gente oriunda da direita, arrebanhando pessoas com uma metodologia oposta a de um partido de esquerda e socialista. Assim construíram maiorias nos diretórios, para disputar as eleições e sustentar a política nacional de diluir o PSOL no campo governista e se aliar até com a PTB e PSDB. No interior do estado também tivemos inúmeros problemas e até mesmo apoios a partidos da direita. Essas práticas, realizadas ao longo do tempo, sustentando uma política que deformava o PSOL, levaram a degeneração atual. Todo esse processo tinha como objetivo construir o seu próprio grupo em aliança com o setor organizado na Tese "Unidade Socialista por um PSOL popular" para terem maioria nas instancias do partido e poder aplicar seu projeto político, seu programa e sua política nacional de alianças com setores governistas e até com a velha direita. Essa mesma forma de fazer política foi implementada por esta mesma tendência, antes de sua desagregação, em Goiás e Minas, ocasionando problemas semelhantes que envergonham a militância real do partido. Portanto este método de construção e de concepção partidária está serviço da política do setor liderado por Ivan Valente e Randolfe Rodrigues, de alianças espúrias, de fazer do PSOL uma "ala esquerda do PT", para o qual precisam acabar com o caráter militante do partido. Para esse objetivo, seu método é o de arrebanhar filiados unicamente para ser maioria, eleger mandatos a qualquer custo e construir um partido de cabos eleitorais e não de militantes.
6) A CST discorda das posições que o bloco ao qual pertence Janira vem divulgando em suas notas sobre o caso, pois eles minimizam os fatos. Defendemos a mais profunda investigação em nossas instâncias partidárias, na comissão de ética e nos diretórios, das mútuas denúncias e acusações que os dois grupos fizeram publicas na imprensa burguesa e que eles mesmos levaram ao Ministério Publico e a Presidência da ALERJ. Defendemos as resoluções votadas na executiva do Rio: expulsão dos 2 membros da executiva estadual que tentaram vender o dossiê, afastamento de Janira da liderança da bancada e da presidência do PSOL RJ e a instalação da comissão de ética para todos os envolvidos nas denúncias, cuja apuração dos fatos deve ser rigorosa. Além disso, entendemos que são os trabalhadores, em seus fóruns de base, quem devem julgar os problemas de seu sindicato apurando pra valer todas as denúncias que existem e punindo severamente todos os responsáveis por irregularidades que sejam comprovadas, seja nas contas do sindicato ou na atuação da diretoria. O que se for feito, contribuirá para a educação da classe trabalhadora nos princípios de um sindicalismo revolucionário que defende que as entidades sindicais sejam independentes do Estado/Patrões/Governos e tenham autonomia perante as forças políticas e/ou grupos que eventualmente estejam à frente de sua direção.
7) Por fim, opinamos que estamos diante de um importante debate político, programático, de estratégia e de concepção partidária, em meio às plenárias do IV Congresso do partido. O setor agrupado na Tese " Unidade Socialista, por um PSOL popular" mostrou, novamente, que não pode seguir à frente do PSOL. A saída é fortalecer o bloco de esquerda, garantindo uma mudança radical no partido, resgatando o perfil que marcou a fundação do PSOL: anti-capitalista, anti-governista, de combate e militante.
CST-PSOL, Rio de Janeiro,
12/09/2013