DECLARAÇÃO SOBRE A REVOLUÇÃO SÍRIA DAS FORÇAS DA ESQUERDA PARTICIPANTES NO FSM
Março de 2013 – Forum Social Mundial | Tunisia
Março de 2013
As revoluções que eclodiram na região árabe a partir da Tunísia despertaram grande interesse no mundo inteiro. No entanto, a situação complicou-se quando a revolução chegou à Síria, colocando em evidencia uma grave incompreensão do processo, como consequência de uma lógica caduca derivada da Guerra Fria e da divisão do mundo em dois blocos. Por isso, os que abaixo assinamos, afirmamos os seguintes princípios:
1- O que acontece na Síria é uma revolução em todos os sentidos do termo. É o resultado do desabamento econômico na Síria das ultimas décadas como consequência da crise estrutural que empobreceu e precarizou amplos setores da população e concentrado a riqueza nas mãos de uma minoria mafiosa apoiada em uma ditadura. O objetivo da revolução é por tanto a promoção das liberdades e da democracia, assim como a transformação do sistema econômico em favor das classes populares e a construção de um Estado laico e democrático que garanta a igualdade para todos os filhos do povo sírio, desde os kurdos a todos os outros setores.
2- Declaramos nosso apoio à revolução síria. É indispensável apoiá-la para que sua vitória fortaleça a perspectiva de transformações sociais, políticas e econômicas profundas y ajude outros países no caminho da revolução, de Marrocos até Arábia Saudita, no contexto da situação internacional marcada pela crise profunda do capitalismo a nível mundial que anuncia a irrupção de amplos movimentos em muitos lugares do mundo.
3- Rejeitamos a lógica que conduz a uma intervenção militar imperialista estrangeira, seja dos EUA ou da União Européia. Rejeitamos também a intervenção da Rússia e do Irão, assim como também qualquer lógica sectária ou que tente impor um signo religioso à revolução, pois se trata de uma revolução popular, e não é nem será um conflito confessional ou religioso. È necessário denunciar as políticas da oposição que reduzem a revolução às suas reivindicações liberais, o que não contribui para solucionar os problemas do povo, mas somente de alguns indivíduos que procuram poder.
4-Afirmamos que este regime está baseado em fundamentos neoliberais e mafiosos, e não na luta contra o imperialismo. O regime tem se caracterizado sempre pela sua submissão ao estado sionista, fazendo a guerra à revolução e ao povo palestino, instaurando uma longa estabilidade nas fronteiras, sem ter intentado jamais recuperar o Golán ocupado.
5-Denunciamos a repressão brutal do regime contra o povo, que constitui um crime contra a humanidade. È necessário denunciar também a sabotagem dos países do golfo, que no caso da Arábia Saudita busca o fracasso da revolução, e no caso de Qatar impor a dominação dos Irmãos Muçulmanos. Denunciamos da mesma forma a tentativa de exportar a jihad a Síria como um elemento essencial do processo contra revolucionário.
6- Por tudo isso é necessário dar apoio político, midiático e material à esquerda síria comprometida com a revolução, com todos os médios possíveis. Este apoio deve ser parte de uma iniciativa orientada a coordenar a ação de todas as forças da esquerda que atuam em favor das revoluções com o fim de favorecer seu desenvolvimento e de transformá-las em revoluções populares vitoriosas.
7- Devemos coordenar ações de mídia mundiais para romper o controle da mídia imperialista do Golfo, que deformam a revolução e transmitem uma falsa imagem. Para isso promoveremos a troca de informações e difusão das análises da esquerda síria sobre a revolução.
8- É necessário esclarecer a natureza da revolução síria com o objetivo de intentar mudar a posições daqueles que apoiam “desde a esquerda” um regime mafioso e criminoso sob o pretexto que ele é “anti-imperialista”. É necessário que a esquerda adote uma verdadeira posição revolucionária de apoio à revolução síria, como parte integrante das revoluções nos países árabes e como ponto de partido de um acirramento da luta de classes e o desenvolvimento de novas revoluções na Europa, Ásia e tal vez no resto do mundo, sob os efeitos da crise capitalista.
9- Em consequência devemos nos mobilizar em uma campanha em apoio da revolução síria, atuar para clarificar suas condições, suas dificuldades e seu caráter essencialmente revolucionário, contra os regimes mafiosos y contra o capitalismo cuja superação aspiramos.
Para tal fim podemos começar com uma jornada em apoio à revolução síria, organizada pelas forças da esquerda em cada um de nossos países durante a primeira semana de maio de 2013.
Um comitê de preparação organizara na Tunísia um congresso em apoio à revolução síria por parte da esquerda internacional, provavelmente em junho de 2013. Um comitê de acompanhamento permanente, surgido do congresso, atuará para manter o apoio à revolução e às esquerdas sírias e para aprofundar a compreensão da revolução por parte da esquerda mundial.
Tunísia, 31 de março de 2013.
Primeiras assinaturas
Coalição da Esquerda Síria
Organização de Comunistas Síria
Partido Democrático Kurdo na Síria
Corrente da Esquerda Revolucionária Síria
Liga de Esquerda Operária (Tunísia)
Partido dos Trabalhadores (Tunísia)
Luta Internacionalista (E. Espanhol)
Frente Operária (Turquía)
Movimento Revolucionário (Brasil)
Unidade Internacional dos Trabalhadores – IV Internacional (UIT-CI)
SolidaritéS (Suíza)
Comitê de Solidariedade com a Causa Árabe (E.Espanhol)
Novo Partido Anticapitalista (França)
Marea Socialista (Venezuela)
Esquerda Anticapitalista (E. Español)
Partido Socialismo e Liberdade (PSL), da Venezuela
Esquerda Socialista, Argentina.
Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST), Chile
La Protesta, Bolívia
Unidos na Luta, Perú
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST/PSOL), Brasil
Propuesta Socialista, Panamá
Para assinar a declaração e entrar em contato com o comitê de acomapnhamento:
congres.gauche@gmail.com