O que são o sionismo e Israel?

| Laclasse.info – Tradução Priscila Guedes

Por Mercedes Petit e Gabriel Zadunaisky

Ao final do século passado, como resposta ao programa contra os judeus que se dava fundamentalmente no império austro-húngaro e na Rússia Czarista (que era entre outras razões consequência de toda uma política de repressão contra os trabalhadores e distintas nacionalidades oprimidas), se formou um movimento impulsionado diretamente pela burguesia imperialista (com alguns destacados magnatas multimilionários judeus encabeçando, como Rothschild), o sionismo, que sustentava que a solução era formar um estado "judeu".

Este plano tinha o pérfido objetivo de separar as massas judias (em sua maioria pobres camponeses, artesão, pequenos comerciantes ou trabalhadores) da luta de classes de seus respectivos países, da luta de todos os explorados e oprimidos para derrotar esses regimes totalitários, e da luta mundial contra o sistema imperialista burguês. Tinha o objetivo expresso de separá-los dos partidos marxistas, revolucionários, que eram condenados pelos sionistas como partidos "subversivos".

Este plano imperialista baseado no racismo, a dizer, fascista, foi combatido pelos marxistas desde sua origem. A III Internacional considerava "o pretexto de criar um estado judeu na Palestina, esse país onde os judeus formam uma minoria insignificante", como "o engano organizado pelas potências imperialistas com a cumplicidade das classes privilegiadas dos países oprimidos" (2º Congresso, 1920).

Desde a aparição mesma desse ameaçador movimento para o marxismo vale a seguinte definição:
"Estado judeu" = sionismo = racismo = fascismo

Israel, um "país" sionista, racista, fascista, invasor

A contrarrevolução imperialista sionista fascista conseguiu impor o "estado judeu" na Palestina em 1948. O surgimento de Israel nessas terras foi a culminação de largos anos de luta e resistência antiimperialista das massas árabes no Oriente Médio.

Entre as duas guerras mundiais se produziram numerosas insurreições contra os colonialistas britânicos e franceses. A Palestina, que estava sob o domínio inglês desde o fim da Primeira Guerra foi o foco dessas mobilizações, em particular entre os anos 1936 e 1939. Para esmagar as massas palestinas o imperialismo inglês teve que apelar à metade das tropas de seu exército, um dos mais poderosos do mundo. E contou também com a eficiente colaboração da sinistra Haganá, o exército "extraoficial" que haviam formado os sionistas para reprimir os palestinos durante a ocupação britânica. Nessa luta, milhares de palestinos foram mortos, detidos e condenados a forca ou sentenciados a larguíssimas penas de prisão. Em 1939, o heróico povo palestino se encontrava praticamente esmagado por esse banho de sangue. Isto facilitou a formação do "estado judeu", Israel, em 1948.

A população palestina nativa foi despojada de suas terras e seus bens, de seu direitos democráticos nacionais e territoriais, pela força militar das tropas britânicas e as bandas paramilitares sionistas deixando de lado os atritos conjunturais que se produziram entre sionistas e britânicos, com o apoio dos imperialismos frncês e norte-americano e a aprovação da sinistra burocracia soviética. A maior parte da população da Palestina foi obrigada a emigrar, a perambular como párias pelos distintos estados árabes da região, e a que ficou dentro das fronteiras do novo "país" sofre desde então não só uma tremenda superexploração, mas todas as consequências da legislação ferozmente racista que impera em Israel, só comparável a do "apartheid" sul-africano.

Israel não é um país qualquer, senão um engendro artificial, produto da contrarrevolução imperialista-fascista, um estado invasor, racista, cuja existência se assenta no massacre, no genocídio, na expropriação e a expulsão de suas terras da numerosa população da Palestina.

Os argentinos conhecemos muito bem um fenômeno semelhante ao de Israel: as ilhas Malvinas. Faz 134 anos, as tropas britânicas invadiram essa parte do território nacional argentino, impuseram pela força militar seu domínio e as transformaram em um enclave colonial. O imperialismo e os sionistas = racistas = fascistas israelenses fizeram o mesmo no território palestino, desde 1948. Com uma diferença que aumenta o crime: enquanto essa parte do território argentino estava desabitada, as terras sobre as quais se impôs o estado fascista estavam habitadas por milhões de pacíficos camponeses, em sua esmagadora maioria palestinos, que foram invadidos, massacrados e desalojados. Assim como as Malvinas – após a derrota da Guerra de 1982 – seguem sendo um enclave colonial britânico no território argentino, Israel é um país enclave, que se estabeleceu na perseguição sionista = racista = fascista da população nativa, os palestinos, seja dentro ou fora de Israel.

Recordemos companheiros: desde 1948, para os revolucionários vale a seguinte definição:
"estado judeu" = existência de Israel = enclave = genocídio

Voltaremos!, o grito de guerra dos palestinos

Ainda que a invasão imperialista sionista fascista triunfou em 1948, ao impor do Estado de Israel, desde então começou a guerra contra Israel, desde todas as massas árabes e dos palestinos em particular para voltar a suas terras e recuperar seus direitos. O fato de ter que enfrentar constantemente a agressão militar dos sionistas = fascistas israelenses provocada pela existência de Israel e por ter ficado sem terra, por ter-se transformado em uma nação sem território, que teve que sofrer inclusive não só os ataques diretos do imperialismo e dos israelenses, senão também de setores da burguesia e latifundiários árabes, levou a que sua luta se desenvolvesse quase exclusivamente no terreno militar, com os fedayines, os célebres combatentes contra o exército israelense, e com todo tipo de ações de sabotagem e atentados, tanto contra o imperialismo como contra os invasores sionistas.

Na década de 70 se formou a Organização para Liberação da Palestina, que se transformou na organização nucleadora de todos os palestinos despojados pelo imperialismo e Israel. A OLP encabeça desde então a guerra dos palestinos para voltar a sua terra. A resistência palestina se forjou e a OLP se fez grande e forte, até chegar a ser reconhecida mundialmente como a representação nacional do povo palestino, porque levantou a única solução democrática do "problema" palestino: a destruição do estado de Israel, para permitir que volte a suas terras a esmagadora maioria da população, os palestinos. No caso deste castigado povo, seu direito a autodeterminação nacional começa por recuperar as terras das quais foram brutalmente expulsos. Se se alcança o direito democrático dos palestinos a voltar, isso significa a desaparição do estado fascista = sionista, porque os palestinos são a indiscutível maioria. Democraticamente os palestinos poderão instaurar um "estado laico, democrático e não racista" (como diz a Carta Nacional da OLP), que será o único que poderá levar a paz à região e permitir que seus moradores muçulmanos, judeus e cristãos possa gozar de iguais direitos. A posição dos revolucionários é clara. Assim como desde seu surgimento combatíamos o sionismo por seu caráter racista-fascista, desde 1948 apoiamos incondicionalmente essa guerra que significa a luta democrática do povo palestino, e logo da OLP, por destruir Israel e voltar a seus territórios expropriados.

Recordemos companheiros:
Autodeterminação dos palestinos = destruição de Israel

A ala "democrática" dos fascistas

Israel, desde que existe, encorajou o desenvolvimento de uma ala do sionismo que criticasse as ações mais repugnantes do exército israelense, os genocídios mais escandalosos, os planos mais expansionistas dos diversos governos, com o objetivo preciso de que buscassem o apoio entre as organizações de esquerda e a opinião democrática dos distintos países ao reconhecimento do "estado judeu", fascista, racista, genocida, que dessem legitimidade à existência de Israel.

Esta ala "democrática" do sionismo, também conhecida como "de esquerda", ou "socialista", apela à seguinte falsificação argumental: no Oriente Médio havia "dois" povos que lutaram historicamente por sua libertação nacional, os palestinos e os "judeus". Estes últimos haviam dado um grande passo a partir da existência de Israel, seu "estado", que seria resultado do "triunfo do sionismo, o movimento de liberação do povo judeu". A diferença entre palestinos e "judeus" seria que aqueles não alcançaram seu triunfo, não tem estado, e os "judeus" sim. Aos palestinos lhes corresponde "também" ter seu estado e devem seguir sua luta, mas não deveriam fazê-lo "contra" Israel, senão "ao lado". Em ambos movimentos havia "ultras". De um lado, "maus governos" de Israel, que tem injustas ambições expansionistas. Do outro, a OLP, que não está lutando pela autodeterminação dos palestinos, mas é uma organização de "assassinos", "terroristas fanáticos", "fascistas", que combatem militarmente pessoas inocentes por trás de seu objetivo "racista" de destruir Israel.

Toda essa argumentação ameaçadoramente falsa, que está alimentada diretamente por Israel e por suas embaixadas nos distintos países e pelo imperialismo, tem um objetivo bem claro: disfarçar a tremenda injustiça, o crime contra democracia que significa a existência de Israel, e atingir a justa luta dos palestinos, tratando de que renunciem a recuperar o que democraticamente lhes corresponde, que renunciem a seus direitos de regressar às suas terras e que aceitem como um feito irreversível a existência do "país" dos invasores, Israel. Sua política se sintetiza na fórmula do "reconhecimento recíproco": que os palestinos aceitem o direito de Israel a existir como nação, renunciem a justa luta por sua destruição.

Isto sintetiza a essência do sionismo, que é sinônimo da existência de Israel. A ala "direita" se conforma com garantir sua existência com milhões de dólares que o imperialismo, em particular os EUA, injeta todos os anos na economia israelense para que sobreviva e com a força militar de seu exército. A ala "democrática" pretende adornar isso como consenso de setores democráticos e de "esquerda", e com um verniz "pró-palestino". Este é o matiz de diferença entre uma e outra ala do fascismo sionista. Por isso, companheiros, os revolucionários repudiamos a fórmula sionista do "reconhecimento recíproco".

11 de março de 1984