Somos solidários aos petistas que não se curvam para Sarney e sua máfia!
| CST – PSOL – MA
Somos solidários aos petistas que não se curvam para Sarney e sua máfia!
A imposição da aliança com Roseana Sarney produziu uma forte resistência no PT do Maranhão. 50% do Partido é contra o sarneysmo da direção nacional. Isso explica a greve de fome do deputado Domingos Dutra, Teresinha Fernandes e de Manoel da Conceição. Este último é um dos lendários fundadores do PT.
Há uma grande bronca na base que se verificam em vigílias, notas públicas e pronunciamentos na assembléia legislativa.
A maioria dos petistas deseja votar contra Roseana (PMDB, Ex-DEM), utilizando a chapa de Flavio Dino (PC do B). Essa política foi deliberada no encontro estadual do Partido. A ala anti-sarney conseguiu maioria no encontro pois houve um racha no campo majoritário. Essa votação enfrentou a máquina da direção petista e o peso do aparato sarneysta, que tentou comprar o voto de delegados com cargos e ofertas de até R$ 40 mil.
No entanto, o diretório nacional do PT anulou o encontro. Não houve contestação da validade do evento. A decisão foi política, numa clara intervenção em favor da reeleição do clã Sarney, que reina no estado desde os anos 60 do século passado.
É importante ressaltar que o apoio desconsidera que o PT integrou uma frente que questionou a posse de Roseana Sarney após a justiça determinar a cassação de Jackson Lago do PDT. O governo atual é ilegítimo, pois deveriam ter ocorrido novas eleições no estado.
A direção destruiu a democracia interna
O desrespeito ao encontro de base do Maranhão, infelizmente não é um fato isolado. Em MG, por exemplo, o PT realizou uma previa com milhares de votantes, tendo como vencedor Fernando Pimentel, ex-prefeito de BH. No entanto, a direção do partido impôs a aliança com o PMDB. Isso motivou o descontentamento de muitos petistas e a desfiliação de Sandra Starling, uma das fundadoras do Partido.
Em Pernambuco, a participação no governo de Eduardo Campos, fez a direção dar um golpe no encontro estadual. A base aprovou moção condenando medida do governador do PSB, que reduz o salário dos trabalhadores na educação. No entanto, após algumas horas, no momento previsto para um ato político, o Encontro foi burocraticamente reinstalado e a decisão foi revogada por meio de uma ordem.
Agora no PT já não importa a decisão da base ou os direitos dos trabalhadores. O que realmente importa são os cálculos eleitorais.
Esse processo começou com o fim dos núcleos de base, passou pelo fim da escolha da direção nos encontros e culminou no desrespeito ao programa do congresso de Olinda substituído pela carta ao povo brasileiro, elaborada por fora das instâncias do PT. Um dos pontos altos desse giro autoritário, impondo as decisões de cima pra baixo, foram as expulsões de Heloisa Helena, Babá, Luciana Genro e João Fontes, em 2003. Nesse último caso, gerou a fundação do PSOL, aglutinando setores Petistas e da Esquerda que se negavam a abandonar a plataforma fundacional do PT. Nosso partido se orgulha de contar em suas fileiras com inúmeros dos ex-dirigentes do PT do RJ que enfrentaram a intervenção nacional de 1998, quando se cassou a candidatura própria para impor o acordo com Garotinho.
Em todo esse processo, infelizmente a direção do PT atua com a concordância de Lula e Dilma. Agora mesmo, Genoino, Ricardo Berzoini e Cândido Vaccarezza, lideram a ala pró-Sarney, em Brasília, contra Domingos Dutra e de Manoel da Conceição com apoio do presidente e sua candidata.
O PT é refém de Sarney
Em nível nacional o PT se tornou refém de Sarney e do PMDB. Lula, pessoalmente comandou a operação abafa, quando Sarney esteve prestes a cair da presidência do Senado, dando sobrevida ao sarneysmo. O apoio do PT no episódio dos atos secretos que incriminavam Sarney custou caro, pois a bancada do PT teve que acatar a linha ditada por Lula e perdeu Marina Silva e Fernando Arns.
A aliança com os Sarney é tão profunda, que no congresso nacional Roseana foi líder do governo do PT até 2009, antes de assumir o posto de governadora do MA.
O PT esta tão entregue ao PMDB que o partido de Sarney nem sequer tem que retribuir os apoios nos estados onde o PT está melhores condições. Em outros, como em SP, terra de Michel Temer, o vice de Dilma, o PMDB é diretamente pró-tucano.
O PT do Maranhão, ao coligar-se com o PMDB, vai revitalizar uma das piores oligarquias do país. Porém, o PT já fez isso anos atrás, em SP, na aliança com Maluf. Outro exemplo é o PA, onde a aliança com Jader Barbalho foi tão boa para o PMDB que eles discutem a possibilidade de lançar candidatura própria contra Ana Júlia.
O fim da democracia se explica pelo projeto político
No governo Lula aplica-se uma política privatista. O ministério da Agricultura é comandado pelo PMDB em favor do agronegócio. Na comunicação pretende-se privatizar os Correios, ao transformá-lo em Sociedade Anônima, sendo Helio Costa, do PMDB-MG, é um dos mais entusiastas defensores da Medida. Assim como o Ministro Jobim quer privatizar a Infraero. O Banco Central foi entregue para Henrique Meireles, ex-PSDB e hoje no PMDB. O giro do PT para a defesa desse projeto, que já foi aplicado pelo PSDB/PMDB, impõe o autoritarismo da direção. Toda metodologia de condução partidária está sempre vinculada a uma política e a um programa.
Não se trata de problema causado pela coalização com o PMDB como dizem setores do PT. Ministérios comandados por Petistas aplicam medidas semelhantes às de FHC. Paulo Bernardo, no MPOG, com o PL 549, pretende impor congelamento salarial por 10 anos aos servidores. A coalização com o PMDB somente é possível porque o PT mudou completamente seu programa, em muitos casos chocando-se com sua antiga base social. O deputado Domingos Dutra, em discurso emocionado, fala das dificuldades de votar 100% com o governo, pois diz que todo dia recebe “mensagem dos aposentados me esculhambando, porque votei no fator previdenciário”. O fator previdenciário criado por FHC/PSDB, com o qual hoje o PT e Lula hoje concordam. Hoje, seguir no PT significa votar, continuamente, em projetos tucanos.
O outro fator é a conversão do PT ao jogo do Poder e sua integração as instituições do Regime. Um dos únicos argumentos da ala majoritária para impor a coligação com Roseana, são os 2 milhões de votos que Dilma poderia conseguir colando-se na família Sarney no Maranhão. Nada diferente do velho toma-lá-dá-cá da política tradicional. Anteriormente vimos que o PT se enrolou no primeiro mandato com o esquema de compra de votos para garantir a aprovação de seus projetos no Congresso nacional. Esse processo, denunciado em 2005, gerou uma segunda onda de rupturas com o PT que entrou no PSOL.
As movimentações da direção são para enterrar o PT, consolidado Lula como uma figura acima dos partidos, esperando a eleição de 2014. Uma coisa eles já conseguiram: enterrar as bandeiras históricas e a metodologia do PT dos anos 1980. A direção do PT segue os mesmo passos do PMDB, que nasceu com uma cara combativa e terminou sendo o sustentáculo regional de todos os partidos que ocupam o palácio do planalto. A diferença é que o PT quer manter o poder central aliando-se com quem quer que seja nos estados.
Unidos contra o governo dos Sarney!
Em primeiro lugar apoiamos todas as lutas travadas pelos companheiros do PT que não se curvam a esse processo. Discordamos de setores do PT que são contra a greve de fome ou do que dizem que a decisão do diretório nacional é “juridicamente legitima”. Na prática uma posição como essa leva a uma rendição. Sabemos que a situação é difícil, pois a direção do partido empurra para fora todos os que pensam diferente. No momento a ala anti-Sarney sofre um processo camuflado de expulsão e seus direitos democráticos são retirados. Em todo o país os petistas que não se curvam estão sendo pisoteados pela direção. Sem dúvida, a mobilização da base maranhenses juntamente com a greve de fome das lideranças arrancou o direito de fazer campanha para Flavio Dino, apesar da coligação com Roseana. No entanto a polarização interna ainda seguirá, pois o PT se divide em dois grupos divergentes no estado.
Do ponto de vista das eleições em nosso estado, o PC do B, colhe os resultados da eleição passada, onde encabeçou a chapa que foi ao segundo turno na capital. Flavio Dino capitaliza hoje o descontentamento contra os Sarney. De nossa parte chamamos atenção para o fato de que o PC do B já esteve no governo de Roseana Sarney sem nenhum constrangimento político ou ideológico. Além disso, o PC do B foi um dos partidos que mais defendeu Sarney durante a crise do senado. Por isso, no MA, o PSOL esta fazendo esforços para que se concretize uma frente de esquerda com PSTU e PCB.
O PSOL nasceu com a convicção de que era necessário e possível construir uma esquerda socialista e democrática, como uma trincheira a todos os que querem lutar. Sabemos que o PSOL estará aberto a um dialogo assim que os companheiros, que hora se encontram em uma dura batalha, julgarem que é o momento apropriado. Sabemos que o PSOL estará de portas abertas, caso os companheiros que já saíram do PT decidam construir outra alternativa a esquerda do governo Lula.
Em nível nacional sabemos que os companheiros ainda seguem com Dilma e que estaremos separados no processo eleitoral, pois nós do PSOL vamos com Plínio de Arruda Sampaio, histórico defensor da Reforma Agrária. De todas as formas, desde agora, propomos uma agenda comum de debates sobre o futuro da esquerda no Maranhão e nos demais estados.
Por outro lado, há uma grande probabilidade de que Roseana, com a máquina nas mãos, garanta sua reeleição. Esperamos que nesse cenário, possamos estar juntos combatendo de forma classista, nas ruas, juntos, mais um possível mandato sarneysta.
CST-Maranhão.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – Tendência interna do PSOL/MA
Contato: Denise Albuquerque – Executiva Estadual do PSOL MA, Fone: 98 – 88042811