A cena de homens e mulheres correndo com alimentos nos braços acontecida nos saques a um supermercado em Inhaúma, bairro da periferia do Rio de Janeiro, é um triste símbolo da crítica situação que vive a classe trabalhadora e o povo pobre. O desespero das famílias de não poder fazer um almoço no feriado de pascoas ou não conseguir comprar nem uma bala de chocolate para as crianças é o retrato da pobreza e miséria de um país onde presidente, governadores e prefeitos só governam para enriquecer banqueiros e fazendeiros.
Os preços continuam subindo e o salário continua desfasado. Ninguém chega ao fim do mês e as dívidas das famílias trabalhadoras se acumulam. Diversas lutas por reajuste salarial são a resposta à criminosa política de ajuste dos governos. Os Servidores públicos federais demandam 19,99% e vão paralisar e mobilizar o dia 28/4. Os trabalhadores do INSSS estão há vinte dias em greve. Os educadores municipais de Belém (PA) e São Luiz (MA) continuam em luta. Até o fechamento deste jornal os operários da CSN continuavam lutando após demissões e represálias da patronal. A greve da educação de MG terminou com um reajuste, demostrando que o único caminho para conseguir aumentos é a organização e luta da nossa classe.
O discurso das principais centrais CUT e CTB, assim como dos partidos PT e PC do B de que a saída para a crise é esperar as eleições outubro para votar Lula e voltar a ser feliz, não resolve a fome e miséria atual. É necessário que as direções das maiores centrais, confederações e sindicatos parem de vociferar discursos para semear falsas ilusões e organizem e convoquem jornadas unificadas de luta para enfrentar agora o ajuste que o Bolsonaro continua implementando. O FONASEFE está chamando uma jornada de luta unificada para o dia 28/4. Temos que unificar todas as lutas, precisamos retomar a unidade nas ruas pelo Fora Bolsonaro e Mourão.
As centrais também estão organizando o 1º de maio. Esta data pertence aos trabalhadores. Por isso, não queremos que representantes das frentes amplas com o empresariado e as patronais utilizem os palcos para sua campanha eleitoral. O 1º de maio deve ser dos trabalhadores para expressar suas lutas, a solidariedade com elas, e organizar a unidade para lutar por um programa de emergência para a crise.
Nesse sentido, é importante que a CSP-Conlutas, o Povo na rua, o MTST, o PSOL, a UP, o PCB, o PSTU, o Polo Socialista convoquem para um 1º de maio sem patrões, no caminho de construir uma frente de esquerda socialista, que se apresente com uma alternativa política de classe levantando um programa que aponte: não pagar a dívida pública ilegítima e taxar os ricos para investir esse dinheiro em salário, emprego, saúde, moradia e educação, revogar todas as contrarreformas, estatizar os serviços públicos privatizados. Organizar a luta contra o racismo, machismo e lgtbfobia. Este programa somente pode ser efetivado por um governo dos trabalhadores que se enfrente ao capitalismo no rumo de construir um Brasil socialista.