SOLIDARIEDADE COM O LUTADOR COLOMBIANO PEREZ BECERRA ENTREGUE POR HUGO CHAVEZ AO REGIME GENOCIDA DO PRESIDENTE SANTOS

| CST PSOL

Rio de Janeiro, 27 de Abril de 2011
Companheiros do Diretório Nacional do PSOL:
Achamos necessário que esta reunião do DN se pronuncie claramente contra a entrega ao Presidente Santos da Colômbia, de um lutador social –Joaquin Perez Becerra – realizada pelo Presidente venezuelano Hugo Chávez.
Após dois dias detido arbitrariamente na sede da polícia política venezuelana, onde permaneceu incomunicado, o refugiado político de origem colombiana, Joaquin Pérez Becerra foi entregue na segunda feira pelo presidente Chávez às autoridades do regime colombiano. Trata-se de uma aberrante violação contra os direitos humanos de Perez Becerra, quem foi obrigado a se exilar para escapar da campanha de extermínio praticada pelo Estado colombiano contra a União Patriótica (UP) na década de 80’, genocídio que provocou a morte de mais de quatro mil ativistas dessa organização, incluindo a esposa de Pérez Becerra.
Esta ação do governo venezuelano demonstra com absoluta clareza seu caráter antidemocrático e seu falso discurso anti-imperialista, assim como a magnitude do sinistro pacto entre Chávez e Manuel Santos, que inclui cooperação militar e de inteligência entre os dois países. Por esta cooperação o governo venezuelano entregou ao regime colombiano, de forma rápida e sem cumprir com os requisitos da lei, a mais de oito pessoas perseguidas pela sua presumida vinculação com a insurgência colombiana, nestes poucos meses de 2011. No caso de Pérez Becerra, trata-se de um dos dois únicos prefeitos eleitos da UP que sobreviveram ao genocídio político. O próprio presidente Santos explicou que se comunicou telefonicamente com Chávez para lhe solicitar o pedido e que o presidente venezuelano não “titubeou” para responder afirmativamente ao pedido que efetivamente executou. Mas também, Santos delatou a natureza antidemocrática da perseguição contra Pérez ao colocar que sua captura era uma resposta à “campanha de propaganda ruim contra Colômbia” que ele realizava na Europa pelas suas denuncias sobre violações aos direitos humanos.
Não é nenhuma surpresa que o regime colombiano persiga toda forma de dissidência ou oposição. E Chávez, em que pese ao zigue zague de seu discurso com coloridas frases contra o que chama de “império” na prática virou um solícito colaborador do imperialismo, como o demonstra sua relação com seu “novo melhor amigo” Juan Manuel Santos.
Faz menos de duas semanas, Chávez reuniu-se em Cartagena com o presidente colombiano e com o hondurenho Porfírio Lobo, para acordar uma política comum em direção a obter o reconhecimento internacional do regime surgido do golpe de 2009 em Honduras. Em resposta aos seus serviços militares e de “Inteligência contra-insurgente” Chávez obteve das autoridades colombianas a extradição de um narcotraficante estreitamente vinculado ao PSUV, Walid Makled, a quem inclusive o governo Chávez entregou uma concessão para a administração portuária em Porto Cabello. Desta forma, os direitos humanos se convertem em uma categoria que pode ser fruto de “trocas” pela diplomacia “bolivariana”.
Por estas razões, é necessário realizar uma ampla campanha de pronunciamentos e exigências, como já está sendo feita por numerosas organizações e personalidades políticas, democráticas e intelectuais, exigindo que Pérez seja repatriado a Suécia, país da sua residência e do qual ele é cidadão, e exigindo o fim do terrorismo de Estado na Colômbia, cujas vítimas entre assassinados e desaparecidos são já de dezenas de milhares.
Mas por sua vez, é necessária também repudiar a política de Chávez de colaboração com o imperialismo exigindo que cessem as entregas ilegais de pessoas às autoridades colombianas e que seja respeitado o direito ao asilo político.
Acompanhamos este texto, com uma seleção e textos que circulam nas redes denunciando a ação do governo Chávez e em solidariedade com Pérez Becerra.
Babá – Silvia Santos – Michel Oliveira – Douglas Diniz Fernandes – Welington Cabral – Membros do Diretório nacional do PSOL –