SAUDAÇÃO AO ENCONTRO NACIONAL DE "LA PROTESTA"

BOLIVIA |

Rio de Janeiro/Brasil – 09 de fevereiro de 2012

Ao Encontro Nacional de La Protesta

Prezados Companheiros/as

Com grande entusiasmo queremos saudar esse importante acontecimento político que significará o Primeiro Encontro Nacional de La Protesta. O mesmo estará se desenvolvendo no marco de uma importante crise econômica mundial que o imperialismo e seus governos nacionais capachos pretendem descarregar nas costas dos trabalhadores. Neste sentido, as resoluções deste Encontro serão de grande valia para os setores explorados.

Desde Brasil, acompanhamos o processo político que vive a Bolívia. Nesse sentido, na tentativa de aprofundar nosso entendimento e as nossas relações com os trabalhadores/as desse país, temos participamos de atividades conjuntas. Na gloriosa luta pelo TIPNIS, destacamos os companheiros/as Neide Solimões e Eduardo Magno, dois importantes dirigentes sindicais que se somaram aos momentos finais da Marcha. Por outra parte, recebemos a visita de dirigentes de La Protesta como foi o caso dos companheiros Carlos Rojas e Jaime Solares no encontro “Os desafios do sindicalismo na América Latina” organizado pela corrente sindical Unidos pra Lutar e a CST, e mais recentemente de Adolfo Moye no Seminário Internacional do PSOL.

Desse intercambio, do qual todos nos enriquecemos, constatamos que os trabalhadores e o povo pobre de nossos países têm objetivos de luta comuns e enfrentam inimigos muito parecidos. As heróicas “guerra do gás” e “da água” para impedir a desnacionalização das riquezas naturais apontam ao mesmo objetivo de nossa luta contra as privatizações, contra a construção de hidroelétricas como Belo Monte que afetará a vida de milhares de famílias ribeirinhas e pela nacionalização 100% da Petrobrás. A luta pela terra simbolizada na Marcha do TIPNIS se reproduz em nosso país pelos movimentos de trabalhadores sem terra. E as greves e mobilizações dos educadores, dos trabalhadores da saúde e dos mineiros contra as demissões, por melhores salários e condições de trabalho dignas, são as mesmas que protagonizam os assalariados brasileiros e que nestes dias se manifesta nas greves das polícias e dos bombeiros estaduais.

Enquanto ao inimigo que enfrentamos, um deles, é o mesmo de sempre: os patrões nacionais e as multinacionais. Infelizmente, nos últimos anos, as velhas e históricas direções do movimento têm traído nossas bandeiras de luta e se voltado contra elas colocando-se ao serviço dos banqueiros, dos latifundiários e das multinacionais. Com mais ou menos elementos, estes são os rasgos característicos atuais do PT e dos governos de Lula e Dilma. O mesmo concluímos em relação ao governo Evo Morales e seu partido, o MAS, que privilegiaram as relações com a velha oligarquia traindo bandeiras como a Agenda de Outubro e impedindo o avanço da luta dos trabalhadores, dos indígenas e dos camponeses por suas reivindicações históricas.

Nessas circunstancias, é altamente positivo que La Protesta, coincidentemente com recentes resoluções da COB e declarações de lideranças sociais, tenham adotado a importante decisão de construir um instrumento político da classe. Esse projeto é parte das mais urgentes tarefas frente à traição de Evo Morales e o MAS. Os fatos históricos colocam a Bolívia como o povo que mais mostras de ações heróicas e revolucionarias protagonizou em nosso continente. As derrubadas de presidentes, a revolução de 1952 derrotando até o exército burguês e os acontecimentos dos últimos anos, demonstram que a pesar da heróica disposição de luta, os trabalhadores bolivianos não conseguem derrotar de vez à burguesia e seus agentes pela falta de uma direção revolucionária.

A luta pela liberação nacional e social na Bolívia exige a concretização da Agenda de Outubro e de outras Agendas populares, operárias, indígenas e camponesas que La Protesta adota como parte de seu programa, é a única forma de avançar nas conquistas do povo pobre e trabalhador. Apoiamos este Encontro Nacional de La Protesta, porque será, junto com outras organizações e lideranças sociais, uma das partes que ajudará a desenvolver uma nova direção revolucionaria. Fraternalmente, e com o mesmo espírito internacionalista com que se está construindo La Protesta, nos colocamos à disposição da construção deste importante projeto na convicção de que os avanços dos trabalhadores bolivianos serão nossos próprios avanços.

Viva a luta do povo trabalhador boliviano!

Vivam as lutas da classe trabalhadora latino-americana e mundial!

Viva La Protesta!

Viva la UIT!

Coordenação Nacional da CST – Corrente Socialista dos Trabalhadores

Corrente Interna do PSOL – seção brasileira da UIT-CI