| Nota da CST

O reajuste salarial dos parlamentares é imoral!

No dia 15 de dezembro, em uma votação relâmpago, a Câmara Federal reajustou os salários dossenadores, deputados federais, ministros de Estado e do presidente da República e do vice-presidente para R$ 26.700. Esta proposta terá efeito cascata nas
assembléias legislativas estaduais e nas câmaras municipais de todo o país, que tem seus salários vinculados aos parlamentares federais.  O PSOL foi o único partido que votou contrário a este aumento, que representa uma afronta aosalário do povo brasileiro.

Veja que canalhice, enquanto os parlamentares votam seus próprios aumentos salariais em valores que variam entre 61,8%, 133,9% e 148,6%, votam reajustar o salário mínimo em míseros 6%, passando dos atuais R$ 510 para R$ 540.

O aumento dosalário dos políticos demonstra que não há necessidades do ajuste fiscal
proposto Dilma. Há dinheiro, porem ele vai parar no bolso dos corruptos ou escorre pelo ralo do pagamento dos juros da dívida aos agiotas internacionais.

Em protestoa este escandaloso aumento, o bispo Manuel Edimilson da Cruz, de Limoeiro (CE), recusou a receber a comenda "Direitos Humanos Dom Helder Câmara" oferecida pelo Senado às autoridades que se destacaram em favor dos direitos humanos. "Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado, uma
afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho. É seu direito exigir justiça e equidade em se tratando de honorários e de salários também", afirmou o Bispo, e ainda defendeu que o salário dos deputadosdeveria ter seguido o reajuste do salário mínimo.

Segundo o IBGE, 21 milhões de brasileiros são miseráveis e vivem com R$ 127,50 por mês, e 7 milhões de trabalhadores e 19 milhões de aposentados vivem com apenas um
salário mínimo, ou seja, R$510,00. Os parlamentares, que absurdamente podem se aposentar com apenas 8 anos de mandato, ganharão a partir de 1 de fevereiro 52 vezes a mais que um salário mínimo. Para piorar, ainda há, por fora do salário centenas de regalias (auxílios, verbas de gabinete, etc) que juntas somam milhões aos cofres públicos.  

Este reajuste é imoral, ilegítimo e mais uma vez prova que este Congresso só legisla
em causa própria, é uma verdadeira afronta aos milhões de trabalhadores e trabalhadoras assalariadas em nosso país. O aumento dos parlamentares deve ser repudiado e todos os canalhas que votaram nesta odiosa proposta deveriam ter seus mandatos revogados pelo povo. Por isso defendemos uma verdadeira reforma política que, entre outras questões, defina que o reajuste dos salários dos parlamentares esteja vinculado ao aumento do salário mínimo, e que o valor de seus salários seja definido através de um plebiscito popular. Cabe a população decidir quanto deve ganhar um parlamentar, nós elegemos e deveríamos decidir sobre o valor dos salários.

Os estudantes de Brasília novamente mostram o caminho que devemos seguir para barrar esse aumento. Na tarde do dia 21 ocuparam o espelho d’água e o gramado em frente ao congresso nacional em protesto, retomando lutas vitoriosas como foi a derrubada do Reitor da UnB e em seguida a derrubada e prisão de Arruda .
Só derrotaremos a corrupção e os privilégios dos políticos se o povo trabalhador se mobilizar.

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2010.