Palestina: Por que a guerra permanente?

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Por: Miguel Lamas (Izquierda Socialista-Argentina)

São anos que existe uma guerra interminável entre Israel e o povo palestino. Qual é a saída?

Houve planos e inclusive acordos de paz. Mas naufragaram um atrás de outro.
Esses planos se baseavam na ideia teórica de construir dois estados separados: Israel e Palestina. Yasser Arafat, dirigente da Organização para a Libertação de Palestina (OLP), aceitou esta ideia e assinou com Israel o tratado de Oslo em 1992. Arafat reconheceu a Israel e somente pediu um Estado palestino em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém representando somente 22% da Palestina histórica. Israel aceitou uma administração autônoma, sem soberania, sobre uma porção de Gaza e Cisjordânia, que se converteria no futuro estado. Grande parte do povo palestino aceitou este acordo desvantajoso porque pensava que assim conseguiria finalmente a paz.

Mas, na prática, o Estado de Israel jamais aceitou nenhum direito palestino a um Estado próprio, nem sequer nesses pequenos territórios. Depois desse acordo, enviou 400 mil colonos a Gaza e Cisjordânia, ocupando as melhores terras e ficando com 95% das fontes de água, se apropriando também de Jerusalém Este. Levantou um muro que está recortando os territórios habitados pelos palestinos lhes tirando 48% do que ainda lhes restava. Como se isso não bastasse, periodicamente Israel destrói suas fontes de água, os Olivares, bombardeia centrais elétricas e universidades, entre outros atropelos.

Sionismo: colonialismo imperialista

O sionismo nasceu como um movimento de extrema direita judeu no final do século XIX. Era muito minoritário entre os judeus. Mas chegou a um acordo com o imperialismo inglês para colonizar Palestina. Foi o imperialismo anglo ianque, e o genocídio nazista, o que lhe deu respaldo para concretizar seu objetivo colonialista. Centenas de milhares de judeus europeus sobreviventes do holocausto foram utilizados como bucha de canhão para dominar Oriente Médio esmagando o nacionalismo árabe. Propôs-se desde sua origem expulsar os palestinos. Em 1948, o ato de fundação do Estado de Israel foi a expulsão de quase um milhão de palestinos com métodos terroristas aplicados pelo Irgún, a organização para militar sionista.

Atuando como gendarme dos imperialistas, em 1956, os israelenses, com apoio do Reino Unido e da França atacaram o Egito, que havia nacionalizado o canal de Suez e se apoderaram de parte de península do Sinai. Em 1967 deflagraram a guerra dos Seis Dias e terminaram de ocupar todo o Sinai, Gaza, Cisjordânia e as Colinas do Golã; na Síria expulsaram outros 500 mil palestinos para países vizinhos.

Em 1973, Israel atacou novamente, na chamada Guerra de Yom Kipur. Em 1978, invadiu o sul do Líbano. Em 1981, aviões israelenses bombardearam reatores nucleares iraquianos e também atacaram Beirute. Em 1982, Israel massacrou os acampamentos de refugiados palestinos no Líbano (Sabra e Chatila).

Israel é um enclave imperialista em Oriente Médio, como o foi o Estado do apartheid sul africano para África. Sua própria economia é artificial, baseada por um lado na desapropriação permanente dos árabes e na enorme ajuda econômica e militar norte americana. Israel desmoronaria em poucos meses sem o sustento dos ianques.

Estado terrorista e racista

Israel é um Estado com legislação racista e métodos terroristas para expulsar uma e outra vez os palestinos mais e mais longe de sua terra original, e inclusive ocupar partes de países vizinhos, como já o fez.

Como o expressa Danielle Bleitrach, professora universitária francesa de origem judaico “a única solução é suprimir o Estado de Israel, a entidade estatal que tão daninha está resultando para todos, para os palestinos, para Oriente Próximo, para os judeus da região e os de todo o mundo. Esse Estado, uma pura criação colonial, através da qual, desde suas origens até hoje os europeus e os ocidentais fazem pagar o genocídio nazista a estes povos de Oriente Próximo que não tem absolutamente nada a ver, é uma monstruosidade moral e política (www.rebelião.org).

Somente haverá paz com a destruição desse Estado (como foi destruído o Estado sul-africano racista branco do apartheid) para formar em todo o antigo território palestino – o que inclui o território que Israel atual considera seu, mais Gaza, Cisjordânia e Jerusalém – o que reclamava o programa histórico da OLP até os acordos de Oslo: uma Palestina laica, democrática e não racista, com direito ao retorno de milhões de refugiados palestinos, com devolução de suas terras, casas roubadas por Israel e plena cidadania. Isto significa um Estado no qual não exista supremacia racial nem religiosa, onde ateus, judeus, cristãos, islâmicos e outros credos convivam em igualdade de direitos culturais e políticos, onde sejam castigados os militares e políticos genocidas de Israel. Os palestinos, incluindo os de Gaza e Cisjordânia, mais os que retornem, seriam uma legítima maioria.