Abaixo Kadafi! Não a intervenção militar imperialista!

Declaração UIT-CI 10/03/11 | www.uit-ci.org / tradução: Caio Dorsa

Armas para o povo rebelde líbio!

A luta do povo líbio para derrubar Kadafi segue de pé em que pese à ação criminosa dos bombardeios da aviação leais ao ditador. A insurreição popular e a resistência do assassino Kadafi transformaram a luta em uma guerra civil aberta.

Os socialistas revolucionários estão incondicionalmente, na trincheira do povo rebelde líbio, que pegou em armas para levar a luta até o final, que é a queda de Kadafi.

A insurreição popular, que conseguiu dividir os militares e tomar os quartéis, esta armada e controla grande parte do país, em especial as cidades do leste a onde estão os poços petroleiros, com a única exceção de Trípoli e seus arredores. Na ultima semana Kadafi lançou uma contra-ofensiva criminosa bombardeando massivamente o povo e os poços petroleiros. Mas não conseguiu quebrar as forças revolucionarias nem retomar o controle salvo alguns pequenos povoados.

A batalha central esta no porto de Ras Lanuf. Também há combates em Zawira, à somente 50 Km de Trípoli, onde os rebeldes estão sitiados mas não foram derrotados. De um lado luta o povo em armas, milhares de milicianos apoiados por um setor de militares que romperam com o ditador e do outro lado, os restos das forças armadas que estão ao lado de Kadafi e contam com bombardeiros, Helicópteros e uma força de tanques e artilharia pesada, mas com uma tropa com a moral debilitada. Por isso, o seu centro é bombardear os combatentes ou usar tanques e morteiros.

A força do povo em armas é sua heroicidade, sua moral, seu numero, e sua vontade de derrotar o ditador.

Não a intervenção militar e política da ONU e da OTAN.

O imperialismo, em especial os EUA e a União Européia, querem aproveitar esta situação de guerra civil e dos bombardeios criminosos de Kadafi, para falar de direitos humanos e de democracia, e tentar uma intervenção militar via “Forças de Paz” da ONU.

Assim fizeram em outros conflitos como o que ocorreu nos Bálcãs e em especial na Bósnia. Sabem que não vai ser fácil a tentativa e que, por enquanto, tem o rechaço dos rebeldes líbios. Justamente, o imperialismo que vem sofrendo política e militarmente derrota atrás de derrota nos países árabes quer aproveitar o conflito indefinido na Líbia para ver se conseguem criar uma linha de retaguarda no Norte da África, que acaba de perder com as revoluções triunfantes da Tunísia e Egito.

Tem que se rechaçar de imediato qualquer tentativa de intervenção militar da ONU e da OTAN. Iria contra a causa do povo líbio e tenderia ao objetivo imperialista de contra-arrestar suas derrotas e tratar de evitar que o contagio revolucionário se estenda para a Arábia Saudita ou Jordânia. O que querem não é democracia e nem acabar com ditadores, senão evitar que triunfe outra revolução popular e que percam o controle do petróleo líbio que Kadafi garantia.

Kadafi, com apoio de Fidel Castro e Chávez, apela ao imperialismo para salvar sua pele.

O próprio Kadafi apela para seus acordos com o imperialismo e as multinacionais do petróleo para pedir que “não o abandonem” porque senão virá a Al Qaeda!

Kadafi disse que esta lutando contra a Al Qaeda, diz que é a vanguarda da “guerra contra o terrorismo islâmico” que foi “abandonada pelos EUA e Europa”. Com isso, Kadafi proclama ser a única barreira para que a Europa não seja invadida por uma onda de imigrantes da África:
“Líbia joga um papel vital para a paz na região e no mundo inteiro”, declarou Kadafi ao canal TV France 4 (07/03/11). “Somos um importante sócio na luta contra a Al Qaeda”, e acrescentou: “Há milhões de negros que poderiam chegar ao Mediterrâneo e ir para a França e Itália, caso a Líbia deixe de garantir a segurança”.

Fidel Castro e Hugo Chávez, descaradamente, apóiam esta postura do ditador líbio. E encabeçados por Chávez pedem um Comitê de Paz, ou seja, uma intervenção estrangeira para salvar a Kadafi. Assim, Castro e Chávez fazem o mesmo jogo do imperialismo e se enfrentam contra um povo levantado em armas. A paz que querem Chávez e Castro é a paz dos cemitérios, a mesma paz que deseja o imperialismo para seguir os seus saques. Chávez teve o descaro de dizer “que não lhe consta que Kadafi reprima o povo com bombardeios” e que não vai deixar “o seu amigo sozinho”. Até o correspondente da Telesur, canal financiado pela ALBA, disse que o povo líbio não entende como Chávez apóia o ditador e não a eles. Isto tem um nome: traição, ao povo líbio que se levantou em armas como parte do processo revolucionário de todos os países árabes.

Abaixo Kadafi! Armas e voluntários para apoiar o povo líbio!

A batalha política e militar esta em curso e existe o problema crucial para o povo rebelde líbio: a necessidade de mais armamentos, apetrechos, apoio aéreo e armamento pesado antiaéreo, mísseis, etc. O imperialismo joga com esta necessidade para pressionar os rebeldes para “pedirem” uma intervenção da ONU. Qualquer intervenção imperialista, disfarçada de força de paz, se converte em um bumerangue contra o povo líbio.

Por isso é essencial que a solidariedade internacional tome também o tema militar como parte essencial para o triunfo da revolução líbia. E nisto é chave a mobilização dos povos árabes, em especial o exigir a seus governos que enviem imediatamente todo o armamento que precise a frente rebelde. É urgente que o povo, os trabalhadores e a juventude do Egito, que acabam de derrotar a Mubarak, exijam a seus governos que entregue aviões, canhões antiaéreos, tanques, armas e munições, e que autorize o envio aberto de milhares de militares e civis voluntários para combater junto ao povo líbio. Existem informações de que aeronaves de propriedade de Kadafi com funcionários de seu governo, viajaram em direção ao Cairo supostamente para conversar com a cúpula do exército egípcio. Nada para o ditador assassino! Tudo para os combatentes do povo líbio. Que também os trabalhadores do povo tunisiano exijam o mesmo de seu governo e que abram as fronteiras para enviar armas e combatentes voluntários.

Os trabalhadores portuários dos países árabes e dos países do mediterrâneo europeu devem se somar a causa do povo líbio abastecendo os barcos que vão com alimentos e apetrechos militares para a resistência e boicotando qualquer envio com destino ao ditador Kadafi. Hoje, mais do que nunca, há que redobrar a mobilização mundial em apoio ao heróico povo combatente líbio para acabar com Kadafi e sua ditadura assassina.

Abaixo Kadafi!

Não a intervenção militar imperialista na Líbia!

Sim para as armas e voluntários de povos árabes!

Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)
10 de março de 2011