Estudantes ocupam gabinete outra vez
A vespera de um ano da ocupação da Reitoria, eles apresentaram novo documento de reivindicações. | Camila Rabelo da Secretaria de Comunicação da UnB
Os mesmos gritos de guerra ouvidos durante a ocupação da Reitoria, em 2008, impulsionaram cerca de 50 estudantes a subirem a rampa do prédio na manhã de quinta-feira, 2 de abril. À véspera de completar um ano do movimento que levou à renúncia do reitor Timothy Mulholland, eles reivindicaram o atendimento das demandas apresentadas na época. Traziam o documento original, escrito à mão, das pautas elaboradas pelo grupo e assinadas pelo reitor pro tempore Roberto Aguiar.
“Queremos garantir os termos assinados ao fim da ocupação, muitos não sairam do papel”, afirmou Luíza Oliveira, aluna do curso de Ciências Sociais da UnB e integrante da última gestão do Diretório Central dos Estudantes. Ela e os demais alunos que participaram da mobilização foram recebidos pelo reitor José Geraldo de Sousa Jr. na rampa da Reitoria. José Geraldo caminhou com os jovens até o topo do prédio e, ali mesmo, na subida, em um alto-falante, todos expuseram suas demandas. "Eu ocupei a Reitoria, educação não é mercadoria", gritavam.
REIVINDICAÇÕES – A maior parte das reclamações fazia referência à infraestrutura dos campi do Gama, Ceilândia e Planaltina. Os dois primeiros funcionam em espaços provisórios. “Até hoje não temos um restaurante universitário”, reclamou Bruno Leandro, do 2º semestre de Gestão Ambiental da UnB Planaltina. “Em Ceilândia falta sala de aula, laboratórios, as dificuldades são muitas. Defendemos a expansão, mas uma expansão de qualidade”, disse Fábio Felix, do Serviço Social e coordenador-geral da última gestão do DCE.
Também foram apresentados os problemas na Casa do Estudante Universitário. A construção de um novo prédio estava no documento assinado ao fim da ocupação e as obras ainda não começaram. O espaço passará por reforma neste semestre. Em resposta aos alunos, o reitor disse que a gestão trabalha para a implementação das demandas colocadas. “Recebemos as reivindicações da Associação dos Moradores da CEU, colocamos no plano de possibilidades e muitos dos pontos estão sujeitos a concretização”, afirmou.
José Geraldo reforçou o funcionamento democrático da instituição e o papel dos conselhos administrativos. “A cada dia, preciso disputar, apresentar meus argumentos, convencer. Não tenho garantia de vitória. E o mesmo se aplica aos movimentos. O importante é não perdermos a disposição para o diálogo. O nosso problema não é divergência”, enfatizou.
SAUDADE DA OCUPAÇÃO – Relembrando a ocupação da UnB em 2008, o reitor convidou os estudantes a irem até o gabinete. “Que este seja um ato de celebração e de reivindicação política, da mobilização contínua dos estudantes, que não deve esmorecer”, ressaltou. Ao entrarem no local, os universitários lembraram momentos do episódio. “Dois alunos dormiram nesse sofá”, contou um. “Estou até com saudades”, falou outro.
No encontro, o grupo elaborou, à mão, um documento com 16 reivindicações. Muitos termos repetem as demandas do fim da ocupação, outros fazem referência a problemas recentes da expansão. “Quantas vezes temos de entregar as mesmas pautas, com os mesmos pontos?”, questionou Catharina Lincoln, que participou ativamente dos 15 dias de mobilização em 2008. Reitor e estudantes marcaram para o dia 15 de abril audiência pública com todos os alunos para discutirem as demandas apresentadas. Ainda não está definido o local e horário do encontro.
A mobilização dos 50 estudantes começou na entrada do Minhocão Norte, às 12h, por iniciativa do coletivo Apenas Começamos, que reúne cerca de 30 alunos da UnB. Muitos dos participantes eram da última gestão do DCE. O grupo pretende montar uma chapa para concorrer ao diretório esse ano. Um segundo coletivo, ainda sem nome, composto por outros 30 estudantes, aproximadamente, também se mobiliza para concorrer ao pleito. As eleições serão nos dias 5 e 6 de maio.